Junto com o Balé Folclórico, Daniela Mercury faz show no Festival Virada Salvador

Esse foi o 19º show do projeto de Daniela Mercury

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  • Milena Hildete

Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 07:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Há pouco mais de 22 anos, a massoterapeuta Eliane Soares, 43 anos, tentou assistir ao seu primeiro show de Daniela Mercury. Ela foi até o Clube Bahiano do Tênis, na Barra, mas não conseguiu entrar para ver o espetáculo porque foi barrada pelos seguranças. “Na época, gente preta não entrava ali. Eu fiquei na porta, mas ninguém me deixou assistir”, contou. Ontem à tarde, Eliane fez questão de colocar na grade do palco do Festival Virada Salvador para assistir ao show, na 19ª edição do Pôr do Som, projeto idealizado pela artista. “Dou graças a Deus de conseguir assistir esse show hoje. Venho porque ela faz música pra negro, como eu”, completou.

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Na arena batizada com o nome da cantora baiana, milhares fãs aguardaram ansiosos pelo show. Quando a artista chegou, o público foi à euforia. A apresentação de Daniela deu uma identidade baiana ao Festival Virada. Ela fez questão de levar a representação da capoeira, baianas de acarajé, pescadores.

Junto com o Balé Folclórico da Bahia, ela abriu o show saudando os orixás. Com os bailarinos  ao redor, a artista cantou para Obaluaê. Na sequência, entoou sucessos como Pérola Negra, Maimbê e a nova música de trabalho, Banzeiro.

Também convidados do show, o grupo Quabales, do Nordeste de Amaralina, já chegou ao palco dando a voz: “Pegue a visão”, disseram os integrantes, enquanto se falavam sobre problemas sociais. O grupo cantou a canção Andar com fé. Ainda teve participação de Boogarins.

Em um espetáculo com muita energia, Daniela trocou de roupa três vezes. Usou um vestido branco, um macacão colorido, e, por fim, um vestido preto. Do palco, a cantora apresentou sucessos que fizeram parte do Carnaval baiano. Entre elas: Rapunzel, Maimbê, O Canto da Cidade, Protesto Olodum, além de Pérola Negra e das novas canções Banzeiro e Samba Presidente. “Que gente tenha muitas formas de amar e que cada pessoa seja singular”, desejou.

Enquanto isso, do chão, a professora Ana Paula Azevedo, 31, curtia o show, que começou às 18h35. Ela veio de Brasília (DF) e aproveitou para ir ao show de Daniela. “Venho porque ela consegue representar a população brasileira, a essência do povo”, afirmou.

Antes do show, Daniela falou sobre a homenagem no nome do local da festa - Arena Daniela Mercury. “Fico lisonjeada e recebo com todo prazer do mundo essa arena. Esse lugar é da música, da arte, do povo, eu sou uma menina de Brotas. Salve o  samba reggae e todo povo dessa cidade”, disse.

Ela também disse que, na 19ª edição do Pôr do Som, decidiu fazer um show “mais livre”. “Estou muito feliz, é o 19º Pôr do Som, foi um espaço conquistado com muito esforço. Eu não me canso de celebrar nossas origens, é importante a gente não esquecer de onde veio. É isso que faço no Pôr do Som”, disse.

Quando perguntada sobre o hit do Carnaval de 2018, brincou. “O hit do Carnaval vai ser a gravidez de Ivete. Eu, ela, Margareth e Claudinha somos cantoras estruturais dessa festa. Quando uma falta, a gente representa”, afirmou.

Mas, para os fãs, não há dúvida: Banzeiro será a música da folia. “Em 1982 era tudo frevo, Banzeiro é uma volta pra lá. O Brasil deu uma retrocedida, né? Quis retratar isso de uma forma leve”, explicou Daniela.

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