Lázaro Ramos e Érico Brás gravam vídeo sobre o Cabaré; assista

Atores que integraram espetáculo do Bando de Teatro Olodum falam sobre a atualidade da montagem

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  • Laura Fernades

Publicado em 7 de agosto de 2017 às 06:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Isabel Gouvêa/Divulgação Arquivo Correio

“É péssimo saber que Cabaré da Rrrrraça está completando 20 anos tendo que falar de comportamentos enraizados na nossa sociedade, que me dão quase certeza de que parece utópica a nossa vontade de acabar com essa desigualdade que insiste em nos acompanhar”, lamenta o ator Érico Brás, 38 anos, que integrou o Bando de Teatro Olodum e fez parte da peça que completa duas décadas nesta terça (8/8).

Formado no Bando de Teatro Olodum - que lhe deu reconhecimento nacional como o taxista Reginaldo do filme Ó Pai Ó -, o artista venceu recentemente uma ação de racismo e dano moral, no valor de R$ 35 mil, contra a empresa Avianca. A conquista veio após Érico ter sido retirado de um voo em março do ano passado, em Salvador.

“Cheio de atitude, Cabaré mostra desde a década de 90 como o Brasil trata seus negros, sem considerá-los parte dessa nação; sem corrigir os erros cometidos durante a história e aumentando o número de execuções pela cor, afirmando assim, o genocídio vigente no Brasil”, critica Érico, cuja trajetória na televisão inclui papéis na novela A Lei do Amor e em programas como Tapas & Beijos e Zorra Total.

Eleito junto com a mulher Taís Araújo como o casal mais poderoso da televisão brasileira, Lázaro Ramos, 38, lembra que Cabaré foi responsável por dar uma projeção individual aos atores do Bando e que o espetáculo o transformou. “É um espetáculo do qual me orgulho muito em ter feito parte desde o princípio, do pensamento dos primeiros textos, em um momento que a gente ressignificou o que significava colocar esse corpo negro em cena”, elogia Lázaro.

Na peça, Lázaro interpretou o estudante de mestrado Wensley, que questiona o que é ser negro no Brasil e bate de frente com todos os personagens alienados da peça. Érico, por outro lado, viveu Luciano Patrocinado, o cara bonitão que só usava roupa de marca. Seu papel levanta questionamentos e atravessa temas como “machismo, racismo, homofobia e a cegueira pelo sucesso instantâneo sem consciência política”, ressalta Érico.

Ao destacar o poder do teatro feito pelo Bando de Teatro Olodum, Lázaro se enche de orgulho e não esconde: “grupo do qual eu faço parte até hoje, estou emprestado ao mundo. Comemoro alegremente esse espetáculo, assim como comemoro tudo o que o Bando faz. Todo o amor pra vocês, meus irmãos, meus amigos do Bando de Teatro Olodum, meus primeiros ídolos. Os primeiros atores que admirei na vida”.