K-pop para iniciantes: entenda como a Coreia do Sul transformou a música em diplomacia

Enquanto o BTS discursa na ONU nesta segunda-feira (20), baianos aprendem coreano e planejam intercâmbios para o país

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  • Thais Borges

Publicado em 18 de setembro de 2021 às 07:01

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Paula Fróes/CORREIO
Em 2019, o Kpoppers Baianos promoveu praticamente um evento por mês, como os encontros em praças por Foto: Divulgação

“Foi muito estranho porque, no início, eu nem sabia que a Coreia do Sul existia. Hoje, é minha primeira opção numa viagem. Quero fazer pós-graduação lá". O depoimento da estudante baiana Maria Eduarda Veloso, 15 anos, é emblemático de uma geração: os fãs do k-pop, o gênero musical que tem sido capaz de influenciar até a forma como o Ocidente vê e se relaciona com a Ásia. 

O poder geopolítico não é exagero: a lista de autoridades estrangeiras que já assistiram apresentações de boybands e girlbands - grupos masculinos e femininos, respectivamente - que acompanhavam comitivas do governo da Coreia do Sul vai do ex-presidente estadunidense Donald Trump ao ditador norte-coreano Kim Jong-Un. 

Nos últimos 20 anos, o mesmo k-pop que arrasta milhões de pessoas também se tornou uma das principais moedas culturais diplomáticas do país. Só para dar uma ideia, o BTS, boyband que é o maior expoente do gênero atualmente, chegou a receber passaportes diplomáticos na última terça-feira (14), para representar a Coreia do Sul na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima segunda-feira (20). 

Se nada disso faz sentido ou soa familiar para você, é porque talvez não tenha sido cooptado pela hallyu - a onda coreana. Ou talvez porque simplesmente não esteja prestando atenção: das canções do BTS, a boyband que é o maior expoente desse fenômeno, em programas de televisão brasileiros às fotos da girlband Blackpink usadas nos cards da prefeitura de Salvador para vacinar os jovens contra a covid-19, o resultado é o mesmo. O k-pop já invadiu o Brasil - e a Bahia. 

Leia mais: Onde tem Coreia do Sul na Bahia? 'Onda coreana' traz séries e comidas para Salvador Na última terça-feira (14), o BTS recebeu passaportes diplomáticos para representar a Coreia do Sul na ONU (Foto: Reprodução) O apelido k-pop é quase literal: refere-se à ‘korean pop’. Ou seja, é o pop (sul-)coreano, que recebe o ‘k’ para se diferenciar do gênero homônimo mais conhecido - o estadunidense, que produziu estrelas como Madonna, Britney Spears e Beyoncé. 

A nomenclatura foi cunhada pelo Ocidente - afinal, para os sul-coreanos, o k-pop é apenas 'pop', como explica a pesquisadora Krystal Urbano, doutora em Comunicação e coordenadora-adjunta do grupo de pesquisa MidiÁsia, da Universidade Federal Fluminense (UFF). "Os produtos da hallyu quebram o pop referenciado numa branquitude anglosaxã. O k-pop traz uma cultura amarela, corpos amarelos, subjetividades amarelas, através das performances dos idols. É um fenômeno que nos leva a observar outros polos de produção cultural no mundo que antes não tinham visibilidade", diz . Salvador, inclusive, entrou na rota do k-pop já faz algum tempo. Em 2013, enquanto o mundo se rendia ao hit Gangnam Style (cujo clipe chegou a 4,1 bilhões de visualizações no YouTube), seu intérprete, o rapper Psy, era convidado no trio de Claudia Leitte, no Carnaval. Outros artistas menores já estiveram por aqui para sessões de autógrafos, como os grupos Kard e Spectrum. 

Idioma A adolescente Maria Eduarda lembra bem do frisson causado por Gangnam Style. Já naquela mesma época, ainda teve outro contato com o gênero. Foi quando conheceu a música Fantastic Baby, do grupo Big Bang. 

"Só que eu era muito novinha, então só voltei a escutar mesmo em 2018. Tive um flash de memória, lembrei de Fantastic Baby e fui atrás no YouTube. Comecei a ouvir outras músicas, apresentei para Larissa e fomos ouvindo juntas", explica, referindo-se à amiga Larissa Oliveira, 14, hoje também fã de k-pop. Entre as preferências das duas, estão o gigante BTS, a EXO e Red Velvet, a girlband que tocou para o ditador norte-coreano Kim Jong-Un, em 2018, em Pyongyang.  Larissa e Maria Eduarda começaram a ouvir k-pop em 2018. 'No começo, foi estranho o (idioma) coreano', conta Larissa (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Larissa diz que escuta 'um pouco de tudo'. Na lista, cita ainda Blackpink, Big Bang e Twice. A batida que não sai da cabeça é uma das razões para ter se interessado tanto por um tipo de música que não fazia parte de seu universo até então. "No começo, foi um pouco estranho o coreano. Mas fui escutando mais e me acostumando. Já tentei aprender algumas vezes, mas por conta da escola, acabei parando. Quero tentar de novo, mas não acho que a língua é uma barreira para gostar de k-pop", diz ela, que assistia a canais no YouTube que ensinam o idioma. A vontade de aprender coreano não é incomum, entre fãs de k-pop e de outros produtos da hallyu. Todos os entrevistados na reportagem compartilhavam o mesmo histórico: em algum momento, tentaram ou ainda tentam aprender coreano por conta própria. 

No Duolingo, uma das principais plataformas de aprendizagem de idiomas online, o coreano foi a segunda língua que mais cresceu em interesse no app, tanto no Brasil quanto no mundo. Só perdia para o hindi, segundo o relatório anual da empresa, divulgado em dezembro do ano passado. 

De acordo com o próprio Duolingo, o aumento da busca pelo idioma “foi motivado em parte pela ascensão da música pop coreana, somada ao sucesso dos k-dramas (séries dramáticas coreanas, disponíveis em serviços de streaming no Brasil) e de filmes made in Korea (como o suspense Parasita)”. Os dados ajudam a entender a força do coreano - até porque o curso gratuito disponível no app e no site são para falantes de inglês. 

Para Maria Eduarda, o idioma seria importante justamente por conta dos planos maiores que envolvem a Coreia do Sul: o sonho de fazer mestrado e doutorado no país, depois que concluir uma graduação no Brasil.  As amigas Larissa e Maria Eduarda (à direita) tentaram aprender o idioma coreano; Maria Eduarda pensa em estudar no Coreia do Sul (Foto: Paula Fróes/CORREIO) “Minha vontade era fazer um intercâmbio, mas a realidade bateu, porque não é barato. Então, vi que a embaixada tem bolsas para quem quer fazer pós-graduação lá e essa vai ser minha aposta. Agora, a Coreia do Sul é minha prioridade entre países para onde quero viajar”, conta. Política Mas se hoje adolescentes baianas estão planejando fazer intercâmbio e viagens para a Coreia do Sul, não é algo tão espontâneo. Pelo contrário: o investimento para que mais pessoas vissem o país como opção de turismo e estudo, entre outros aspectos, foi forte. A presença dos ‘idols’ (como são chamados os artistas) do k-pop no Ocidente se deve principalmente a decisões políticas - do passado e dos tempos mais recentes. 

Na década de 1990, o governo local deu início ao que viria ser uma bem-sucedida política pública de incentivo à indústria cultural do país, para construir uma imagem global da Coreia do Sul. Essa virada está ligada à crise econômica dos Tigres Asiáticos (que incluíam, ainda, Hong Kong, Singapura e Taiwan) no final dos anos 1980. "Foi um movimento do presidente da época de adotar a indústria cultural como um dos vetores para a superação da crise econômica. Você começa a equiparar a indústria cultural às indústrias pesadas que levaram a Coreia a um nível de desenvolvimento", diz o cientista político e internacionalista Thiago Mattos, mestre em Relações Internacionais pela Uerj e pelo Korean Development Institute. Desde então, a iniciativa virou política de estado, independente de quem tenham sido os sucessores no Executivo. No início, o foco era regional, concentrado no mercado asiático, principalmente a China e o Japão. 

A partir dos anos 2010, começam as tentativas de tentar explorar outras comunidades, principalmente com a explosão de Psy. Mas o principal fator para a expansão para além do Leste da Ásia tem explicações puramente políticas: a chegada do Thaad (Defesa Terminal de Área de Alta Altitude, na sigla em inglês), o escudo antimísseis instalado pelos Estados Unidos na Coreia do Sul em 2017. 

A ideia do sistema de defesa era fortalecer a Coreia do Sul, aliada dos EUA, diante dos testes de mísseis balísticos que vinham sendo feitos pela Coreia do Norte. Só que o problema respingou na China, que viu na instalação do Thaad uma ameaça à própria segurança. Para os chineses, o escudo poderia reduzir a eficácia de seus sistemas de mísseis.  O Thaad, escudo antimísseis dos Estados Unidos, foi instalado na Coreia do Sul em 2017 e impactou a relação com a China (Foto: Ralph Scott/US Department of Defense) "Isso levou a China, em represália, a boicotar sistematicamente os produtos sul-coreanos, inclusive o k-pop. Foi um golpe gigantesco na indústria que tinha quase metade dos seus ativos nesse mercado", explica. A resposta sul-coreana foi de pensar em transformação. O K-pop, assim, mudou de foco, passando a investir pesado no Ocidente e em outros mercados, principalmente os EUA. "A explosão do BTS e do Black Pink quase compartilha aniversário com o Thaad. Se Psy era só um ponto fora da curva de uma indústria forte na Ásia, esse foi o grande ponto para abandonar o cercadinho da China", completa Mattos, que trabalha como consultor econômico em Seul.  

Todo esse impacto é consciente. “É usar o k-pop como um rosto mais atraente e aprazível da Coreia. Alguns autores falam que, nos anos 1980, a Coreia era vista como brega. Ou as pessoas pensavam na Coreia do Norte ou pensavam que era um lugar onde o povo come cachorro. Hoje, a imagem é outra”. 

Poder brando Daí vem outra faceta dessa política: o chamado de 'soft power' (poder brando) da diplomacia. Esse tipo de poder, na verdade, se manifesta por uma influência, como explica o internacionalista Murilo Jacques, professor de Relações Internacionais da Unifacs e mestre em Desenvolvimento Urbano.

Os Estados Unidos fazem isso através de caminhos que vão desde o cinema de Hollywood até a música e as séries de televisão. Na Ásia, o movimento Cool Japan também tem um aspecto semelhante numa tentativa de mudar a imagem do Japão, arranhada após a 2ª Guerra Mundial, para algo 'legal' (cool, no inglês). Os animes e mangás faziam parte dessa estratégia cultural. 

"A gente sempre tem que pensar na perspectiva econômica. Não é só algo de poderio, mas que dá um retorno muito grande, economicamente falando. Os Estados Unidos são a maior prova disso", diz Jacques. De fato, as cifras relacionadas à Hallyu são todas bilionárias. Só o k-pop movimenta entre US$ 3,5 bilhões e US$ 5 bilhões por ano. 

Por isso, para o professor, países como o Brasil podem aprender com o exemplo sul-coreano. Nos últimos anos, o investimento em cultura no Brasil tem sido cada vez mais reduzido."Nada é por acaso. São construções bem elaboradas para que o k-pop tenha o sucesso que está tendo. Se olharmos para nossa situação, não há foco dos governos em cultura e arte. O Brasil poderia ser uma potência mundial? Sem isso, a gente não conseguiria, porque o soft power, aliado ao hard power, é muito importante para o país", reforça. Não seria estranho se o Brasil se inspirasse na Coreia do Sul. Apesar da distância, os países têm uma história parecida. É só em 1987, por exemplo, que os sul-coreanos se abrem democraticamente para o mundo. Nessa mesma época, o Brasil vivia um movimento semelhante, com o fim da ditadura militar. 

A imigração sul-coreana para o Brasil também não pode ser ignorada. Mas, por muito tempo, essa migração não teve tanta visibilidade quanto outras, como a da comunidade japonesa, por exemplo. 

"Costumo dizer que foi de 10 anos para cá que o brasileiro descobriu a Coreia do Sul no Brasil. Antes, tínhamos um referencial de asianidade na cultura japonesa, enquanto a Coreia, a China e outras diásporas ficavam invisibilizadas. Antes mesmo de Psy, as máquinas de dança do Pump It foram importantes para solidificar as experiências de dança k-pop no Brasil", analisa a pesquisadora Krystal Urbano, da UFF. 

É por isso que, no começo, quem consumia o k-pop era quem tinha alguma proximidade com a cultura asiática através dos produtos japoneses. Os artistas sul-coreanos, portanto, eram observados pelas lentes do Japão. "A presença sonora do k-pop abre margens para uma guinada no nosso referencial do pop asiático. Muito do fenômeno que chamo de 'Japãomania' dos anos 90 foi resultado de uma série de coisas, inclusive os imigrantes no Brasil. Não acredito em cisões, mas que um movimento alimenta o outro. Ambos são positivos para desocidentalizar o nosso olhar do que é produzido no mundo", acrescenta.  A explosão do Blackpink no Ocidente coincide com a instalação do Thaad na Coreia do Sul (Foto: Divulgação) Otaku De fato, também em Salvador, os primeiros fãs do k-pop vieram dos fãs da cultura otaku (a cultura pop japonesa). Esse era o caso do analista de TI Junot Freire, 25, um dos fundadores do grupo Kpoppers Baianos. Ao lado de dois amigos e de algumas dezenas de colaboradores, ele organiza eventos de k-pop em Salvador desde 2014. 

Mas o próprio Junot descobriu o gênero entre 2011 e 2012. "Eu já assistia animes na internet e, um dia, apareceu a foto de um show de artista asiático que eu não conhecia. Descobri, então, que existia isso de k-pop. Comecei a ouvir e gostar muito, de modo que hoje acompanho mais o k-pop do que animes", lembra. 

Os primeiros encontros de fãs de k-pop começaram de forma improvisada. Alguns grupos se reuniam em praças da cidade, levavam uma caixa de som, salgadinhos e refrigerantes e faziam piqueniques. Só que o primeiro teve, de cara, 50 pessoas. Isso os estimulou a continuar promovendo os eventos, inclusive com a parceria com os organizadores do Anipólitan (o festival soteropolitano de fãs de animes). No ano seguinte, em 2015, o evento promovido na praça do Loteamento Aquarius, na Pituba, reuniu 200 pessoas, com gente vindo até de Feira de Santana. 

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"Aí, a gente foi só aumentando, tanto que, em 2019, fizemos quase um evento por mês. Tem desde os encontros em praças até o Kpop Meeting Bahia, que já aconteceu até na Biblioteca Central. Lá, a gente faz várias atividades ao mesmo tempo. Tem aula de dança, aula de coreano, exibição de séries, concursos de cover. O último foi em janeiro de 2020, antes da pandemia", conta. Nos eventos mais recentes, a média de público ficava entre 300 e 400 pessoas.  O Kpop Meeting Bahia já aconteceu em locais como a Biblioteca Central, nos Barris, e tem atividades como concursos de covers (Foto: Divulgação) Se, no início, os organizadores tiravam dinheiro do próprio bolso, hoje, os Kpoppers Baianos conseguem fazer com que os encontros se paguem e até gerem um pequeno lucro. "Não dá para viver disso, mas, no final do evento, pelo menos dá para juntar todo mundo e ir para um restaurante legal. Às vezes, conseguimos juntar um pouco mais para viajar para eventos fora, como a Comic Con, em São Paulo", diz, citando a Comic Con Experience, evento brasileiro de cultura pop inspirado no festival homônimo na Califórnia.

Mas Junot não tem dúvidas de que há uma mudança no perfil dos fãs de k-pop. Até a faixa etária caiu. Hoje, até crianças se interessam pelos artistas sul-coreanos. "O gosto deles também mudou. A galera mais antiga ouve de tudo, mas a galera nova gosta de um ou mais grupos. Tem gente que gosta só do BTS ou só do Blackpink, tanto que já fizemos eventos focados em um só grupo", diz. 

A paixão maior por uma banda - no caso, o BTS - é o caso da estudante Isabele Mercês, 14. Desde que viu as imagens do show do grupo no Brasil, em 2019, e percebeu a legião de fãs emocionados, ela se interessou pelo k-pop.  Fã do BTS, Isabele conta que o amor pela banda veio pela tradução das músicas (Foto: Acervo pessoal) "O que me faz gostar deles é a tradução da música. Não é uma música qualquer, mas uma que faz com que a pessoa se levante. Eles me ajudam nos piores momentos porque fazem com que os fãs se sintam bem consigo mesmos", explica. 

A criação de um idol: como surgem os artistas de k-pop?

Um idol não nasce da noite para o dia. Assim como o k-pop chegou ao patamar onde está hoje com muito investimento, os artistas que vão cantar nas bandas também demandam a mesma coisa - além de alguns anos de treinamento. O primeiro ponto é que, como um negócio, a produção de novas bandas também ocorre de forma quase industrial. 

Por ano, algumas dezenas de grupos são lançados. De 100 lançamentos, talvez dois cheguem ao estrelato. Para a pesquisadora Krystal Urbano, da UFF, há contradições nesse processo.  O BTS, que está no topo das paradas musicais com a música Butter hoje, começou a ser formado em 2010. A agência responsável por eles, contudo, só promoveu o lançamento de fato em 2013 (Foto: Divulgação) “Existe uma questão neoliberal muito forte, porque esses jovens acabam vendendo seus corpos e suas subjetividades em prol de um mercado e uma ascensão social no país”, diz.Apesar do baixo índice de desemprego - 3,7% em 2020 -, a maior parte dos jovens é mais qualificada do que as vagas que ocupam, gerando assim uma remuneração mais baixa do que o ideal. 

Segundo Krystal, o k-pop é uma porta de entrada para o korean dream (sonho coreano, em alusão ao antigo american dream). Os jovens que querem se aventurar no k-pop passam por seleções e audições de canto e dança. Se forem aprovados, se tornam trainees e passam a morar nos alojamentos das produtoras. Lá, há uma agenda pesada de treinos que pode durar anos. Uma vez que esse processo chega ao fim, a pessoa pode ser escolhida para fazer parte de um grupo com outros integrantes. 

O modelo sul-coreano foi baseado nas indústrias de entretenimento japonesas. Esse formato inclui uma gestão forte até da própria vida dos artistas. "As razões estão no próprio modo de funcionamento da sociedade coreana. Quando a gente fala de Coreia, fala de uma cultura confucionista impregnada no modo de ser e estar no mundo, e da família no lugar da operacionalização de certos negócios. As empresas de entretenimento funcionam assim", diz. 

No começo, o ambiente político se refletia no trabalho dos artistas."As primeiras boybands, nos anos 1990, tinham um compromisso forte com o discurso político da época. Mas, com o desenvolvimento da indústria, essas bases foram se perdendo", diz. Assim, os idols não costumam se posicionar sobre temas considerados polêmicos - e mais comuns no Ocidente, como feminismo, gênero e sexualidade. Só hoje, 20 anos depois, algumas pautas têm voltado a aparecer no repertório de alguns grupos, como o BTS. 

Não dá para saber qual desses grupos vai estourar. O sucesso do próprio BTS ainda é algo que intriga alguns pesquisadores. "Conheci o BTS em São Paulo e não sabia quem era. Não se imaginava, naquela época, que o BTS se transformaria nessa potência mundial do mercado global", lembra Krystal.