Lavagem do Bonfim: as comemorações não terminam no topo da colina

Festas particulares também marcaram o dia do Senhor do Bonfim

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  • Vinicius Harfush

Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 23:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Vinicius Harfush/CORREIO

A procissão no dia do Senhor do Bonfim é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores provas de fé e devoção vistas no país. Cada um tem um motivo particular para caminhar os 8km rumo à Colina Sagrada, seja para pagar seus pecados, por tradição, ou simplesmente para se divertir. E depois de terminar o percurso? O que fazer? É nessa hora que as festas particulares espalhadas pela cidade tornam-se a melhor alternativa para encerrar o dia. Essa data comemorativa vai muito além daquilo que é profano, abrange todos os públicos. Desde aquele que faz questão de fazer o caminho todo, até quem tira o dia para relaxar e tomar uma gelada.

Foi com esse clima de descontração que Brown e Bell movimentaram algumas das festas privadas em Salvador. Carlinhos Brown subiu no palco da Enxaguada du Bonfim debaixo de um sol digno de verão e provou que a fé e a diversão podem dividir o mesmo espaço. Quem esteve no Museu du Ritmo ainda acompanhou Péricles, Diogo Nogueira, Mariene de Castro e Nelson Rufino cantarem com rei do Ajayô.

Péricles, que cantou pela segunda vez com Brown nessa data, comentou o privilégio de subir nos palcos soteropolitanos: “O povo de Salvador me recebe muito bem, sempre que é possível estar aqui é um presente que eu ganho”. Quanto ao sucesso das festas, o cantor garante que a comemoração religiosa passa a atrair diversas pessoas até esses espaços. “Tem muita gente de fora que não conhece, mas quando passam a frequentar esses lugares acabam conhecendo o lado religioso da data. Isso faz com que cada vez mais pessoas apreciem esse dia”, completa.

O baiano Nelson Rufino também marcou presença no show e, assim como Péricles, enxerga que o equilíbrio é a formula perfeita para comemorar esse dia. “É uma mistura gostosa que Senhor do Bonfim continua abraçando. Você vê gente que saiu cedo para o cortejo, fazendo a caminhada com fé. Depois vem para encontrar com a muvuca”, disse Rufino. Foto: Vinícius Harfush/CORREIO Estar ou não em cima do palco não media a alegria de quem estava lá. A estudante de enfermagem Lucila Laura, 21, disse que infelizmente não pôde ir a procissão por causa do trabalho, mas toda energia acumulada foi o suficiente para curtir a festa inteira. “A gente gosta mesmo é do dia”, falou sorrindo. Para a cantora e musicista Carla Liz, 41, o melhor mesmo é “chegar cedo e curtir tudo”, mas sem perder a essência da data: “O mais importante é a fé, depois disso está tudo certo”.

Para quem queria um conforto maior, curtir a festa Bonfim de Tarde foi uma boa escolha. Bell Marques e Thiaguinho se apresentaram na Bahia Marina, o show começou por volta das 20h e atraiu, principalmente, o público que não compareceu na procissão pela manhã. Era a forma de marcar o dia e comemorar “sem limites”, já que a festa serviu bebidas à vontade para o público. Aliás, as mordomias das festas são capazes de mudar os costumes de quem participa das comemorações na data. Aconteceu com Nino Teixeira, 45, ela garantiu que sempre que pode aparece nas festas de rua, mas esse ano mudou os planos: “Tinham outras festas que gostaria de ir, mas essa era open bar”, brincou.  

Numa mesma data, movidos por um mesmo símbolo, o dia de Senhor do Bonfim é capaz de reunir pessoas de todos os locais, promovendo comemorações de todos os tipos. Independe de onde viesse, era possível perceber que o sentimento de alegria unia todos que estavam ali. Esse é o Bonfim que pertence à Bahia.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier