Johnny Hooker e a boa vibe da música pernambucana

Cantor lança o DVD Macumba ao Vivo em Recife, gravado há cinco anos

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  • Ana Pereira

Publicado em 8 de maio de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: João Correia

Seria bom, nem que fosse por algumas horas, sair um pouco do aqui e agora cruel em que mergulhamos. Melhor ainda seria estar aglomerado num show bacana, com boa música e clima libertário como foi a turnê do álbum Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito!, de Johnny Hooker, lá em 2016. Pois agora, cinco anos depois, o pernambucano lança o DVD Macumba Ao Vivo em Recife, gravado na Casa Baile Perfumado, em abril daquele ano, com o calor de quatro mil pessoas se esbaldando e cantando o repertório que o projetou nacionalmente.

Isolado “no meio do mato” em um sítio próximo à capital paulista, ele conta que as turnês, nacionais e internacionais, o segundo álbum (Desbunde Geral/2018) e o show no Rock in Rio foi deixando o projeto de molho. Mas com a paradeira forçada pela pandemia, veio o clima para a retomada. “Estou muito feliz e orgulhoso de ter feito este registro, sem patrocínio e dependendo do público. Foi sangue, suor e lágrimas”, brinca.

Olhar o para o passado, diz, reflete seu próprio amadurecimento. “Hoje tenho mais domínio de tudo que faço, mais maturidade”, afirma o cantor de 33 anos. Foi bom também reviver o clima envolvente do show, que está na entrega de Johnny e banda, no repertório e na interação com o público. O repertório de 16 faixas sai dos hits do álbum, como Alma Sebosa, Amor Marginal, Volta e Segunda Chance e passa por algumas releituras deliciosas como  Garçon (com Otto), Vermelho (com Fafá de Belém) e Amor Brando (com Karina Buhr). Já o álbum tem 20 músicas.  

 

O DVD é o primeiro registro ao vido de Johnny e ele diz que não poderia ter sido gravado em outra cidade que não o Recife, onde cresceu circulando no meio artístico e criado por pais “muito libertários”. “Trazer este sentimento de liberdade para as pessoas é uma das coisas que mais me orgulho, ainda mais agora, neste clima de ódio e obscurantismo”, diz Jhonny, citando um vídeo do ator Paulo Gustavo, que  circulou após sua morte na terça, no qual ele dizia que arte é amor e resistência.

“Espero que este show aqueça o coração das pessoas e a gente possa ser feliz um pouco”, convida Jhonny, que deu um tempo das lives e está envolvido na finalização de seu terceiro álbum de inéditas, que seve ser lançado ainda este ano. O álbum é inspirado no livro Orgia: Diários de Tulio Carella, que conta as aventuras do dramaturgo argentino Tulio Carella (1919-1972) em Recife dos anos 1960. A obra se tornou um clássico da cultura LGBTQIA+. 

 E manda um recado para os baianos: “Pelo amor de Deus, quando chegar a sua hora vá se vacinar, para gente se encontra logo em um show, todo mundo aglomerado, um no cangote do outro”. 

Novos Pernambucanos Helton e Vertin Moura lançam o álbum 'Artista' (Foto: João Guilherme de Paula /Divulgacao)  Helton & Vertin - Parceiros em vários trabalhos, os irmãos Helton e Vertin Moura juntam talentos no álbum autoral Artista - primeiro da dupla que tem base em Arco Verde, no sertão pernambucano. Finalizado na pandemia, Artista traz onze canções que misturas sotaques e vivencias dos dois. “Entre as vivências tem a do Sertão, com a calmaria de uma cidade interiorana pequena, e a das cidades grandes caóticas, experiências essas que mexeram com a arte da dupla”, destaca Helton. “Existe uma variação da base rítmica das faixas e dos elementos utilizados que estão associados à música pop”, acrescenta Vertin. Rocks, baladas, frevo, música erudita/clássica se misturam no disco, que conta com parceiros como Tuzé de Abreu, tocando flauta em Tudo é o Melhor.

Com quase vinte anos de carreira, Helton lançou seu primeiro álbum lançado em 2010. Já Vertin lançou seu primeiro disco, Filhosofia, em 2011.  Também ator, ele protagonixou no ano passado o premiado longa Sertânia, dirigido por Geraldo Sarno. Já esteve também em peças de teatro, filmes e séries, como Big Jato (direção de Cláudio Assis), Marighella (de Wagner Moura) e a 2ª temporada da série 3% (Netflix). 

Foto: Divulgação Luna Vitrolira - A poeta, atriz e performer pernambucana Luna Vitrolira estreia na música com o álbum Aquenda – O Amor às Vezes é Isso (Deck), homônimo ao seu primeiro livro de poemas, finalista do Jabuti 2019. O álbum é composto por 10 faixas autorais que trazem uma diversidade sonora embalando os poemas de Luna, numa fusão de piano, sintetizadores, beats eletrônicos e percussões, num diálogo que vai do jazz ao brega-funk, do rap ao maracatu.

“Minha intenção é expor esses temas para falar da nossa liberdade, do nosso autopertencimento, do nosso poder e autonomia sobre nossos corpos, vidas, trajetórias, escolhas como um caminho para cura”, diz Luna. As poetas Roberta Estrela D’Alva, Mel Duarte, Cristal, Tatiana Nascimento, Bell Puã e Bione; a cantora Xênia França e o poeta e cantor José Paes de Lira participam do trabalho, que tem produção musical do pianista Amaro Freitas .

“Sei que o trabalho causará impacto, mas a gente pode imergir e afundar sem se afogar. Quero abraçar a história, a sensibilidade e a consciência das pessoas como uma forma de acolhimento. Precisamos falar de um outro Amor que não é esse produto que está no mercado, que não é essa realidade de mentira que nos mata. Podemos construir coletivamente outra versão para o Amor” , diz Vitrolira.