Justiça decreta prisão preventiva de 44 PMs amotinados no Ceará

Ao todo, mais de 170 assassinatos já foram cometidos durante os 11 dias de paralisação da categoria

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 19:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho, da 17ª Vara Criminal de Fortaleza, decretou a prisão preventiva de 44 policiais militares amotinados no Ceará. Eles haviam sido presos em flagrante. Em audiência de custódia, a medida cautelar foi confirmada, para que fiquem detidos por tempo indeterminado. Ao todo, mais de 170 assassinatos já foram cometidos durante a paralisação da categoria que dura 11 dias. O governo Camilo Santana (PT) busca um acordo com os amotinados, mas após sucessivas reuniões, a crise continua. Dentre uma lista de 17 reivindicações, estão a anistia a processos disciplinares e a revisão da política de reajuste salarial do governo Santana e de seu antecessor, o hoje senador licenciado Cid Gomes (PDT), que foi baleado ao tentar invadir, com uma retroescavadeira, o batalhão da PM na cidade de Sobral, onde os PMs estavam aquartelados. Segundo o magistrado, "o material que acompanha o procedimento aponta indícios de autoria e da materialidade do delito de deserção especial". "No atual momento, o Ceará nfrenta uma grave crise no sistema de segurança, com o movimento paredista, apesar de ser vedado aos militares fazerem greve, como previsto expressamente na Constituição Federal, ao dispor que 'ao militar são proibidas a sindicalização e a greve'". "Esses fatos, como o relatado nos presentes autos, com a falta de apresentação dos autuados para embarque, com vistas ao reforço na Operação Carnaval 2020, importaram em agravamento da situação, com risco em potencial e consequências severas para toda a população, como o crescimento drástico no número de homicídios e a mudança de rotina de toda a sociedade, com reflexos na economia, pois importou em cancelamento dos festejos em diversos municípios", destacou. De acordo com o juiz, restam 'presentes os fundamentos que ensejam a prisão preventiva, quais sejam a garantia da ordem pública, diante dos fatos ocorridos nas últimas horas, com grave risco para a segurança da sociedade, bem como a necessidade de preservar a hierarquia e a disciplina, configurando o periculum libertatis'.Investigação com base na Lei de Segurança Nacional Na quinta-feira (28), o Ministério Público Federal instaurou investigação para apurar a prática de crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social no motim de policiais militares. A Procuradoria vai apurar se os atos praticados durante o movimento podem ser enquadrados como crimes tipificados na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83). O dispositivo legal caracteriza como crime, por exemplo, a prática de sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres. Também é considerado crime tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos estados, bem como incitar a subversão da ordem política ou social e a prática de qualquer outro crime previsto na lei. Os ministros do Supremo criticaram o movimento grevista e disseram que a Constituição proíbe a sindicalização e a greve de militares. "É um perigo para as instituições. Não pode nenhuma corporação armada fazer greve", disse Ricardo Lewandowski. "Como ministro do Supremo Tribunal Federal, acho que é extremamente preocupante uma greve de policiais militares ou de qualquer corporação armada. É constitucionalmente vedado que corporações armadas façam greve", emendou.  O presidente Jair Bolsonaro decidiu na sexta (28) prorrogar por mais uma semana o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O decreto possibilitou o envio de militares do Exército para reforçar a segurança pública no Estado. Durante a manifestação, unidades militares foram ocupadas na capital, Fortaleza, e no interior.   Moro diz que PMs não podem ser tratados como bandidos   O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou neste sábado (29) que a paralisação dos policiais militares no      Ceará é ilegal, mas que os PMs não podem ser tratados como criminosos.O governo federal vê com preocupação a paralisação que é ilegal da Polícia Militar do estado. Claro que o policial tem que ser valorizado, claro que o policial não pode ser tratado de maneira nenhuma como um criminoso. O que ele quer é cumprir a lei e não violar a lei, mas de fato essa paralisação é ilegal, é proibida pela Constituição  Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública