Investigação será concluída até dia 27, diz promotor sobre Caso Márcio Perez

Morte de empresário por PMs completa três meses nessa quarta

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  • Gil Santos

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 15:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo

Empresário foi morto com tiro na nuca, disparado por PM, em Armação (Foto: Reprodução) Faz 90 dias nesta quarta-feira (19) que o consultor brasileiro de nacionalidade espanhola Márcio Perez, 41 anos, foi assassinado durante uma ação policial no bairro de Armação e o inquérito da Polícia Civil ainda não foi concluído.

O promotor de justiça Davi Gallo, responsável por acompanhar o caso no Ministério Público (MP-BA), contou que vai se reunir, ainda nesta terça, com os delegados que apuram o crime.

"O assassinato aconteceu no dia 19 de setembro, mas o inquérito foi aberto oficialmente no dia 27 daquele mês, então, eles têm até o dia 27 de dezembro para concluir a investigação. Vou conversar hoje com os delegados, mas pelo que venho acompanhando, a investigação será concluída dentro do prazo", comentou.

O CORREIO entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil PC, que informouq que não havia nenhuma reunião sobre o assunto marcada com os delegados e que "as investigacoes estão dentro.do prazo estabelecido pelo próprio MP".

Morte O crime aconteceu na noite de uma quarta-feira. Márcio Perez estava estacionando o próprio carro na porta de casa, acompanhado de uma mulher, quando foi surpreendido por uma viatura da 58ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Cosme de Farias). Segundo testemunhas, era por volta de 23h e a viatura estava apagada.

Os vizinhos da vítima contaram que o empresário se assustou e saiu com o carro, mas foi perseguido e baleado na nuca pelos militares. Depois de ser atingido, o consultor perdeu o controle do veículo, subiu o canteiro e atingiu uma árvore. A mulher que estava com ele não ficou ferida.

Os policiais não explicaram o que estavam fazendo em Armação, 10 km distante da área em que eles atuam, Cosme de Farias. Também não ficou claro por que a viatura estava com as luzes apagadas e por que só havia dois PMs dentro do veículo, quando a ronda é sempre feita com três militares.

Perez era formado em Economia e sócio de uma empresa que presta consultoria a uma operadora de telefonia. Os pais dele são espanhóis, mas viveram por alguns anos no Brasil, por isso, o empresário tinha naturalidade espanhola. O pai e a mãe retornaram para a Espanha, mas Márcio resolveu permanecer no Brasil. A família era natural da cidade de Ponte Caldelas.

A versão apresentada pelos militares foi de encontro ao que disseram as testemunhas, inclusive o depoimento da mulher que estava com a vítima no carro. Segundo os PMs, Márcio teria entrado no meio de uma perseguição policial e foi baleado por acidente.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que um inquérito foi aberto para apurar o caso e que dois PMs foram afastados das atividades. Os peritos encontraram, pelo menos, três marcas de tiros no veículo Pálio, branco, da vítima. Todos na direção do motorista.

Repercussão internacional Na época, o cônsul e o embaixador da Espanha, Gonzalo Fournier e Fernando Garcia-Casas, respectivamente, cobraram celeridade na investigação do caso. O assassinato ganhou as manchetes dos jornais espanhóis e o prefeito de Ponte Caldelas, na província de Pontevedra, decretou luto de dois dias.

O corpo de Márcio Perez foi velado na capela do Hospital Espanhol, em Salvador, e sepultado na Espanha. Ele era filho único, e deixou os pais e duas filhas.