Jornalista baiano lança Eu, Gregório, livro narrado por um gato

Primeira ficção de Raul Moreira é inspirada e dedicada aos muitos gatos com os quais conviveu

Ele vê tudo ao seu redor desabar, mas antes levava uma vida tranquila, cheia de amores e desamores, com amigos e inimigos próximos e distantes. Ele é Gregório, um gato que supõe estar na meia idade e já descobriu que não tem sete vidas. É ele também quem conduz a narrativa do livro Eu, Gregório (editora Noir), primeira ficção do jornalista e cineasta Raul Moreira, que será lançado nesta quarta-feira (29), a partir das 17h30, no Palacete das Artes (Graça).

“É como se, em certos momentos, Gregório falasse por ele e por todos os gatos do mundo, reivindicando e propondo tudo àquilo que lhes é de direito”, diz Raul Moreira, que já criou gatos em Salvador, em Milão e até em Dublin, onde durante um ano adotou um frajola “que parecia gente” e, de alguma forma, serviu de inspiração para a construção do personagem de seu livro. A paixão do autor por gatos é tão grande que o livro é dedicado, in memoriam, aos felinos com quem conviveu.

Só quem já se relacionou com os bichanos conhece as delícias e as surpresas que envolvimento do tipo pode propiciar. Quem conviveu com eles também, sabe quanto deixam suas marcas - sejam pelos ou arranhões - sobre qualquer superfície. É por isso, que, de cara, vai notá-los "enfeitando" a capa da publicação.  (Foto: Reprodução) Tal intimidade se reflete em Eu, Gregório, uma ficção na qual se encontram elementos autobiográficos, naturalmente, mas, acima de tudo, residem duas questões fundamentais da existência: vida e morte. Gregório assimilou todo o conhecimento de Mimi, sua dona, uma mulher culta e lésbica que se descobre portadora de uma doença desconhecida. De forma surpreendente, o autor constrói uma teia narrativa que embaralha as cartas, coloca um gato na condição de narrador da sua existência e torna a leitura um exercício no mínimo desafiador.

Por via de Gregório, Raul Moreira elabora também uma espécie de tratado a respeito do que é ser um gato, seja de apartamento ou de rua. Em certos trechos do livro, o narrador fala de como um felino deve se alimentar, da importância da hidratação para os rins, do jeito se sobrevier a uma queda de sessenta metros e, até, como lidar com a castração.

No evento de lançamento logo mais, os convidados receberão uma máscara de gato, do nariz pra cima. Além da sessão de autógrafos e do bate-papo sobre gatos e literatura, o público poderá conferir o jazz da Geleia Solar, famosa por tocar aos sábados na Jam no MAM, além da discotecagem do DJ Elettra.