Justiça pede prisão de DJ acusado de agredir ex

Policiais foram até o endereço dele e da mãe nesta quarta (30)

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 11:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: ARQUIVO CORREIO

Após pedido da defesa da bacharel em Direito Juliana Galdino, 26 anos, e do Ministério Público da Bahia, a 1ª Vara de Justiça pela Paz em Casa de Salvador expediu, nesta segunda-feira (28), o mandado de prisão preventiva contra João René Espinheira Moreira, conhecido como DJ John Oliver.

O CORREIO apurou que após buscas no endereço do DJ, em Amaralina, e da mãe dele, no Rio Vermelho, nesta quarta-feira (30), ele não foi localizado.

Atualização: O mandado de prisão foi revogado pela Justiça no dia 18 de março de 2019 e convertido em medidas cautelares. O processo tramita em segredo de justiça. 

O nome de João Espinheira passou a integrar o Banco Nacional de Mandados de Prisão, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O documento judicial tinha validade até 21 de janeiro de 2027. Ele é acusado de agredir a ex-namorada, Juliana Galdino, na madrugada do dia 4 de janeiro.

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Medida protetiva No dia 6 de janeiro, um dia após as agressões à vítima, a juíza plantonista do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) decretou medida protetiva em favor de Juliana, o que impediu John Oliver de se aproximar e manter contato com ela ou membros da família. No dia 7, a juíza da 1ª Vara da Justiça pela Paz em Casa, Márcia Nunes Lisboa, reforçou a medida e marcou audiência para o dia 22 de fevereiro, quando vão ser ouvidas as partes. (Foto: Acervo Pessoal) No último dia 16, o setor psicossocial da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Brotas (Deam) anexou relatório ao processo contendo a necessidade e urgência de vigência da medida protetiva.

Na ação penal, Juliana alegou que foi agredida com socos, murros e pontapés na madrugada de 4 para 5 de janeiro, na casa onde mora com a mãe. A vítima contou ao CORREIO que namorou com o DJ por 2 anos e 3 meses, mas que já estavam terminados quando a briga aconteceu. Ela teve ferimentos no rosto, pescoço, braços e pernas, e precisou levar sete pontos na cabeça. Segundo ela, o DJ não aceitava o término do relacionamento.

À época, João contou ao CORREIO que foi ele quem terminou e Juliana, por não aceitar, o agrediu. “Eu revidei, apenas, e fiz o que qualquer pessoa faria”, disse. Juliana levou pontos na cabeça após agressões sofridas dentro de casa (Fotos: Acervo Pessoal) Segundo levantamento do CORREIO e que consta na ação penal movida pelo MP-BA em nome de Juliana contra João Espinheira, o DJ tem, atualmente, cinco processos (incluindo o mais novo, aberto pela estudante) em andamento na Bahia, todos por violência contra a mulher. O DJ nega que hajam processos ativos contra ele.

Procurada, a 1ª Vara de Justiça pela Paz em Casa de Salvador não quis comentar o assunto e argumentou não poder confirmar se, de fato, já houve buscas ao DJ John Oliver. O celular do DJ está desligado e o Instagram foi desativado. O CORREIO tenta contato com a defesa de João René. João afirmou que também foi agredido pela ex-namorada (Foto: Acervo pessoal) Murro Segundo o relato de Juliana, a agressão na madrugada do dia 4 de janeiro aconteceu depois que John Oliver entrou em contato com ela, querendo conversar para “não ficar esse clima ruim”. 

A jovem, que estava na casa da mãe, aceitou, porque havia uma pendência financeira de TV a cabo e internet a ser resolvida. “Ele disse: ‘vou pagar o que devo a você e pronto, cada um segue sua vida. Ele queria que eu fosse pra casa dele, mas não fui. Então recebi ele no hall do meu prédio”, lembrou Juliana.

A vítima contou que o DJ chegou com um copo de whisky na mão e, depois de uma conversa inicial “tranquila”, ele pediu para ir ao banheiro. “Ele disse que estava apertado e no meu prédio não tem banheiro, nem porteiro, porque é um prédio antigo. Ele insistiu muito e a gente subiu. Quando ele viu que eu estava sozinha em casa, porque todo mundo viajou para Guarajuba, já saiu do banheiro dizendo, ‘vou te matar, desgraça’”, disse.

Juliana afirmou que demorou para entender o que estava acontecendo, quando recebeu a primeira “pisada”.“Ele me chutou, me deu murro na cabeça, tirou meu ar e eu gritando ‘socorro’, ‘socorro’, mas os vizinhos não fizeram nada”, disse Juliana, que ficou sem enxergar temporariamente por causa do sangue no rosto e perdeu o equilíbrio.“Ele me enforcou mesmo, disse que ia me matar. Ele é louco. Nunca pensei que isso fosse acontecer dentro da minha própria casa”, contou emocionada.

À época, o DJ John Oliver disse ao CORREIO que, na verdade, após ser agredido e se defender, Juliana caiu e bateu a cabeça. “Eu ainda prestei socorro a ela, com a ajuda de minha mãe, que é enfermeira”, afirmou.

Arrependido Durante a briga, a vítima disse que o DJ parou de repente e chorou, dizendo que “não queria que isso tivesse acontecido”. “Ele é um artista, isso sim. O banheiro estava todo ensanguentado e ele ligou para um amigo que foi lá limpar tudo. Eu estava fora de mim, sem equilíbrio e sem entender mais nada”, narrou.

Juliana disse que, apesar do seu estado, o DJ não quis levar ela no hospital. João rebateu a acusação e disse que foi a jovem quem se recusou a ser atendida em uma emergência e preferiu esperar a mãe voltar.

“Ele deu um ponto falso na minha cabeça, com um esparadrapo, porque estava sangrando muito, e foi embora. Só aí que eu consegui falar com minha mãe, que saiu de Guarajuba correndo pra cá”, completou. Com a mãe, Juliana seguiu direto para a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas, onde recebeu a orientação de seguir para uma emergência.

A vítima também contou que o ex-namorado levou a carteira e o celular dela, além de ter apagado mensagens e mexido nas redes sociais da jovem. “Ele ficava falando de amor. Que amor? Tá louco? Ele é doente, é psicopata”.

‘Tentativa de homicídio’ Em 2 anos e 3 meses de relacionamento, Juliana conta que John Oliver mostrava sinais de um comportamento explosivo, com agressões verbais e grosserias “quando chegava estressado do trabalho”, por exemplo.

“Ele já chegou em casa bêbado jogando tudo pra cima, mas nunca nesse nível, porque isso, para mim, foi uma tentativa de homicídio”, afirmou, sobre o que viveu na madrugada do dia 4 de janeiro. 

Procurado pelo CORREIO após a denúncia de Juliana, o DJ John Oliver disse ao CORREIO que a ex-namorada quer “armar” para cima dele. “As mulheres são assim. E agora, com a Lei Maria da Penha, elas se aproveitam e, em qualquer briga, por qualquer motivo, registram ocorrência contra o homem. Depois aquilo fica lá, não tem como apagar”, declarou.

Veja onde buscar ajudaCreas - O Centro de Referência Especializada de Assistência Social atende pessoas em situação de violência ou de violação de direitos. Telefone: 3115-1568 (coordenação estadual) e 3176-4754 (coordenação municipal)

CRLV - O Centro de Referência Loreta Valadares promove atenção à mulher em situação violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº 1 – Barris, em frente à Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268

Deam Brotas - (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) - Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000

Deam Periperi - Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217

Disque Denúncia - As mulheres são atendidas pelo Disque 180, da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres

Fundação Cidade Mãe - Órgão municipal que presta assistência a crianças em situação de risco. Endereço: Rua Prof. Aloísio de Carvalho – Engenho Velho de Brotas

Gedem - O Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público da Bahia atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1.312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier