Joice Hasselmann fala sobre Sistema S e reforma da previdência em visita à Bahia

No Cimatec, deputada disse querer "os votos do PT" para aprovar a reforma

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  • Thais Borges

Publicado em 18 de março de 2019 às 19:00

- Atualizado há um ano

“A gente precisa olhar com uma lupa para o Sistema S”. Foi assim que a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) se referiu à a revisão do Sistema S, que inclui o Serviço Social da Indústria (Sesi), o Serviço Social do Comércio (Sesc) e e o Serviço Nacional de Apredizagem Industrial (Senai). A declaração foi feita à imprensa na manhã desta segunda-feira (18), ao chegar para uma visita no Senai Cimatec, em Piatã. 

De acordo com a deputada federal, que é líder do governo na Câmara dos Deputados e coordenadora do Movimento Brasil 200, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria empenhado em fazer com que os recursos destinados ao sistema sejam bem aplicados. Ainda no ano passado, Guedes declarou que era preciso “meter a faca” no Sistema S. 

“Não significa acabar, demonizar, atacar. Até porque o Sistema S tem alguns cases de grande sucesso. Aqui mesmo, o Cimatec, é excepcional. O que eu vi aqui do Cimatec realmente é algo de cair o queixo. É um exemplo para o Brasil e para o mundo, mas também há alguns problemas em algumas regiões, então, a gente tem que olhar com lupa sem nada de afogadilho para saber realmente como que a gente vai conduzir isso”, afirmou Joice, sem entrar em detalhes sobre quais problemas já teriam sido identificados. 

Segundo ela, o lema do governo é de manter “tudo enxuto” – o que teria sido visto em cortes de cargos e de ministérios. “Não vai ser diferente com o Sistema S”, completou, antes de afirmar que não pode dizer que serão feitos cortes nos investimentos no setor. “O Sistema S é com o ministro Paulo Guedes. Eu vim aqui como representante do Brasil 200, como líder do governo no Congresso para ouvir os empresários aqui, para ouvir a nossa bancada, para ouvir representantes até mesmo do governo e da prefeitura, porque a nossa pauta agora é previdência”, disse. A vinda de Joice a Salvador faz parte de uma agenda do Movimento Brasil 200, cuja Frente Parlamentar do Brasil 200 deve ser lançada na próxima terça-feira (26), em Brasília.  Joice (no centro) visitou o Cimatec ao lado de políticos como o deputado federal José Rocha (PR-BA) e a deputada federal Dayane Pimentel (PSL-BA) (Foto: Thais Borges/CORREIO) Previdência No fim de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a dizer que acredita que a reforma da previdência deve ser votada até maio. Joice diz ter cautela. “Não precisa ter uma sangria desatada”, pondera. No entanto, garante que o governo não abre mão de aprovar a reforma ainda no primeiro semestre deste ano. 

“A gente aprovando a previdência até o final do primeiro semestre, vai ter uma chuva de investimentos, inclusive na região Nordeste. Muitos (investidores) querem colocar fazendas fotovoltaicas, querem investir em fruticultura irrigada, querem trazer tecnologia nova para produzir a fruta e levá-la para o mundo todo desidratada”. 

Ela admite até que, se o projeto for aprovado, deve ser diferente do que foi enviado pelo Executivo. A deputada acredita que podem ser feitas mudanças, desde que a previsão de economia no orçamento não saia da casa do R$ 1 trilhão. Hoje, fica em torno de R$ 1,2 trilhão. A líder do governo deixou claro, porém, que não dá para flexibilizar todas as categorias. “Ah, puxa BPC, puxa aposentadoria rural, puxa professor, puxa idade de mulher. Aí, não dá. Aí não é reforma. Aí é uma brincadeira que vão fazer com o povo", avaliou."Tem que entender onde mais pega. Onde aperta o calo? É no BPC (Benefício de Prestação Continuada)? Então vamos conversar sobre o BPC. É na aposentadoria rural? Eu vejo que aqui no Nordeste há, de fato, uma reclamação generalizada em relação às questões do aposentado rural”, completou.

Oposição Para Joice, o PSL precisa anunciar fechamento de questão sobre a reforma da previdência. Não faria “sentido”, diz ela, que o partido estivesse dividido. No entanto, para conseguir a aprovação da proposta, vale conversar até mesmo com a oposição – seja com bancadas no Congresso, seja com governadores. Na Bahia, por exemplo, Joice disse que chegou a falar com o vice-governador do estado, João Leão (PP), por telefone, na manhã desta segunda. “Falei: ‘Leão, essa é uma pauta que talvez seja a única capaz de reunir gregos e troianos’. Por quê? Porque todos nós precisamos da aprovação da reforma da previdência. Se não houver nova previdência, o Brasil quebra. E começa a quebrar por onde? Pelos estados”, garante. Divergências ideológicas, portanto, ficariam de lado em nome de questões básicas – como serviços e pagamento dos servidores. Segundo ela, alguns governadores do PT já teriam dado indícios de que precisam da reforma, mesmo estando em campos ideológicos diferentes. Seria o caso do governador do Piauí, Wellington Dias. Na avaliação da deputada, ele “já deu sinais”. Ela não quis comentar, porém, se tinha alguma reunião prevista com o governador da Bahia, Rui Costa (PT). 

Além dos governadores, deputada disse estar conversado com integrantes de partidos como PSB e PDT. Ela diz saber que precisa dos votos da oposição. “E, se houver responsabilidade ali dentro da bancada do PT, eu também quero os votos do Partido dos Trabalhadores.  A gente sabe que esse é um tema que vai gerar muito discurso. Pode fazer discurso, pode ir para o plenário, pode brigar no plenário, mas, na hora de votar, vota com a gente”, convocou. 

Joice também não quis divulgar detalhes de sua agenda. “Vou falar com os empresários e depois tenho uma agenda que vocês não podem saber”, disse, aos jornalistas. 

De acordo com a assessoria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), porém, a programação da tarde incluía uma visita à Escola Sesi Djalma Pessoa. Durante a manhã, a deputada conheceu as instalações do Cimatec.