'Ler é um vício, mas pelo menos é uma droga boa', diz estudante que mais pegou livros em bibliotecas em 2017

Só na Biblioteca Central, nos Barris, Verônica pegou 74 exemplares

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  • Thais Borges

Publicado em 30 de julho de 2017 às 07:05

- Atualizado há um ano

A estudante Verônica Batista, 26 anos, já se acostumou com os comentários. ‘Vai virar mofo’, porque não sai de casa. ‘Ninguém sabe como ela aguenta’ ler tanto. De fato, ela lê muito: se houvesse um ranking, Verônica seria a campeã do Sistema Estadual de Bibliotecas. Foi a pessoa que mais pegou livros na Biblioteca dos Barris esse ano - foram 74 exemplares. Ao CORREIO, ela conta um pouco sobre sua relação com a leitura.

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Só este ano - e em uma única biblioteca -, Verônica leu 74 livros (Foto: Marina Silva/CORREIO) *** “Foi meu pai quem me incentivou a ler desde pequena. Ele tinha carteirinha na (biblioteca) Monteiro Lobato e sempre trazia livros para mim e para minha irmã, quando eu tinha uns sete anos. Nunca mais parei de ler. 

Quando estava com 15, 16 anos, comecei a fazer minhas próprias carteirinhas. Comecei a frequentar a (biblioteca) Central, a Thales de Azevedo, a Anísio, a Juracy Magalhães... Todas têm um bom acervo, mas faço questão de ir em todas. Com essa coisa de tecnologia, eu tenho medo que o livro físico se perca. Por isso, pego em todas as bibliotecas, para mostrar que tem movimento de livros. 

Moro no Engenho Velho de Brotas, mas vou pelo menos três vezes por semana em bibliotecas diferentes. Segunda, quarta e sábado. Geralmente, já venho com o livro na cabeça, porque tenho uma listinha do que pretendo ler em cada ano e também estou em grupos de leitores compulsivos no Whatsapp. Esse ano, ainda quero ler mais de 80 livros. 

Gosto de boas histórias. Se você tiver uma boa história para contar, eu vou levar. Mas, normalmente, prefiro ficção. Ler é uma droga, um vício. Mas pelo menos é uma droga boa. Eu não preciso nem viajar, porque os livros me transportam. Eles me levam para conhecer os lugares. Esse ano, gostei muito de uns de Isabel Allende e de Gabriel Garcia Marquez. Não leio tanto os da moda quanto os clássicos, porque não tenho dinheiro para comprar. Preciso esperar que alguém doe para que eu venha aqui pegar. Mesmo assim, já tenho minha bibliotecazinha, que é pequena. Não consigo passar mais do que três dias lendo um livro. E não apenas leio: também faço resumo de cada um. Meu tempo livre é todo para isso. Até na escola onde ensino, leio entre as aulas. As bibliotecas são quase como  minha casa e meu tempo é para os livros. Meu pai diz que eu preciso sair, meu namorado diz que eu não tenho tempo para ele.Os livros mudaram minha vida. Já fui uma pessoa muito fechada, muito tímida. Quando pequena, não tinha muitas amizades. Mas os livros me levaram a conhecer pessoas. Achei uma válvula de escape para mim. Não existe tristeza, não existe depressão. Com os livros, eu vivo rindo sozinha”.