Investimento no Porto de Salvador dobra capacidade de movimentar grãos

Navios vão poder diminuir custos com diárias pela metade

Publicado em 27 de outubro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Navios que transportam grãos poderão reduzir a permanência no Porto de Salvador de oito dias para quatro, diminuindo o custo com diárias de mais de R$ 789 mil para aproximadamente R$ 395 mil. A implantação de um novo descarregador de grãos no local, inaugurado nesta quinta-feira (26), irá dobrar a capacidade de descarga de 150 toneladas de produtos por hora para 300 toneladas no mesmo período. 

Foram investidos R$ 27 milhões no complexo, que possui sistema de aspiração e recolhimento de partículas em suspensão, três novos transportadores, um novo elevador de canecas e instalação de um equipamento de transferência com balança rodoviária e sistema de despoeiramento.

Os recursos são da empresa J.Macêdo, maior fabricante nacional de farinha de trigo doméstica, mas de acordo com o presidente da empresa, Luiz Henrique Lissoni, o equipamento tornará o Porto de Salvador mais produtivo. “Há uma redução no custo portuário. Nós achamos interessante que parceiros e competidores possam utilizar o equipamento e estamos abertos a isso. Além de poder atrair navios maiores”, disse, ressaltando que o valor da diária no Porto é de US$ 30 mil.

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Equipamento moderno  O diretor de operações da empresa, Yuji Nagata, destaca que os equipamentos são os mais modernos do Brasil. “Na sua categoria de extração de trigo é o mais moderno do Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos já são largamente utilizados”, observa. Para a implantação dos equipamentos foram oito meses de obras. Além do benefício na produtividade, também tem impactos ambientais, já que haverá um sistema de aspiração e despoeiramento disponível.

É o que destaca o representante do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Eduardo Bezerra. “O investimento é muito bem-vindo porque, além de amplificar a eficiência, ele traz junto com ele uma maior segurança para a operação portuária”, disse. Bezerra destaca que entre 2010 e 2015, o Brasil aumentou em 20% a movimentação de cargas e que a previsão é de crescimento de 80% até 2049.

O equipamento é composto por um descarregador tipo portalino, com uma lança de 22 metros de extensão, dotada de conchas para entrada no porão de navios e uma esteira subterrânea, que leva o grão para o moinho, onde a farinha é fabricada e há o carregamento de caminhões para distribuição do produto.

Estado importante A J. Macêdo explica que o alto investimento foi realizado porque a Bahia é o segundo mercado nacional da empresa, atrás apenas de São Paulo. Além do Porto, a empresa também aumentou a produção do moinho de 920 toneladas/dia 1.100 toneladas/dia. A fábrica da J. Macêdo, localizada em Simões Filho, irá ampliar em 120% até o final de 2018, com a implantação de uma nova linha de biscoitos e três linhas novas de massas, além de obras, como a ampliação do depósito. Com isso, o presidente espera gerar mais empregos.  “Vamos dobrar a fábrica e, com isso, precisaremos de mais pessoas para receber, descarregar, armazenar, produzir. E a gente quer transformar o impacto desses investimentos em uma redução no valor”, explicou.

Dos R$ 550 milhões investidos no Brasil pela empresa, R$ 350 milhões são investidos na Bahia. Desses, R$ 103 milhões no moinho e R$ 220 milhões na fábrica de massas e biscoitos em Simões Filho. Esse é o maior investimento da empresa no país, de acordo com o diretor de operações. Isso porque 85% da produção da fábrica fica aqui no estado e apenas 15% são exportados.

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Indústria O setor de grãos é um dos mais produtivos do Porto. Segundo a Codeba, foram movimentadas, de janeiro a setembro de deste ano, 248 mil toneladas de trigo, uma média de 28 mil toneladas/mês, e crescimento de 19 mil toneladas comparado ao mesmo período de 2016. O trigo é levado depois para a indústria alimentícia, para produzir farinhas, pães, bolos e biscoitos. A maior parte do produto vem da América do Norte e da América do Sul.

O presidente da Associação dos Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Marconi Andraos Oliveira, ressalta que o investimento aponta que o Porto é importante para todo o país. “Sem dúvida vai colocar Salvador em uma melhor posição. Toda benfeitoria e todo investimento de fazer uma requalificação e ampliação desse Porto é, para nós, uma consolidação daquilo que há mais de anos falamos que a Bahia precisava. Esse é um dos melhores portos que o país tem”, ressalta o líder empresarial.

Marconi Oliveira também lembra que esse investimento na porta de entrada da matéria-prima tem benefícios em toda cadeia produtiva. “Eu ressalto que esse investimento é muito bem-vindo para demonstrar que a importância que esse Porto tem para a economia baiana. A indústria que consome grãos vai ter melhores condições para receber a matéria-prima”, conclui.

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Outros investimentos em portos baianos O investimento no setor de grãos não é o único que deve ser feito nos portos públicos baianos nos próximos anos. Segundo o presidente da Codeba, Pedro Dantas, estão previstas outras melhorias, como nos canais de acessos, bacias de evolução e cais de atracação, para permitir maior fluxo de navios, principalmente os de grande porte, nos portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus.

“São recursos próprios, do governo federal e de empresas privadas, que vão garantir vários projetos, proporcionar o aumento da eficiência, expansão, modernização e otimização da infraestrutura e instalações portuárias, e consequentemente, fomentar novos negócios e o desenvolvimento da economia baiana”, explica.

Em Salvador, o Terminal de Passageiros, o Cais de Carvão e o Terminal de Contêineres contam com projetos de melhorias em atividade. De acordo com levantamento da Codeba, já foram movimentadas 8,8 milhões de toneladas nos portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus. O cresimento é de 4,1% com relação ao mesmo período do ano passado. “Nossa previsão é fecharmos o ano com incremento de 3,8%”, projeta.

A companhia também busca alavancar o desempenho das exportações, reduzir os custos logísticos/operacionais, aumentar a produtividade e competitividade, além de investir na infraestrutura, com modernização tecnológica e otimização dos recursos.