Instituto CTE Capoeiragem promove aulas online durante isolamento

Aulas virtuais têm sido a saída para manter os alunos ativos durante a quarentena

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  • Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2020 às 05:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A pandemia trouxe junto com ela a interrupção de uma série de manifestações culturais na Bahia, entre elas, talvez a mais famosa internacionalmente, são as rodas de capoeira.

Nada de cumprimento com as mãos ou o coro que dita a dança. Pelo menos, não presencialmente. Assim como tudo em 2020, o mundo virtual está sendo a alternativa, e é o que o Mestre Balão e os outros professores do Instituto CTE Capoeiragem, da Boca do Rio, buscaram nessa quarentena.

O trabalho do CTE se estende há mais de duas décadas, e um dos principais projetos sociais, que Balão diz guardar com muito carinho no coração, é o Capoeiragem Mirim. A ação é responsável por educar e formar crianças de cinco a 14 anos através da arte e cultura da capoeira, reinventada em tempos de isolamento.“Confesso que não sou muito ligado ao universo virtual e das tecnologias, mas  a gente começou a se movimentar e, então, decidimos criar a nossa campanha e utilizar as redes sociais para divulgar”, contou o Mestre Balão.O projeto auxilia quase 200 crianças de quatro pontos, sendo três em Salvador e um em Camaçari, na região metropolitana, onde promove aulas quase que diárias.

Dois desses locais, em Camaçari e na Cidade da Luz, no bairro de Pituaçu, foram contemplados com o edital do governo estadual patrocinado pela Braskem, através do Fazcultura.

Aulas gravadas Metade dos alunos ajudados pelo Capoeiragem Mirim está há quase um ano desenvolvendo um intenso trabalho educacional, que foi interrompido em 15 de março por conta da pandemia. E como a intenção é continuar se movimentando, mesmo dentro de casa, Mestre Balão e outros professores do CTE estão fazendo aulas virtuais para ocupar o tempo das crianças e continuar ensinando.

Balão destaca que as crianças que fazem parte do projeto social não têm tanto acesso à internet de qualidade ou um equipamento que permita acompanhar as lives, por isso, está gravando e enviando as aulas pelo grupo de Whatsapp dos pais ou responsáveis pelas crianças.

Uma delas é Maria Aparecida Soares, mãe de Thomas Vinícius, de 12 anos. Ou melhor, ela é mãe de Talento! O apelido do garoto na capoeira já explica sua afinidade com a arte da aapoeira, que o acompanha desde os cinco anos de idade.Em casa, Maria afirma que a agitação de Talento é bem na hora das aulas de capoeira.“Ele é um menino bem calmo, mas na capoeira, ele se solta e fica muito à vontade. Fica pulando, rodando… é a coisa de que mais gosta!”, conta Maria.Mas como ninguém está na sala de aula verdadeira, vale uma bronca também: “Outro dia estava pulando da escada, tive que dar bronca e pedir para parar de pular”, riu dona Maria, que liberou a varanda inteira para Talento praticar suas aulas.

Educação e arte Já na casa de Fernanda de Souza, é quase uma roda de capoeira de verdade. Isso porque três dos seus cinco filhos participam do Capoeiragem Mirim, que ela define como um trabalho muito importante de educação e arte. “Mesmo antes da pandemia, já era ótimo eles fazerem parte do projeto porque, além de gostarem da capoeira, eles desenvolveram mais respeito ao próximo e disciplina”, revelou Fernanda, que é mãe de José Alex, 10, o Artista, Maria Fernanda, 8, a Bailarina, e Moisés, 7, mais conhecido como Pintor.

O trio se juntou a outros alunos durante uma das aulas virtuais que Balão vem dando na quarentena e que atende crianças de escolas particulares que também vem mantendo a prática.“A capoeira  tem o lance do calor humano, da vibração da roda, da sintonia de todos. Mas por mais que estejamos afastados por essa turbulência, ainda fica a essência da alegria, da compaixão”, afirma o Mestre, que agora leva o som do berimbau através da tela do computador.Além das aulas virtuais, o CTE Capoeiragem também reinventou um de seus outros projetos de extensão: o Tour da Capoeira. Realizado no Pelourinho, o passeio leva os visitantes pelo ‘mapa da capoeira’, contando a história da arte africana através de 22 pontos turísticos e acontecimentos históricos envolvendo a arte.

A cada semana, uma live é transmitida pelo instagram do CTE (@cte.Capoeiragem) em que Balão, na companhia de outro mestre ou de um historiador, fala sobre a prática. Nessa sexta, às 18h, será a 11ª parada, na casa do Mestre Bimba. Mestre Balão dividirá o momento com o Mestre Cafuné, que foi aluno de Bimba. “Convidamos todos a participarem da nossa live pelo site (mapadaCapoeira .com.br)”, sugere Balão.

*com orientação da subeditora Clarissa Pacheco