Irmã de morto por PM reafirma que ex-cunhado é autor: 'São irmãos, sim'

Mulher nega que irmão seja responsável por morte de ex; jovem será enterrado nesta sexta

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  • Tailane Muniz

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 09:49

- Atualizado há um ano

A doceira Bárbara Taís Queiroz reafirmou, na manhã desta sexta-feira (8), que o responsável pela morte do irmão caçula, Eric dos Santos Queiroz, 23, é o ex-cunhado da vítima, um policial militar identificado apenas como André.

Eric foi morto com um tiro na cabeça, na manhã de quarta-feira (6), após ir à casa da ex-namorada, uma estudante de Direito de 53 anos, e descumprir uma medida protetiva que impedia ele de se aproximar da mulher. O crime aconteceu bairro de Monte Serrat, em Salvador.

Segundo informou a Polícia Militar, em nota enviada ao CORREIO nesta quinta-feira (7), o homem se apresentou na corregedoria da incorporação e acabou flagranteado. A Polícia Civil também reforçou que o policial que matou Eric era irmão da mulher que tem a medida protetiva. Eric foi morto com tiro disparado por PM, irmão de sua ex-namorada Foto: Reprodução/Tailane Muniz/CORREIO Mas na noite de ontem, em contato com o jornal, a ex-namorada de Eric disse que não tem irmão policial e qualquer relação com o PM que matou Eric. Se identificando apenas como Maria, ela contou que o policial à paisana foi até ao local depois que ela informou que Eric estava descumprindo a medida protetiva. O policial encontrou com Eric e o rendeu, mas ele teria reagido e, por isso, o policial atirou. Ela disse que já foi ouvida no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O CORREIO voltou a procurar a polícia esta manhã. Em resposta, a pasta informou que "instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do fato". Na mesma declaração, disse ainda que testemunhas e familiares dos envolvidos estão sendo ouvidos.

"A investigação está em sua fase preliminar e informações divulgadas neste momento pode interferir no andamento da apuração", finalizou. Já a Polícia Militar, embora procurada pela reportagem, não voltou a se pronunciar sobre o caso.

'São irmãos, sim" Ao liberar o corpo do caçula no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), na manhã desta sexta, Bárbara disse que foi procurada pela ex-cunhada e reafirmou o parentesco entre eles.

"Claro que são irmãos. Ela também me procurou para questionar o que eu tinha falado, mas não menti. Eles tanto sabem, que se mudaram", destaca ela, ao comentar que o PM em questão é mais novo que a ex do irmão morto. "A polícia sabe, eles não têm pra onde correr", se limitou a dizer.

Segundo a doceira, o relacionamento do casal, que morava em ruas próximas, durou dois anos. Há dois meses, contudo, a ex de Eric procurou Bárbara e disse que havia resolvido dar um fim na relação. Justificou ciúme excessivo e medo de ser agredida. “Sempre tivemos uma boa relação" .

Ainda segundo Bárbara, o irmão e a ex-cunhada moravam em ruas próximas e, desde que Eric se afastou do trabalho, na doceria de sua propriedade, há “alguns meses”, passava mais tempo com a namorada, cuja filha não aceitava 

‘Nunca imaginei’ Caçula de quatro irmãos, Eric foi criado por Bárbara, a mais velha, desde que a mãe morreu, quando ainda tinha dois anos. 

A vítima foi assassinada na porta de casa. Foi até a casa da ex, na Rua Urbano do Arte, por volta das 7h. “Ficou lá gritando, soube que ficou lá gritando e aí quando saiu, o irmão dela foi atrás e atirou nele, quase na porta de casa”, comenta Bárbara, que prestou socorro ao irmão. O jovem não estava armado, afirma.

Eric deu entrada no Hospital Agenor Paiva, no Caminho de Areia, mas precisou ser transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), já à noite. Na manhã desta quinta-feira (7), ele não resistiu aos ferimentos e morreu, por volta das 7h. 

O jovem nasceu em Nazaré das Farinhas e não tinha filhos. Em 2018, chegou a ser preso ao ser encontrado com “nove balinhas de cocaína e crack”, em Boa Viagem, também na Cidade Baixa. Segundo registro a polícia, ao qual o CORREIO teve acesso, ele foi abordado após se comportar de um jeito “suspeito”. 

A irmã nega, no entanto, que ele tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. “Difícil falar disso, porque foi algo inventado. Tanto que nós pagamos um advogado e ele passou só 20 dias preso. Não devia mais nada à Justiça”.

O corpo de Eric vai ser enterrado às 11h, no Cemitério de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário.