Karol Conká fala sobre cultura do cancelamento: 'Trabalhando na cura dos meus traumas'

Documentário sobre sua história estreia no Globoplay nesta quinta-feira (29)

Publicado em 29 de abril de 2021 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: TV Globo/Divulgação

Karol Conká virou a vilã do Big Brother Brasil 21 e foi eliminada com uma rejeição histórica: 99,17%. Mas quais foram os motivos que a levaram ao estado emocional mostrado no reality? Essa é só uma das questões abordadas no documentário ‘A Vida Depois do Tombo’, que estreia nesta quinta-feira (29), no Globoplay, serviço de streaming da Globo. Os conflitos decorrentes de sua participação no programa estão na série documental que convida a cantora para um "acerto de contas".

‘A Vida Depois do Tombo’ coloca Karol cara a cara com momentos dramáticos de sua passagem pelo reality da Globo, propondo um convite ao reencontro com ex-participantes que marcaram sua experiência no programa. Em entrevista cedida pela Globo, a artista comenta o assunto (confira abaixo). Karol também foi acompanhada intimamente na vida pós-reality por mais de 20 dias por Valéria Almeida (repórter e apresentadora do Bem-estar) e Patricia Cupello (uma das diretoras do programa Encontro com Fátima Bernardes).

O filme faz um mergulho na sua história antes, durante e depois do ‘BBB 21’. Ao longo de quatro episódios, revela momentos de sua infância em Curitiba com a família, mostra a adolescência conturbada, o começo de sua carreira artística com a chegada do filho e a consagração como um dos maiores nomes do rap feminino no Brasil. Depoimentos de amigos, parentes e colegas de profissão também estão no filme que tem direção geral de Patricia Carvalho. 

“Para mim, pessoalmente, é uma oportunidade muito interessante de falar sobre a cultura do cancelamento, sobre o ‘efeito manada’: a vibração de todo mundo odiar alguém ao mesmo tempo. O que move isso? Que emoções são essas? O que temos em nós que nos faz desejar tão mal a uma pessoa ao ponto de ser até mais malvada que a própria pessoa que estamos condenando?”, questiona a diretora Patricia Carvalho.

O documentário, acrescenta Patrícia, também mostra "como não cuidar das nossas dores pode nos trazer sequelas no futuro". "Não acessar isso no momento certo vai trazer traumas e fazer com que a gente fique desestabilizado”, pontua. Diretor de gênero de variedades da Globo Mariano Boni destaca que o documentário "não existe para passar pano em uma personalidade, nem para cancelá-la definitivamente". Confira o que Karol Conká pensa sobre o assunto na entrevista a seguir.

O que você espera do documentário?  Espero que ele mostre minha trajetória enquanto artista e indivíduo, as dificuldades e glórias que já vivi, a intensidade da responsabilidade de se manter sempre forte, e minha disposição para aprender com os meus erros.   Por que acha que as pessoas terão interesse em acompanhar ‘A Vida Depois do Tombo’?  Acho que por curiosidade de saber um pouco mais sobre minha história e entender os motivos que me levaram ao estado emocional mostrado no reality.  Em que momento você conseguiu ter dimensão de todo o impacto da sua trajetória no Big Brother aqui fora?  Demorou alguns dias para ter a dimensão de tudo, e ainda estou absorvendo muito do que aconteceu lá dentro. Ao assistir as imagens da minha passagem pela casa, me senti assustada e muito decepcionada com as minhas próprias atitudes.  O que mudou da Karol antes do BBB para Karol de hoje?  Hoje dou mais valor à questão da minha saúde mental e tenho trabalhado na cura dos meus traumas. Hoje estou dissolvendo camadas mais ásperas da minha personalidade e entendendo que existem maneiras mais leves de lidar com uma situação que me faça sentir insegura ou ameaçada.   Para você, qual é a importância desse documentário?  O documentário é uma grande oportunidade, em tempos de cancelamento, de relembrar às pessoas que somos muito mais complexos e multifacetados do que um personagem de reality show.   Você compôs outras músicas depois da saída do BBB? Como foi esse novo processo criativo?  Sim, terminei de compor meu próximo álbum, que já havia começado antes de entrar no programa. Recebi o produtor musical RDD no meu estúdio durante 2 semanas e focamos no que minha intuição pedia no momento. O processo foi leve e divertido e contou com a presença do Dj Hadji, que há anos me acompanha nos meus shows.

Como e quando serão lançadas essa(s) música(s)?  Pretendo lançar um Single antes do álbum, que pode ser lançado ainda esse ano.

Quais são seus planos daqui pra frente?  Me cuidar, transformar experiências em aprendizados, e aprendizados em arte.