Jornal chama russas de 'putas' e critica comportamento na Copa

Artigo foi publicado em um dos maiores jornais da Rússia e gerou revolta na internet

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  • Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2018 às 15:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Yuri Kadobnov/AFP

A Copa do Mundo na Rússia já registrou casos de assédio a mulheres, inclusive envolvendo torcedores brasileiros, que gravaram um vídeo fazendo referências à cor da genitália de uma habitante local. Agora, foi a vez de um colunista de um dos maiores jornais do país sede do Mundial chamar as russas de “putas”. 

O texto assinado pelo jornalista Platon Besedin e publicado no jornal Moskovskiy Komsomolets, critica o comportamento sexual feminino em relação aos turistas que estão no país para acompanhar a Copa do Mundo. De acordo com o UOL, o título do artigo, publicado no dia 27 de junho, é "A hora das putas: as russas se envergonham e envergonham o país na Copa". 

"Nas cidades onde têm a Copa do Mundo, muitas russas se comportam como prostitutas na frente dos estrangeiros. As mais espertas colocaram anúncios nos sites de relacionamento. Claro que muitas mulheres procuram estrangeiros por dinheiro, outras procuram o casamento. Mas tem mulheres que estão prontas para dormir com estrangeiros de forma gratuita só porque são estrangeiros. Podemos dizer que dá vergonha. Muitas mulheres nem conhecem o sentimento de vergonha. Muitas mulheres que correm atrás dos estrangeiros não têm vergonha, moral e valores.  Nós criamos uma geração de putas prontas para abrir as pernas ao escutar algum sinal de idioma estrangeiro", diz um dos trechos da publicação.

O autor também cita no seu texto que as mulheres do país estão reforçando a imagem de que o público feminino do país se vende e são “ovelhas negras que contaminam o rebanho”. 

"Hoje em dia, esse comportamento é cultivado e se vender não é vergonha. Vergonha é trabalhar como enfermeira simples no hospital e ganhar 9 mil rublos. As redes sociais têm muitos vídeos onde meninas jovens e não tão jovens se comportam como prostitutas com responsabilidade social baixa. O caso menos grave é o de um torcedor brasileiro que paga a uma menina num clube da cidade de Rostov por 5 minutos de esfrega-esfrega. Ou por exemplo aquele dos torcedores poloneses fazendo sexo oral em uma menina russa numa banca no centro da cidade, enquanto as pessoas que estão passando gritam 'que nojento' e outros riem. O mais horroroso nesse vídeo é o fato que a russa também está bebendo Coca-Cola e vodca", diz o texto.

Besedin se referiu a um escândalo que envolveu uma rede de fast-food, que prometeu às russas três milhões de rublos (R$ 180 mil) e sanduíches de graça caso alguma delas engravidasse de um jogador que disputasse o Mundial.

Por fim, o autor também cobra uma solução para o comportamento das torcedoras. "Você vai dizer que existem alternativas. Eu tenho certeza que sim. Mas quem vai nos mostrar esses caminhos? Precisamos não apenas para a Copa, mas em geral. As putas estão em todos os lugares como baratas mortas que só consomem, comem e cagam. Pensando apenas em suas necessidades. O teto, o ponto mais alto dos sonhos dessas mulheres, é ter um apartamento  em seu nome e todas as contas pagas por um homem branco e nobre”, completa.Revolta e nova resposta O artigo foi compartilhado nas redes sociais e ganhou grande proporção. Com quase meio milhão de visualizações, o texto gerou revolta de internautas, que se disseram indignados com o machismo do conteúdo publicado no jornal. O Moskovskiy Komsomolets não se posicionou, mas também publicou artigos de outros autores que condenam o conteúdo do texto. 

Após a repercussão, Besedin voltou a escrever e disse que “as russas interpretaram suas palavras de forma equivocada”. “Eu vi muitos comentários de mulheres indignadas no meu artigo 'A geração das putas'. Ele supostamente degrada sua dignidade. Não, meu artigo não degrada sua dignidade, mas a imagem de uma mulher como uma prostituta, que é cultivada em nossa sociedade: de revistas de moda a talk shows populares. Pareça uma prostituta, seja sexy - venda-se para o sucesso”, escreveu ele.

 “Vocês insultaram a minha frase: 'Nós criamos uma geração de prostitutas'. Estou pronto para repeti-la novamente. Porque sim, é assim que elas foram criadas. A geração não está na idade, mas na perspectiva do mundo. Não é desde jovem que ensinamos às meninas o que chamamos timidamente de sexualidade? Nós ensinamos as garotas a parecerem sexy e dançarem sexualmente, porque elas precisarão disso na vida. As mães e os pais ensinam isso. Nós trouxemos uma geração de garotas que consideram como objetivo principal o número máximo de inscritos no Instagram”, completou Besedin no seu novo artigo.