Jovem confundido com traficante é torturado e morto em Salvador

Vítima foi espancada e levou um tiro na cabeça

  • Foto do(a) author(a) Nilson Marinho
  • Nilson Marinho

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nilson Marinho/ Reprodução/CORREIO

Alex Ramos Ferreira, 19 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça e marcas de espancamento no último domingo (14), depois de sair de casa, na Boca do Rio, com destino à casa do avô, em Narandiba. De acordo com familiares da vítima, o jovem teria sido torturado e morto depois de ser confudido com um traficante da Engomadeira. 

No dia do crime, Alex saiu da casa onde morava, próximo ao Aeroclube, por volta das 14h. Disse aos familiares que iria até a casa do avô, em Narandiba. O jovem, antes de chegar no destino final, se encontrou com mais dois amigos próximo à casa do parente. Alex, 19 anos, foi espancado e assassinado com um tiro (Foto: Nilson Marinho/ Reprodução/CORREIO) Populares relataram aos familiares que Alex, por sugestão dos dois amigos, seguiu para o Arenoso para buscar um video game. Ao chegar no local, os três foram abordados por traficantes da região. Os dois amigos foram liberados pelos criminosos após informar que moravam em Narandiba. Alex, por sua vez, depois de ser confundido com um traficante rival da Engomadeira, foi levado do local por homens armados.

[[publicidade]]

Procura Já no final da tarde, preocupada com o desaparecimento do filho único, a mãe de Alex, a veterinária Joseane Ramos, 40, com a ajuda do padastro da vítima, iniciaram as buscas. A princípio, a familía foi até Narandiba - bairro onde Alex foi visto antes do desaparecimento. Lá, eles foram informados pelos amigos da vítima que um grupo de criminosos os liberaram, mas decidiram continuar com Alex. "Os dois amigos, um rapaz e uma moça, nos contaram que quando chegaram no bairro (Arenoso), eles dois foram liberados, mas que os bandidos decidiram segurar Alex. Eles não disseram mais nada. Ficaram quietos e não quiseram entrar em detalhes", conta uma prima da vítima.A família de Alex chegou a ir no Arenoso, mas foi no bairro da Tancredo Neves, na Rua da Torre, atrás de um supermercado, que a mãe se deparou com o corpo do filho no chão.

"Nós saímos em busca de informação e, quando chegamos lá (Tancredo Neves), avistamos um carro de polícia e um corpo coberto. Ela teve uma espécie de pressentimento, sabia que aquele corpo era do filho", contou o padastro. A mãe reconheceu o corpo do jovem no local.  

Revolta De acordo com a mãe, Alex era um menino tranquilo e não tinha envolvimento com drogas. Ela não consegue entender o que teria acontecido com o filho, tampouco consegue explicar a ida dele ao Arenoso, já que, durante algumas conversas, ela havia alertado ao filho sobre os perigos de entrar em bairros desconhecidos. "Ele era um menino bom. Criei com muito esforço, sozinha. Fui pai e mãe, dei tudo a ele, nunca faltou nada, tinha tudo do bom e do melhor. O que salva o mundo é a educação e meu filho foi muito bem educado. Educado por uma mãe solteira", desabafou Joseane ao CORREIO, enquanto fazia a liberação do corpo do filho, na manhã desta quarta (17), no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML).Sobre os amigos que teriam convencido Alex a ir ao Arenoso, Joseane conta que eles são conhecidos da família e amigos de infância da vítima. "Eles foram criados juntos em Narandiba porque moramos durante 10 anos lá (Narandiba)", disse a mãe.

Ainda segundo ela, os jovens se recusaram a falar sobre o ocorrido, mesmo depois de ter presenciado Alex sendo levado pelo grupo. "Eles poderiam ter avisado sobre o desaparecimento. Só ficamos sabendo à noite. Quando nos avisaram não quiseram ir até lá, apenas disseram: 'é barril, lá é perigoso'", completou Joseane.  

Ela conta ainda que o filho foi encontrado sem os pertences pessoais e com muitas marcas pelo corpo, principalmente na região do tórax."Espacaram ele. Hoje em dia é assim, você não pode morar na orla que eles já te consideram mauricinho. Meu filho só andava arrumado, talvez isso tenha despertado a raiva", lamentou. Investigação De acordo com a Polícia Civil, ainda não há informações sobre a autoria e motivação do crime, mas parentes das vítimas estão sendo ouvidos no  Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Polícia Civil informou ainda que, por motivo de segurança, não seriam divulgadas informações sobre os amigos que estavam na companhia de Alex no momento em que ele foi levado. O corpo do jovem foi sepultado na tarde desta quarta, às 14h, no Cemitério Municipal de Itapuã. 

* Colaborou Milena Teixeira