Inquérito sobre mortes em Pedrão há um ano não aponta suspeitos

Polícia também não define se filhos do traficante Robin estavam no carro com o pais

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de abril de 2018 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

O inquérito policial das investigações sobre a morte de Robson Luiz Gomes Lima, o Robin, apontado pela polícia como um dos gerente da Katiara no bairro de Valéria, em Salvador, da esposa dele, Juliana Conceição do Nascimento, 23 anos, e o motorista Danilo Luiz Araújo, Souza, 24, em Pedrão, no Centro-Norte da Bahia, foi encaminhado ao Ministério Público Estadual (MP-BA) em outubro do ano passado. O crime, que completa um ano neste sábado (28), foi investigado na época pelo delegado Henrique Moraes.

Mas o documento, que chegou à Comarca de Irará, no Centro-Norte da Bahia, não define um dos pontos mais angustiantes para a família: se as crianças Sofia, de 1 ano e quatro meses, e Luna Morena, de 5, filhas de Robson e Juliana, estavam ou não no carro em que os pais e o motorista foram mortos. Desde a morte dos pais e do motorista, elas desapareceram. 

O entendimento do delegado foi baseado nos laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT). “São vários laudos e tem algumas perícias inconclusivas. Em relação ao sangue, não deu para concluir se as crianças estavam dentro do carro, só aponta o sangue de três pessoas”, disse o delegado ao CORREIO, sem revelar o nome das três pessoas. Ele trabalha hoje em Catu.

O inquérito foi para o MP-BA também sem indicativo de suspeitos.“Caberá ao promotor decidir pelo arquivamento ou pedir novas diligências. Não foi possível encontrar autores. Não havia testemunhas. O inquérito seguiu com autoria indefinida”, declarou o delegado.Ele disse que interrogou dez pessoas, todos vizinhos - o mais próximo mora a 200 metros do local do crime. “Intimamos todo mundo que morava perto, mas ninguém viu nada. O local é ermo. Era noite, zona rural, tudo fazenda, a pessoa mais próxima disse que só ouviu os disparos”, comentou.

Perguntado sobre detalhes do inquérito, como se a perícia encontrou brinquedos e outros objetos das meninas, o delegado Henrique Morais informou que pelo menos cinco pessoas participaram da execução. “Foram vários disparos de calibres diferentes. No mínimo cinco pessoas participaram do crime por conta dos tipos de calibre, um deles ponto 40, presume-se”, afirmou.

O CORREIO procurou o MP-BA por email e por telefone a fim de entrevistar o promotor responsável pelo caso – para saber se as investigações irão continuar ou não –, mas não obteve resposta.

O Departamento de Perícia Técnica (DPT) também foi procurado. O CORREIO pediu informações sobre a perícia do crime, a presença das crianças no carro, objetos encontrados e exames feitos. Por meio da assessoria, o DPT informou que o assunto seria tratado com a comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) que, por sua vez, não respondeu ao pedido.

Katiara De acordo com informações da polícia baiana, Robson Luiz Gomes Lima, o Robin, era um dos gerentes de distribuição de drogas da facção Katiara no bairro de Valéria, em Salvador. “Dizem por aí que meu filho era traficante. A gente não manda quando o filho está adulto, já independente. Mas, as minhas netas eram crianças, não tinham nada a ver com isso”, declarou seu Roberto Luiz do Rosário Lima, 62 anos, pai de Robson.

Com a morte de Robson, o traficante identificado como Marcelo, o Desenho, assumiu o posto que era dele. A informação foi passada ao CORREIO por moradores do bairro de Valéria, uma das regiões dominadas pela facção em Salvador.“Robin não era um frente, era um traficante discreto, como Desenho. Robin era gerente que atuava mais nas cidades de Maragogipe, Santo Antônio de Jesus. A droga que abastece as bocas de fumo do grupo criminoso em Salvador vem de fora. Chega à Palestina, principal porta de entrada, e é distribuída para as demais gerências”, explica o major Elson Pareira, comandante da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Valéria), durante entrevista em maio passado.Segundo o major, a Katiara já teve três baixas de gerentes em Valéria devido à atuação da 31ª CIPM. O traficante Dormindo ou HD, que tinha mandado de prisão em aberto por tráfico, foi preso em abril do ano passado. No lugar dele entrou o Latrola. Ainda no mesmo mês, foi preso o traficante e homicida Missinho, que tinha um mandado de prisão em aberto por homicídio cometido em 2013. Ele comandava a localidade conhecida como Penacho Verde.

Já no Condomínio Lagoa da Paixão, em Valéria, quem atuava era Bigó, que comandou a morte de um sargento da Polícia Militar. “Eles ocultaram o corpo e, depois de um mês de buscas, localizamos. Na tentativa de capturar, Bigó morreu no confronto na Rua Rio Verde, no mês de agosto”, contou o major. Quem assumiu o posto foi Léo Barata.