Larissa Luz no Segundou falou de carreira e luta antirracista

Cantora e atriz foi entrevistada por Joca Guanaes dentro do CORREIO Folia em Casa

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 22:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

As ruas vão estar vazias neste Carnaval, mas o CORREIO não vai deixar ninguém parado, com uma programação especial que segue até o dia 17, o CORREIO Folia em Casa. Ontem, foi a vez de Larissa Luz participar do Segundou, comandado por Joca Guanaes, no Instagram do jornal. A cantora e atriz falou sobre racismo cultura negra e os prêmios que ganhou em sua carreira.

Ativista negra, Larissa destacou mulheres que foram fundamentais em sua formação cultural e que a incentivaram a participar da luta antirracista. A cantora sempre foi interessada no assunto, mas diz que a preparação para o álbum Território Conquistado, de 2016, foi importante para que se aprofundasse no tema. 

“Quando estava fazendo o disco, chamei a antropóloga Goli Guerreiro para me ajudar a entender esse meu lugar, para me ajudar a reforçar a autoestima. Conheci Makota Valdina, Bell Hooks, Nina Simone... essas mulheres me fizeram perceber novas narrativas que nunca me haviam sido contadas. E hoje tem Livia Natalia, Djamila Ribeiro, Joice Berth...”, disse a cantora.

Larissa é filha de uma professora de língua portuguesa, Regina Luz e isso a aproximou da arte desde cedo. Quando se deu conta, ainda pequena, já estava escrevendo letras para paródias de suas canções favoritas. “Entre cedo na arte engajada e logo entrei no grêmio estudantil. Desde nova, queria usar a arte como meio de transformação. Num momento da vida, só queria saber de arte e política”.

Para ela, o período em que cantou no Ara Ketu - 2007 a 2012 - fez uma grande diferença em sua trajetória. Foi um salto na carreira, afinal, meses antes ela cantava em barzinho ou em hotéis e de repente teve que subir num trio para encarar a multidão no Carnaval. O desafio parece ainda maior quando sabemos que Larissa, até ali, era do rock'n'roll. Aos 16, ela já estava em uma banda formada só por mulheres.

“De repente, tive que encarar um público que era apaixonado por Tatau [cantor que a antecedeu no Ara Ketu] e não entendia a dimensão do que era assumir um lugar ocupado por ele. Mas peguei e fui!”, recorda-se. “Percebi que o mercado musical não tinha nada a ver com as músicas que a gente [o povo negro] cantava e isso foi duro. Mas me fez perceber o quanto precisava me entender como mulher negra. Exigiam de mim algo que eu não era. Comecei a entender por que as pessoas ouviam uma música preta cantada por brancos”, acrescentou.   O espetáculo Elza, em que interpretava Elza Soares, foi outro marco na carreira de Larissa. “Minha vida se divide em antes e depois de Elza. Mergulhei na história dela, passava 11 horas ensaiando e vi que é uma mulher sobrenatural. Não sei como conseguiu resistir a tanta coisa e continua viva, fazendo música. Apanhou física e emocionalmente da sociedade, que a julgava por ter assumido a história com Garrincha. Perdeu um filho. E resistiu a cada tombo que levou. É uma grande mulher que representa todas nós”, disse, emocionada. 

Além de atriz e cantora, Larissa prepara seu primeiro lançamento como poetisa: sai em abril, pela editora Caramurê, a sua estreia nas letras. Os textos estão em fase final de seleção e em breve a obra ganha título.

Carnaval do correio Foi lançado no sábado o CORREIO Folia em Casa, para agitar sua festa mesmo sem precisar ir às ruas neste tempo de pandemia. Até o dia 17, o leitor vai acompanhar no site do jornal e nas redes sociais uma série de conteúdos, incluindo reportagens, podcasts e entrevistas especiais. A apresentação é de Osmar Marrom Martins e Jorge Gauthier. Outra atração é o Baú do Marrom, em que o jornalista vai relembrar momentos marcantes dos antigos carnavais.

Amanhã, no Instagram do CORREIO, Marrom entrevista Daniela Mercury, às 14h. Na segunda, 15, o papo é com Albertto Pitta, do Cortejo Afro. No mesmo dia, Claudia Leitte estará no Segundou, às 19h, com Joca Guanaes. 

Também está sendo preparada uma homenagem a Moraes Moreira, que morreu no ano passado: Os Carnavais de Moraes será ao vivo, no dia 16, nas redes sociais do jornal a partir das 14h. Larissa Luz estará lá, junto com Daniela Mercury, Paulinho Boca de Cantor, Margareth Menezes e outros artistas.