Jovem é morto durante abordagem policial em Mussurunga

A vítima tinha 18 anos e escondia arma em casa

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  • Nilson Marinho

Publicado em 30 de agosto de 2018 às 17:00

- Atualizado há um ano

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O pai carrega no braço esquerdo a inicial do nome do filho: Murilo Henrique dos Santos Ramos, de 18 anos, morto na tarde desta quarta-feira (29) durante uma abordagem policial no bairro de Mussurunga. 

A tatuagem do familiar já não pode ser apagada assim como a dor de saber que um dos seus três filhos foi morto depois de receber um tiro no peito, segundo ele, efetuado por policiais militares que atuam no bairro. Murilo Henrique dos Santos Ramos,  de 18 anos, escondia uma arma dentro de casa: (Foto: Reprodução/CORREIO) O pai, que prefere não revelar o nome por temer retaliações, conta que Henrique estava em casa, na Rua Caminho 56, na companhia da mãe e do sobrinho de apenas 6 anos, quando policiais chegaram procurando por uma arma que o jovem escondia na residência. 

Arma O pai confessa que, há alguns meses, o filho chegou em casa com um revólver. A arma seria de um amigo que lhe pediu para que escondesse o objeto. 

A mãe reclamou com o filho assim que soube que Murilo estava com uma arma. Ela pediu para que ele se desfizesse do revólver. O jovem, por sua vez, acatou o pedido da mãe. Ela só não imaginava, no entanto que, meses depois, ele traria novamente uma outra arma para dentro de casa. 

Segundo a família, o jovem era usuário de drogas mas não tinha envolvimento com o tráfico e nem antecedentes criminais. Ele não trabalhava e havia parado de estudar ainda no ensino médio. "Os policiais chegaram na casa da mãe do meu filho procurando por uma 'metralhadora'. Mas não havia, ali, arma de grande calibre. Acho que eles não precisavam fazer o que fizeram. Foi uma brutalidade", comenta o pai. A versão de que o jovem escondia a arma foi confirmada aos policiais por uma vizinha. De acordo com ela, Murilo, ao perceber os PMs entrando em sua casa, se desfez do objeto jogando-o para o terreno ao lado. 

Morte Os PMs, após entrar na casa e encontrar o jovem, algemaram a vítima e a colocaram no fundo da viatura. "Quando estava sendo levado, meu filho olhou para a vizinha e pediu para que não matassem ele", conta o pai. 

A vítima foi baleada no peito depois de ser levada na viatura para um matagal próximo à sua casa. Ele chegou a ser encaminhado para o Hospital Menandro de Faria, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), mas não resistiu aos ferimentos, morrendo no final da tarde da quarta. 

Os familiares denunciam ainda que, durante a abordagem, os PMs levaram uma quantia em dinheiro da mãe do jovem. O valor seria fruto de algumas faxinas que ela tinha realizado durante a semana. No hospital, o caso foi registrado como troca de tiros.

Já a Polícia Militar informou, por meio de nota, que por volta das 15h a Corporação, via Centro Integrado de Comunicação (Cicom), foi acionada com a informação de que três homens estavam ostentando armas de fogo no Setor L de Mussurunga.

Ao chegar no local informado, os criminosos, segundo a versão policial, passaram a atirar contra a equipe da 49ª Companhia Independente de PM (CIPM/São Cristovão), que reagiu.  "Na ação, um homem foi atingido e socorrido ao Hospital Menandro de Farias, onde não resistiu", conclui a nota.   A ocorrência foi registrada na Corregedoria Geral da Policia Militar da Bahia, que irá instaurar um Inquérito Policial Militar (IPM), procedimento padrão em casos de resistência à abordagem policial - em seguida, o documento é remetido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).

A PM informou ainda que orienta a família a registrar o fato na Corregedoria da Polícia Militar - na Rua Amazonas, 13, no bairro da Pituba - e formalizar a denúncia.

*Com a orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier