Integração total entre tecnologia, aconchego e natureza

Ambientes da Mostra Casas Conceito consolidam a sofisticação de trazer o verde para dentro dos espaços

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  • Do Estúdio

Publicado em 6 de setembro de 2018 às 15:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos de Lucas Assis/divugação

Soluções criativas e econômicas, reaproveitamento e integração de recursos tecnológicos com a natureza são alguns dos novos conceitos da arquitetura e da decoração na atualidade. A mostra Casas Conceito torna isso muito claro em cada projeto apresentado, deixando evidente que a decoração é para todos e pode ser adequada com charme, tanto às mais variadas dimensões de espaços quanto à disposição financeira das pessoas.

Mas não basta ser bonito! Um ambiente que traz as características da decoração com propósito precisa ser sustentável, funcional e afetivo. Do contrário é um showroom e ninguém sonha em morar ou trabalhar em um ambiente duro, sem história, onde não pulsa vida e poesia, não é mesmo?

No nosso tour da semana, encerramos a vista ao espaço Casarão, conheço melhor sete ambientes: Solar Ipê Amarelo (Wagner Paiva), Home Umbuzeiro (Nágila Andrade), Estar dos Bambus (Eliane e Laís Kruschewsky), Pocket Galeria Carnaúba (Sâmia Moura), Espaço Contemporâneo Pau D´Arco (Marcus Barbosa e Ivane Barbosa), Birô de Negócios (Graziella Constantino) e Mirante do Oiti (Márcia Meccia).

Por dentro dos ambientes:

Espaço Contemporâneo Pau D´Arco: Marcus Barbosa e Ivane Barbosa A idéia era criar um ambiente amplo destinado a um homem moderno. Ou seja, um espaço de estar confortável, com dimensões avantajadas para abrigar desde equipamentos de som e de imagem, até o sofisticado carro e também a bicicleta, já que esse homem é um atleta e adepto de esportes.

No entanto, o conceito maior de todo o espaço é que ele deveria abrigar o restaurante da mostra, por isso, é o maior ambiente do Casas Conceito, com 300m2. Esse restaurante funciona como um espaço gourmet, onde o dono da casa recebe seus amigos. O menu é assinado pelo chef Vini Figueira.

Os materiais usados na construção do local deram uma conotação mais rústica ao ambiente, a exemplo de pisos de concreto pré-moldado, paredes de tijolos pré-moldados, onde o morador tem uma grande coleção de relevos e obras de artes. “Esses são quadros são de minha autoria e estão espalhados por todo o ambiente”, diz Marcus Barbosa.

Outra intenção preponderante do espaço era captar toda a vegetação, que havia no entorno do terreno, e trazê-la para dentro do projeto, por isso, então, a opção de usar a transparência. “Usamos grandes vãos de vidro e, para exagerar ainda mais, como eu fui presenteado com uma árvore dentro do meu espaço, busquei um teto de vidro para poder ter a transparência, tanto da luz do dia quanto da sombra da noite, tendo essa árvore por todo o teto espelhado pelo vidro”.

Segundo o profissional, as grandes dificuldades foram executar essas concepções e montar a estrutura metálica para suportar o vidro no teto. Isto porque a área é muita grande e precisava ser bem estruturada, permitindo a transparência, mas sem ocorrerem riscos, como vazamento em dias de chuva, por exemplo.

O resultado surpreende o público, que encontra ali um ambiente bem amplo e, ao mesmo tempo, acolhedor, confortável e chique, embora, como ressalta o Marcus, tenha sido difícil dominar toda a área por sua dimensão. “É um espaço vivo e as pessoas podem usufruir dele. Desde o inicio, o projeto deveria passar essa sensação de bem-estar, que ele está oferecendo hoje”.

Mirante do Oiti: Márcia Meccia Aberto e integrado com a natureza, o Mirante do Oiti é assinado por Márcia Meccia, que projetou sua estrutura com eucaliptos (madeira reflorestada). A cobertura é um policarbonato, que recebeu forro de palha de dendê e revestimento de grama sintética, de modo a ficar perfeitamente conectado com as árvores existentes no terreno. O piso - tanto do pátio quanto do gazebo - é drenante, fabricado na Bahia pela Civil Industrial.

Segundo Márcia, o diferencial do projeto deveria ser não ofuscar nem esconder a exuberância das plantas e árvores existentes no local. “Agrada-me justamente essa conexão com a natureza, e também ter evocado a minha infância: vento, barulhinho da água caindo na cascata, muitas plantas, móveis práticos. É um ambiente para descansar de verdade”, frisa.

Todos os móveis usados são da Tidelli, fabricados na Bahia, em alumínio e corda náutica e um detalhe importante: a daybed é de eucaliptos. Tudo adequado para o uso em áreas externas. O resultado é um espaço elegante e acolhedor, com cores quentes que se harmonizam com a casualidade do local. Um lugar ideal para estar reunido com amigos e curtir bons momentos ao som do violão e com a paisagem da natureza do Horto diante dos olhos.

Estar dos Bambus: Eliane e Laís Kruschewsky A grande busca de Eliane e Laís no desenvolvimento do ambiente foi destacar os atributos naturais do lugar e apresentar uma decoração que valorizasse os materiais, as cores e texturas da natureza. Por isso, a escolha de matéria-prima contemplou elementos como madeira, pedras e tons esverdeados. Já o toque rústico foi garantido pela presença de concreto, cordas e aço.

Na falta de um pé direito alto, a laje original foi aproveitada, abrindo a possibilidade para apostar em uma solução de iluminação aparente, com um detalhe do painel ripado no teto da área de circulação. As paredes também contam com iluminação indireta e revestimento em madeira, mas a parede principal é revestida por pedra sabão natural.

“Para a estante, propomos três tipos de acabamento em diversos formatos de aberturas e fechamentos para trazer mais movimento e permitir diferentes funções. Cumprindo o papel de guarda-corpo da escada, criamos uma grande caixa em laca que recebe as cordas naturais e emoldura o espaço”, explicam.

Os móveis do ambiente estão em total acordo com a proposta do evento e também seguem a linha natural, até mesmo em tons de verde. A cor está presente em poltronas, tapete e estante. As peças asseguram a sofisticação ao ambiente por meio do impacto visual e da valorização do design brasileiro. Assim, observa-se acabamentos em linho e couro, além da estrutura em madeira e aço na cor preta.

Ganham destaque no projeto as poltronas de Sérgio Rodrigues, posicionadas próximo à estante e às parede de pedras, bem como as peças de Jader Almeida e Jaqueline Terpins, que também compõem o grande estar. A arte feita a mão das ceramistas Mircia Verena e Dulce Cardoso, ambas de Salvador, também chamam a atenção e dividem espaço com a tela de Maria Lynch, com cores intensas, trazendo vivacidade ao espaço.

Birô de Negócios: Graziella Costantino Criar um espaço corporativo que não tivesse os conceitos pré-estabelecidos de um escritório frio, voltado apenas para o trabalho. Este foi o ponto de partida de Graziella Constantino para elaborar seu ambiente. Por isso, ela teve a inspiração de levar para a mostra Casas Conceito um ambiente de trabalho mais humanizado e acolhedor.

“Quis trazer uma proposta onde as pessoas pudessem colocar peças de sua identidade para criar um local onde outras pessoas também se identificassem com elas e, assim, ter um espaço de mais confiança e reciprocidade entre o profissional e o cliente”, explica a criadora.

Para tanto, ela utilizou alguns materiais que já existiam na casa, a exemplo da parede de pedra. “Fiz uma mistura de mobiliário antigo com o moderno. No banheiro, usei materiais mais contemporâneos com os produtos da Vallvé”. Porém, a grande tarefa foi executar o projeto em uma área onde antes era uma lavanderia e um quarto de serviço, e contava com pouca luminosidade.

“Fico muito feliz com o resultado. Por conseguir passar para as pessoas o conceito do projeto, e ver que transformei o espaço em um ambiente charmoso e acolhedor”, frisa.

Solar Ipê Amarelo: Wagner Paiva Para Wagner Paiva a criação do ambiente Solar Ipê Amarelo retrata muito bem as situações vistas diariamente no escritório: o fechamento de uma varanda com cortina de vidro para incorporar área ao living; o segundo pavimento de um apartamento de cobertura, que possui uma área descoberta ou mesmo um ambiente descontraído para uma casa de praia ou de campo. “Isso nos permitiu apresentar a versatilidade de um projeto bem conduzido”, comenta. Como o tema da mostra é Raízes, ele recorreu às referências da arquitetura moderna dos anos 60, como piso de quartzo, poucos móveis, grandes vãos de vidro e muito espaço.

Na escolha dos materiais, o piso é uma grande novidade: feito com cristais de quartzo e resina, é auto drenante e de alta resistência, dando um ar de casualidade. Tão moderna quanto é a cortina de vidro, que possui um sistema de funcionamento apoiado no piso, abrindo completamente o vão – uma escolha muito versátil para resgatar a configuração de varanda rapidamente.

Na área externa, Wagner queria uma piscina. Então, foi encomendada uma de fibra de vidro que pudesse chegar pronta ao local, e assim foi feito! Uma solução prática, rápida e de custo reduzido. “Gostaríamos de apresentar todo o paisagismo já existente, então optamos uma intervenção muito pequena, valorizando o grande Flamboyant, que serve de cobertura à piscina e valorizando as grandes árvores ao redor”, ressalta o profissional.

O propósito era oferecer ao visitante um espaço com a imediata sensação de aconchego, paz e serenidade. Isso se transformou em uma realidade e é o que todos sentem ao passar pelo ambiente. Aliado a este clima, estão os móveis de design apurado, peças assinadas por Jader Almeida, Ronald Sasson, Gaetano Pesce e outros grandes nomes. Completam a beleza do espaço importantes obras de arte: esculturas de Marcos Zacariades, Demetrius Coelho, Caribé, Florian Raiss e Hilal Samilal, além das grades fotografias de autoria do próprio Wagner Paiva.

Pocket Galeria Carnaúba: Sâmia Moura Para essa primeira edição da mostra Casas Conceito, a proposta de Sâmia Moura era criar uma galeria de arte que não tivesse cara de galeria comercial ou algo institucional. A ideia era que o ambiente remetesse a uma galeria de arte residencial, onde um colecionador poderia ter seu acervo pessoal exposto. Por isso há também neste ambiente uma área com poltrona e bancada, para que este morador possa relaxar, ler um livro, escutar uma música, tomar um aperitivo, contemplando suas obras. Um ambiente acima de tudo aconchegante!

O maior destaque entre os materiais são os originais da casa. "Partimos de uma premissa: preservar a estrutura original. Acreditamos que materiais em bom estado e de boa qualidade devem ser mantidos, restaurados e incorporados ao projeto atual, preservando os recursos naturais. Assim fizemos com o piso de mármore, como também com as madeiras do piso, forro e porta", enfatiza.

Além disso, a meta foi criar um espaço que pudesse receber a cada 10 dias um novo acervo, novas obras de arte das mais diversas e que sempre se mantivesse em harmonia com o conjunto fixo da decoração. É isso que o público encontra ao visitar a mostra e o ambiente assinado por Sâmia Moura.

A união da sustentabilidade com a arte em movimento e todo o trabalho técnico feito apaixona não somente aos visitantes, mas a própria profissional. “Amo tudo! Acho que o casamento da estrutura original, com as novas intervenções arquitetônicas e a decoração ficaram em perfeito equilíbrio. O que mais escuto é que o ambiente está super aconchegante, o que era realmente meu grande objetivo”, destaca.

Home Umbuzeiro: Nágila Andrade “O meu espaço foi idealizado para um homem que curte cinema e gosta do aconchego da sua casa. Por isso foi ponto fundamental, a acústica, o som a imagem e a beleza”, explica Nágila Andrade. Para criar seu ambiente no Casas Conceito, ela lançou mão de tecnologia de ponta, ousou nos revestimentos de paredes e tetos com laminados e painéis acústicos com tecidos cinzas. Também usou a iluminação como um ponto forte, garantindo um clima intimista, mas sem tirar a nitidez do telão, que era a função do espaço,

Na decoração estão sofás confortáveis na cor cinza grafite, tapetes em cinza claro, poltronas claras giratórias, estantes para obra de arte e objetos, além de um carrinho de apoio para bebidas. Até chegar a isso tudo, porém, Nágila foi desafiada pelo próprio espaço. Não havia ali aberturas de portas e janelas, portanto, o lugar contava com pouca luz natural.

E ela não abria mão de trazer o verde para dentro do ambiente, valorizando assim o tema da mostra – Raízes. “Criei uma janela com plotagem de uma mata verde de Umbuzeiros, nome do espaço, e fui buscar inspiração na minha infância e nas minhas raízes do interior. Usei iluminação artificial para dar vida e luz ao ambiente”, conta ela, que afirma estar totalmente feliz e realizada com o trabalho, sobretudo, porque conseguiu passar ao público a sensação de aconchego, beleza e funcionalidade, que um home cinema deve apresentar.

Serviço: Casas Conceito 2018 - mostra de arquitetura e decoração Endereço: Rua Estácio Gonzaga, 640, Horto Florestal. *Aberta à visitação de terça a domingo, das 16h às 20h. Até dia 16. Além de conhecer os ambientes, o público pode aproveitar as delícias da área gourmet da Vila e curtir pockets shows do projeto Música Boa, sempre das 19h às 21h. Ingressos à venda no Sympla e nas bilheterias do local (R$ 30 + 1 kg de alimento não-perecível às terças, R$ 40 de quarta a domingo, R$ 100 o passe de 3 dias e R$ 200 o passe livre).

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