Ivete arrasta multidão do Espanhol ao Farol no último dia do Festival da Cidade

Cortejo Afro, Filhos de Gandhy, Malê Debalê e Muzenza participaram de desfile

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  • Tailane Muniz

Publicado em 31 de março de 2019 às 21:05

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Se Salvador fosse uma pessoa, seria daquelas que começam a festejar o aniversário à meia-noite da data original e só param 24 horas depois. Cidade da música, a primeira capital do país ficou oficialmente mais velha na última sexta-feira (29), mas a festança se estendeu até este domingo (31), do jeito que o baiano gosta: atrás do trio elétrico - puxado por ninguém menos que a mamãe Ivete Sangalo.

O aguaceiro que caiu na cidade do final da manhã ao início da tarde até tentou, mas não foi páreo para a disposição da multidão que, entre o Clube Espanhol, em Ondina, e o Farol da Barra, mostrou por que em Salvador o ano só começa depois do Carnaval - neste caso, um tanto quanto refletido neste último dia de Festival da Cidade. 

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Na despedida da grande comemoração, coladíssimos na corda de Veveta, os foliões esbanjaram fôlego e alegria durante o percurso. Além da própria família - o filho, Marcelinho, chegou a tocar percussão com a mãe -, Ivete se apresentou acompanhada de uma trupe de peso: Filhos de Gandhy, Muzenza, Malê Debalê e Cortejo Afro, como em um tradicional desfile dos blocos afro.“Vamos botar pra quebrar tudo aqui, minha gente. Dia de alegria e felicidade", anunciou a cantora, no início do percurso, às 18h, pouco antes de convidar Júnior Conceição, o Black, um dos líderes do Gandhy.  Filhos de Gandhy foram os primeiros a desfilar no cortejo  (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) “Eu amo essa cidade, uma maravilha estar aqui compartilhando esse momento com você”, respondeu Júnior. Com direção artística de Elísio Lopes Jr., o projeto de Carnaval foi elogiado pelo público que, molhado de suor, fez valer cada passo rumo ao Farol.   Por volta das 17h, boa parte das pessoas já estavam concentradas em frente ao Clube Espanhol. O tapete branco dos Filhos de Gandhy abriu os trabalhos e iniciou o desfile para centenas de pessoas. Fã do bloco, a funcionária pública Cláudia Santos, 43 anos, garantiu que ia aproveitar o trajeto mais curto para ir até o final.

“Se a chuva deixar eu vou, sim. Não tem nada mais lindo", comentou ela, que pousou com o filho de Gandhy Alexandre Fernandes, 43. "Vai ser lindo", disse ele. Para a sorte dos foliões, a chuva deu a esperada trégua e todo mundo pôde cair na farra sem se preocupar com as capas. Veveta iniciou o desfile pontualmente às 18h (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A recepcionista Sandra Dantas, 50, contou que chegou toda molhada à Barra. Moradora do Doron, afirmou que esperava uma comemoração tranquila. "Sem chuva até o final, eu espero. Porque pretendo curtir cada minuto, fiquei feliz de ter mais uma coisa pra gente fazer, de graça, no final de semana", disse, aos risos, antes da saída do trio.

'Veveta do povão' De canções antigas, a exemplo de Levada Louca, a novos hits, como Mainha Gosta Assim, gravada em parceria com o Gigante Léo Santana, não faltou no repertório músicas que fazem o povo tirar os pés do chão.

Esbanjando simpatia, a anfitriã da noite escolheu para a ocasião um body laranja furta-cor de manga longa e, mais uma vez, mostrou por que, seja no Carnaval ou no Festival da Cidade, a multidão vai atrás de sua corda."Não tem nada igual a essa mulher, é a coisa mais linda de se ver. A gente merece, Salvador merece, a Bahia merece. Veveta é do povão, eu fico muito emocionada sempre que vejo ela de pertinho, já acompanho de muito tempo, e o amor só aumenta", afirmou a secretária Vilma Barros, 48.  Recepcionista Sandra Dantas. 50, comemora trégua da chuva (Foto: Tailane Muniz/ CORREIO) Em um mini palco montado na altura do Morro do Cristo, na Barra, antes da passagem de Ivete, o Malê Debalê entoou canções de protesto contra o racismo e à intolerância religiosa. O grupo animou o público, que aproveitou para esquentar o sangue no intermédio do circuito.

Gente como a autônoma Dominique Ramos, 38, moradora do Alto de Ondina. Vizinha à festa, ela disse ao CORREIO que aproveitou a oportunidade para ver de perto um amigo, integrante do Cortejo Afro, desfilar. "Tinha que vir. Cortejo, Malê, Ivete, como é que perde? Não tem como. E eu, morando tão pertinho, não tinha nem desculpas pra não vir, porque até a chuva foi embora de vez. Festa linda, que se repita, porque é tudo que todo mundo aqui gosta e muito", destacou.O Festival da Cidade está em sua sétima edição e, de novo, levou música teatro, além de outras manifestações artísticas, a mais de 20 bairros da capital, tudo em comemoração ao aniversário da capital baiana. Teve Léo Santana, Solange Almeida, Saulo, Daniela Mercury e até artistas do outro lado do atlântico nos parabéns da baianinha. 

Diante do mar de gente, Ivete compartilhou o microfone com líderes dos blocos afro, em alguns pontos, até o Farol. Com a descontração de sempre, a cantora reafirmou a felicidade de cantar na capital e de celebrar com os baianos. Aos fãs que, em polvorosa, cantavam e pulavam sem parar, mandou um recado: "Mainha gosta assim".