Jogos Pan-Americanos de Lima começam oficialmente nesta sexta

Com medalhistas olímpicos entre seus 486 atletas, Brasil vai em busca do 2º lugar no quadro de medalhas

Publicado em 26 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Pedro Pardo/AFP

Mais de cem medalhistas olímpicos estarão representando seus países nos Jogos Pan-Americanos de Lima, que começam oficialmente nesta sexta-feira (26) na capital peruana. A cerimônia de abertura começa às 21h. As competições, no entanto, já iniciaram na última quarta (24).  Estrelas como o cubano Mijaín López, ouro na luta greco-romana nas três últimas olimpíadas, o nadador americano Nathan Adrian, que coleciona oito pódios em Olimpíada e a velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce, com três ouros e cinco pódios no atletismo, vão dar o tom do evento. 

Pelo Brasil serão seis campeões olímpicos nesta seleta lista: Arthur Zanetti (ginástica artística), Martine Grael e Kahena Kunze (vela), Thiago Braz (atletismo), Rafaela Silva (judô) e Eder (vôlei). Isso sem contar outros atletas nacionais que foram ao pódio, como Isaquias Queiroz e Erlon Souza (canoagem velocidade), Arthur Nory (ginástica artística), Maicon Andrade (taekwondo) e Mayra Aguiar (judô).

“A gente está indo para dar o melhor nessa competição. Não é nosso evento principal deste ano, mas é uma competição muito importante para a gente se testar em um evento grande, como é na Olimpíada, mesmo estando em uma Vila separada de Lima. Sabemos que o importante é aprender o máximo possível”, explicou Kahena.

A lista de brasileiros medalhistas só não é maior porque as equipes masculinas e feminina de vôlei não vão ter em Lima sua força máxima, pois o foco é o Pré-Olímpico para Tóquio, e porque a seleção feminina de futebol não vai participar por causa de critérios da Conmebol. Até por isso, as jogadoras do Brasil não poderão defender o título conquistado quatro anos atrás no Pan de Toronto.

Para os organizadores, a presença desses talentos brasileiros aumenta o brilho do evento. “Eu gosto disso e vejo como uma forma de respeito ao país anfitrião. O Brasil manda seus melhores atletas porque também acredita que fizemos um bom trabalho. Para nós, peruanos, receber os melhores atletas é como um prêmio pelo que estamos fazendo. Isso permite com que os torcedores fiquem mais entusiasmados”, disse Carlos Neuhaus, presidente do Comitê Organizador do Pan de Lima-2019.

Como comparação, o Pan de Lima terá 109 medalhistas olímpicos, segundo os organizadores, mas esse número pode mudar um pouco. Na edição de Toronto, em 2015, foram 122. Entre as principais estrelas daquela competição estavam as nadadoras Natalie Coughlin e Alisson Schmitt, dos Estados Unidos, o velejador brasileiro Robert Scheidt e o dominicano Félix Sánchez, do atletismo, entre outras.

Apesar de ter a participação dos EUA, a maior potência olímpica do planeta, o Pan não consegue mais atrair os principais atletas daquele país. No início, a competição era usada como preparação para a Olimpíada, e os melhores sempre participavam. Mas a partir da década de 1970, ainda mais depois da proliferação de diversos mundiais de modalidades, os americanos passaram a tratar o Pan como uma competição para jovens promessas, salvo algumas exceções.

De acordo com a lista divulgada pelo COB, serão 20 atletas baianos em Lima. Isaquias Queiroz, Erlon Souza, Valdenice Conceição e Andrea de Oliveira (canoagem); Ana Marcela Cunha, Victor Colonese e Allan do Carmo (maratona aquática); Breno Correia (natação); Juscelino Santos (fisiculturismo); Jefferson Portela (tiro esportivo); Cledenilson Batista (vôlei de quadra); Isabela Ramona (basquete); Keno Machado e Hebert Souza (boxe); Juliana Duque e Rafael Martins (vela); Williames Souza (caratê); Fábio Moreira (remo); Paola Reis (BMX); e Carlos de Oliveira Santos (atletismo).

Medalhas A pergunta de um milhão de dólares no COB é sobre quantas medalhas o país vai conquistar no Pan. E a resposta não existe, não por mistério dos profissionais da entidade, mas por causa de uma especificidade do evento: só momentos antes da competição é que se tem um panorama de como estão as potências adversárias, principalmente Canadá e EUA. Em Toronto-2015, o Brasil ficou em terceiro.

“Os Jogos Pan-Americanos, na nossa avaliação, mostram uma dificuldade a mais para você poder prever realmente o nível da disputa e o tipo de atleta que você vai encontrar aqui. Nos Jogos Olímpicos, você sabe que estará lá o melhor dos melhores, o time A, só não estará lá alguém que se machucou ou foi pego em algum tipo de controle de dopagem. No Pan, na realidade, só descobre mesmo quem você vai enfrentar com certeza no Congresso Técnico”, explicou Jorge Bichara, diretor de esportes do COB.

Até por isso, ele não consegue precisar em quantas modalidades o Brasil vai subir ao pódio durante o Pan. Em cada uma delas, ele vai sentar com o chefe de equipe para conversar após a realização de cada um dos Congressos Técnicos (cada esporte tem o seu). 

O sonho seria conquistar uma segunda posição no quadro de medalhas, algo até impensável considerando-se a força do Canadá. No Pan de 1963, em São Paulo, o Brasil obteve a vice-liderança geral, atrás apenas dos Estados Unidos. Novamente em casa, os atletas nacionais obtiveram a melhor classificação da história em conquistas, quando obtiveram 52 medalhas de ouro e 157 pódios no Pan do Rio, em 2007.

“A gente avaliou isso internamente. Analisamos os últimos quatro Jogos Pan-Americanos e temos mantido sempre uma posição de terceiro. O fiel dessa balança é o Canadá, que é a maior incógnita disso, pois nas últimas quatro edições ele foi de segundo a quinto, então depende de como vem com seu time. Os Estados Unidos têm uma tradição e vão focar nas modalidades que têm disputa de vaga olímpica. Temos um potencial de fazer uma apresentação muito boa. Será a melhor da história? É difícil prever isso”, afirmou Bichara.

Entre as modalidades que podem conquistar no Pan a vaga olímpica, as maiores chances são do handebol, tanto no masculino quanto no feminino. O hipismo tem chance e o polo aquático e o tênis de mesa podem surpreender.

Atletas A expectativa da organização é que quase 6.700 atletas estejam competindo nos Jogos Pan-Americanos de Lima. São cerca de 500 esportistas a mais que na última edição, em 2015, em Toronto.

Esportes Serão 39 esportes em Lima, dois a mais que em Toronto. A grande novidade é o surfe, que se transformou em esporte olímpico e será disputado em tóquio-2020. O Caratê também ganhou status olímpico.

Países Todos os 41 países filiados à Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) enviarão delegações para competir em Lima, assim como foi em Toronto-2015. A maior delegação será a dos Estados Unidos.

Eventos   Serão 417 eventos nos 39 esportes, 53 a mais que em Toronto. Há modalidades novas em esportes antigos, como o basquete 3x3 ou duplas mistas no tênis de mesa. Apenas o beisebol feminino foi retirado do programa.

Recorde   A delegação brasileira será composta por 486 atletas, que disputarão 49 das 61 modalidades dos 39 esportes,  236 são mulheres (48,5%) e 250 homens (51,5%). É a delegação mais igualitária das história do país.

Extremos   O velejador Cláudio Biekarck, de 68 anos, é o mais velho da delegação brasileira. Ele disputa o Pan desde 1975, na Cidade do México e conquistou nove medalhas. A mais nova é a esgrimista Victória Vizeu, de 15 anos.