Julgamento em última instância de Robinho por estupro é marcado

Tribunal de Roma vai analisar recurso da defesa do brasileiro contra a sentença de nove anos de prisão

Publicado em 7 de janeiro de 2022 às 15:20

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Ivan Storti/Santos FC

A Corte de Cassação de Roma, última instância da Justiça na Itália, irá julgar o brasileiro Robinho próximo dia 19. O jogador foi condenado a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual de grupo contra uma mulher albanesa, em 2013. Depois deste julgamento, não haverá mais possibilidade de recurso.

As informações foram publicadas inicialmente pelo Uol Esportes. Será analisado pelo tribunal o recurso apresentado pela defesa do brasileiro. A Corte de Cassação de Roma representa a última chance de absolvição e, só após o processo tramitar nessa instância, um acusado pode ser considerado culpado por algum crime.

Caso a condenação seja confirmada, a justiça italiana pode pedir a extradição do jogador. No entanto, segundo a Constituição de 1988, é vetada a extradição de brasileiros natos.

Robinho no momento se encontra no Brasil, sem clube. Ele e o amigo Ricardo Falco foram condenados em duas instâncias por abusar sexualmente de uma jovem de origem albanesa, então com 23 anos, na boate Sio Café, em Milão, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. À época, o atacante era um dos principais jogadores do Milan.

Outros quatro brasileiros teriam participado do ato. Mas, como deixaram a Itália no decorrer das investigações, estão sendo processados em um procedimento à parte.

A condenação do jogador e o amigo foi baseada no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala da participação de duas ou mais pessoas reunidas para ato de violência sexual, forçando a vítima a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.

Em outubro de 2020, o Santos anunciou que Robinho retornaria ao time, com contrato válido por cinco meses. Mas, após a divulgação de conversas sobre o caso, conselheiros e patrocinadores do clube pressionaram para que o vínculo fosse desfeito. Poucos dias depois, a contratação foi suspensa.

Em março do ano passado, a Corte de Apelação de Milão divulgou o teor da sentença, proferida no dia 10 de dezembro de 2020. No texto, as juízas Francesca Vitale, Paola Di Lorenzo e Chiara Nobili destacaram que o atacante demonstrou 'desprezo' pela vítima."O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal", escreveu Vitale, que presidiu o julgamento em segunda instância, referindo-se ao atacante.No documento de 22 páginas, o tribunal analisou o caso e rebateu as defesas de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco, que responde ao mesmo processo. A juíza enfatizou contradições nas versões apresentadas pelos brasileiros, mencionando a transcrição de conversas interceptadas pela polícia. 

Em uma das conversas, o atacante disse que não se lembrava da mulher, de origem libanesa. Em outra, afirma que não tocou nela. Já em uma terceira gravação, admite que fez sexo com a mulher.

"Dia 24 do mesmo mês, em conversa interceptada às 17h05, Jairo pergunta se Robinho também havia transado com a mulher. Ele responde: 'Não, eu tentei'. E Jairo rebate dizendo que havia visto quando ele colocava o pênis dentro da boca dela, ao que Robinho responde que 'isso não significa transar'", escreveu a juíza."Neste contexto, a atitude de Robinho passa por uma espécie de amnésia inicial até chegar a lembrança do que aconteceu", continuou.A corte alegou tentativa de "enganar as investigações, oferecendo aos investigadores uma versão dos fatos falsa e previamente combinada".