Incentivo às transformações positivas

Oficina forma rede de gestores, empresas e ONGs pró-mudanças 

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  • Priscila Natividade

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

Esperança para fazer diferença e promover as mudanças necessárias para o desenvolvimento da cidade em conjunto. Este foi o compromisso assumido por empresários, representantes do poder público, entidades e organizações governamentais que participaram das oficinas para gestores que aconteceram durante a programação do Agenda Bahia, na quarta, 30.

Estimulado pelo co-lider do Sistema B Brasil (Empresas B) e tecelão de redes de organizações de impacto positivo, Tomás de Lara, o evento motivou a criação de uma rede de engajamento para discutir os caminhos para tornar Salvador mais sustentável.

Para isso é preciso colocar várias mãos na massa. “Se todas estas organizações se juntarem, o coletivo é capaz de gerar uma força de transformação positiva para a cidade de Salvador. Nós acabamos de plantar esta semente aqui também”, disse Lara.

Durante a oficina, o especialista trouxe experiências do Projeto Cidades B+ que estão sendo desenvolvidas em Nova Iorque, Rio de Janeiro, Santiago (Chile) e Medellín (Colômbia). A iniciativa que propõe a atuação conjunta deve se expandir não só para Salvador, mas também para São Paulo, Curitiba (PR).

“O objetivo do Cidade +B é fazer a articulação multisetorial entre diferentes agentes econômicos para que juntos possam desenvolver um plano de melhoria de forma colaborativa”, explicou. Empresários e representantes de entidades governamentais aproveitaram as orientações de Tomás de Lara para ter ideias de novos projetos e negócios Estímulo

Quando começou a ministrar a oficina, Lara aplicou um exercício com o objetivo de despertar a atenção plena dos participantes: ficar em silêncio, respirar fundo e, ao tocar o sino iniciar as discussões com perspectiva no foco prático e de ideias possíveis.

A fórmula funcionou. Débora Santa Fé, arquiteta e consultora da organização não-governamental Movimento Empresarial Sul da Bahia em Ação (Mesb) saiu da oficina cheia de ideias para por em prática na sua cidade, Itabuna.

“Nossa ONG está focada em promover e provocar o desenvolvimento sustentável na nossa cidade e região. Foi muito aprendizado, muito conhecimento. Nós vamos voltar para o nosso humilde município renovados”.

A entidade está desenvolvendo um Termo de Referência para contratar uma empresa que vai fazer o plano de mobilidade e a Revisão do Plano Diretor. “Muita esperança em fazer diferente e, com certeza, a gente vai construir várias parcerias a partir desse encontro, buscando esse desenvolvimento sustentável”.

A oficina também inspirou a prefeitura de Simões Filho. Segundo o superintendente de Modernização Administrativa, Eduardo Souza ,o tema será levado aos empresários da cidade. “Estamos organizando um fórum de oportunidades, em novembro, e já cogitamos a possibilidade de tratar o tema.

Hoje foi um momento de sensibilização”. Chefe da Secretaria de Cidade Sustentável de Salvador, André Fraga, que também acompanhou o evento, defendeu que, para funcionar, o movimento precisa ser, de fato, coletivo, sobretudo, para reverter um dos maiores problemas da cidade que é a desigualdade.

“A Prefeitura tem todo interesse nesse movimento em que a sociedade de forma geral possa se articular e construir, pavimentar esse caminho. Mas com uma gestão horizontal, colaborativa”.

Boas ideias

O colaborador do Grupo de Defesa e Promoção Socioambiental Gérmen, Luiz Henrique Martins é outro apoiador interessado em fomentar esta proposta compartilhada . “Para fazer diferente precisamos integrar toda cadeia. Estamos falando de um movimento de mudança de cultura, mudança de mentalidade”.

A consultora da Ser, Marilu Cunha, garantiu a contribuição da entidadena construção de projeto para aumentar as ações de sustentabilidade em Salvador. Junto com a Ama Chocolates, as duas são as únicas empresas certificadas pelo selo Empresas B na Bahia, que reconhece empreendimentos com boas práticas socioambientais.

“A gente está puxando esse assunto do Cidade +B e está participando amanhã de um encontro com a Prefeitura, quando o nosso papel vai ser trazer a nossa expertise como uma empresa B certificada. Sem dúvida estaremos juntos apoiando o projeto, caso a gente consiga unir todos esses esforços”, falou.

Para a coordenadora do Centro Interdisciplinar de Gestão Social e Desenvolvimento Territorial da Ufba, Tânia Fisher, é possível trazer esta experiência para Salvador. “Temos diferentes culturas. É preciso desenvolver uma estratégia de formação integrada, dialogar entre estas experiências levando em consideração as escalas de cidade, bairro e região”. 

Sistema DOTS 

A segunda oficina para gestores no Agenda Bahia tocou em outro tema que muito tem a contribuir com o desenvolvimento sustentável: a mobilidade urbana. Comandada pelo diretor do World Resources Institute (WRI) Brasil para Cidades Sustentáveis, Luis Antonio Lindau, a palestra tratou justamente de como operacionalizar estes recursos necessários para a melhoria do sistema.

Durante sua exposição, Lindau explicou o conceito e a viabilização do DOTS, sigla para Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável. “É preciso achar um mecanismo de financiamento e contar com a participação da iniciativa privada na implantação de toda operação”, afirmou. 

O diretor de Planejamento de Transportes da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), Eduardo Leite, acompanhou a oficina e vê no DOTS uma das ferramentas para captar recursos durante o processo de elaboração do Plano de Mobilidade da cidade. “Eventos como este e novos mecanismos para financiar estas ideias nos ajudam nesta fase. O DOTS é mais um caminho a ser considerado no plano”, disse.