Letícia Colin rouba a cena em Segundo Sol e transforma coadjuvante em destaque

Retada, atriz paulistana rouba a cena e arrebata o público com a ginga baiana que imprimiu na ex-prostituta Rosa

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 12 de agosto de 2018 às 06:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paulo Belote/TV Globo

Desde que Rosa (Letícia Colin) apareceu em Segundo Sol não há dúvida: ela poderia muito bem circular pelas ruas de Salvador. A atriz paulistana Letícia Colin, 28 anos, roubou a cena e arrebatou o público não só pelo sotaque e gírias, mas pela ginga de baiana-retada que imprimiu na ex-prostituta. O sucesso é tanto que Rosa ganhou ares de protagonista na novela da Globo/TV Bahia. 

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“Estou muito feliz. Sou apaixonada por contar histórias e gosto de personagens profundas e complexas como a Rosa. É um momento especial, reconheço,  mas não acho que  ‘cheguei lá’”, afirma Letícia, que vive o melhor momento de sua carreira, em entrevista ao CORREIO. Nas próximas semanas, Rosa continuará nos holofotes: sua  aliança com as vilãs vai ficar mais forte após descobrir a gravidez de Ícaro (Foto: Reprodução/TV Globo) Laureta (Adriana Esteves) e Karola (Deborah Secco) vão convencê-la a dar o golpe da barriga em Valentim (Danilo Mesquita) - saiba mais aqui. “A gravidez vai mexer com todas as relações. Ela está entre duas cobras e isso vai esquentar a trama”, antecipa. Rosa vai descobrir gravidez sexta (17) e não vai saber se o pai é Ícaro ou Valentim; depois, descobrirá que o bebê é fruto da recaída com Ícaro (Foto: Raquel Cunha TV Globo) Corajosa, realista e cheia de atitude, Rosa - que representava o ‘bem’ na luta contra as vilãs Laureta e Karola - passou por uma reviravolta e ganhou destaque na trama ao tornar-se sócia do prostíbulo de luxo. “Me surpreenderam bastante as escolhas que ela tem feito. Rosa está convivendo com pessoas que enganam e mentem, mas, ao mesmo tempo, ela  nunca ia imaginar chegar onde chegou”, opina  Letícia, que esse ano completa 20 anos de carreira artística.  (Foto: Reprodução/TV Globo) A atriz defende que a ambição da personagem não a faz uma pessoa má - a deixa ainda mais humana. “Isso só reforça que ninguém é uma coisa só. Ela sempre quis se emancipar, ficou obcecada pela grana e pelo poder e caiu nessa cilada”, pontua.  (Foto: Paulo Belote/TV Globo) Relação com a Bahia Na sua opinião, Rosa conquistou por sua sinceridade, caracterítica forte dos baianos. “Ela tem uma espontaneidade e uma verdade própria. São marcos das minhas amigas da Bahia. Isso comove: a autenticidade e o humor. Ela não leva desaforo para casa”, destaca Letícia, que diz ‘amar profundamente’ a Bahia.

“Estive em Salvador algumas vezes -  tanto para  visitar, quanto com peças - e amo. Me sinto bem. Também fui para outras cidades, como Piracanga, para retiros espirituais. A Bahia tem uma energia muito forte e é um lugar de cura. É um celeiro de talentos, de arte, dança e cultura. É um lugar encontros”, resume. Por aqui, seu programas favoritos são comer um acarajé e tomar uma cerveja em Cira, no Rio Vermelho, e dar uma volta no Santo Antônio Além do Carmo. Também cita um pôr-do-sol indesquecível que viu em Humaitá. “Em fevereiro, fui à Igreja do Bonfim com minhas amigas e Michel (marido dela) e a gente renovou nossos votos”, conta.

Bonfim-meço

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Dichotera

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Para criar o sotaque e entender o baianês, ela ficou um tempo na casa de uma amiga e acompanhou a rotina da família dela. “É uma coisa cultural muito diferente. Existe um jeito de ser, de receber, de cozinhar junto”, diz. Desde o início da novela, ela tem ajuda de duas amigas atrizes baianas, Mariana Serrão e a Fernanda Beling. “A gente tem um grupo no WhatsApp e elas gravam para mim áudios com as frases da novela. Eu ouço, repito e elas vão me passando termos que acham legais, que tem a ver com o espírito da Rosa. Ela é uma menina que foi criada e circula nas ruas de Salvador. Tem uma coisa muito urbana, das gírias”, explica. 

Fêliz... Felish... Filiz. Ô riqueza de soteropolitanês! ✨ #vladimirbrichta @hugomourag @_danilomesquita

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Essa convivência com locais trouxe uma veracidade para sua personagem: “Baiano junta muito: não aguento, fala numguento; você fala cê. Bala, por exemplo, adoro usar. Gosto muito de jogue duro: Jogue duro, viu?. Broque também é muito bom”. Ouça depoimento da atriz, que é fã de Caetano Veloso, Ivete Sangalo, Wagner Moura, Luiz Miranda, entre outras personalidades baianas.

Além de mostrar um outro lado de Salvador, Letícia avalia que a trama faz com que o público reflita sobre questões contemporâneas, como o capitalismo, prostituição e machismo. “A televisão é  palco para que  os diálogos aconteçam. Isso porque a  gente se identifica. Quando assistimos  novela, série ou até um programa, a gente se projeta na situação. A arte tem esse papel de produzir diálogos e pensamentos. Sou atriz também por isso”, destaca.

Rosa também encabeçou discussões em relação à prostituição, mostrando que é uma questão estrutural que envolve política. “A prostituição é reflexo da nossa falta de estrutura para  que as pessoas -  principalmente  mulheres - possam estudar, ganhar dinheiro e sobreviver”, argumenta. Feminista declarada, Letícia diz que está em constante processo de amadurecimento (Foto: Vinícius Mochizuki /Divulgação) Nesse sentido, a ex-garota de programa a fez repensar conceitos. “Eu não a julgo. Eu entendo e espero que os telespectadores também. Aprendi muito com ela. Defendo que a mulher tem autonomia de fazer o que quiser. A prostituição é um problema quando é do asfalto, infantil, miserável - quando é uma sentença, que a mulher não tem outro caminho. No caso da Rosa, é uma escolha legítima. Aprendi a encarar isso com menos hipocrisia”, revela.

Feminismo Além do visível crescimento profissional, Rosa também faz parte do seu processo de amadurecimento pessoal. A personagem  tem lhe ensinado  diariamente  a encarar a vida de forma diferente. “A gente levanta causas através dos personagens. Ela estimula a mãe, defende a sexualidade da irmã, etc. Fico honrada de viver uma personagem que acredita nas mesmas coisas que eu”.  (Foto: Paulo Belote/TV Globo) Letícia tem se posicionado cada vez mais em relação a questões que envolvem os direitos femininos (ou a falta deles), como nos recentes casos de feminicídio e discussões acerca da descriminalização do aborto.

“Tenho refletido muito. Mulheres estão a todo momento sendo agredidas, abandonadas e jogadas pelas janelas. No  caso do aborto, o estado vira as costas, ao invés de acolher. Estou amadurecendo e me apropriando dessas questões. Hoje, com 28 anos, me sinto um pouco mais mulher, mas é um processo contínuo. A gente tem que se especializar e falar sobre isso. Sou a favor da  vida das mulheres e da qualidade dessa vida. As mulheres têm que sobreviver e viver bem”, defende.  (Foto: Vinícius Mochizuki /Divulgação) Carreira Quem vê a atriz paulistana em Segundo Sol, não imagina que ela começou aos 8 anos,  nas telinhas no seriado Sandy & Junior (1999), da TV Globo. “Não imaginava que ia virar meu trabalho, mas sempre fui fascinada por viver outras vidas que não a minha”, lembra Letícia, que passou por Malhação (2002),  apresentou a TV Globinho (2003) e integrou o time de  Floribella (2005), da Band. 

Após um tempo na Record, viveu papéis em séries da HBO e da GNT e voltou para a Globo em 2013, na novela Além do Horizonte. Desde então, Letícia foi crescendo na Globo: fez Sete Vidas (2015), a minissérie Nada Será Como Antes (2016) e, por fim, conquistou todo mundo com a Maria Leopoldina de Novo Mundo (2017), fenômeno que se repete  - em maior proporção - na trama das nove, com Rosa: “Quero que ela seja feliz, seja livre e que encontre seu caminho. Não acho que ela está feliz nesse meio. Espero que ela se lembre que a felicidade mesmo está na liberdade e no amor verdadeiro”.

Confira como Letícia Colin cresceu na TV até se consagrar em Segundo Sol Sandy & Junior (1999 - 2002): Os músicos  ganharam seu próprio seriado semanal na TV Globo. Letícia interpretou Glorinha na trama. (Foto: Reprodução/TV Globo) Malhação (2002): Ela interpretou Kailani, a irmã do protagonista da temporada, Pedro (Henri Castelli). Na época, Letícia também contracenou com Mau-Mau (Cauã Reymond). (Foto: Reprodução/TV Globo) Floribella (2005-2006): Letícia (de azul, à direita) se jogou no papel de Martinha: ela dançou muito nas aberturas e teve inclusive um clipe romântico com seu par na trama da Band. (Foto: Divulgação/Band) Sete Vidas (2015): Viveu a modelo Elisa, que abandona a carreira após passar mal por conta de um remédio moderador de apetite. No final, retomou os estudos na faculdade de medicina. (Foto: Alex Carvalho/TV Globo) Nada Será Como Antes (2016): Letícia Colin interpretou Júlia, uma mulher calculista e dominadora, na minissérie da TV Globo. Se envolveu com Beatriz (Bruna Marquezine). (Foto: Estevam Avellar/TV Globo) Novo Mundo (2017): Deu vida à Maria Leopoldina de Áustria, esposa do imperador D. Pedro I (na novela, interpretado por Caio Castro). Na trama, a princesa teve um final feliz com Pedro e se tornou Imperatriz do Brasil. Letícia destacou-se pelo sotaque e pela construção da personagem. (Foto: Raquel Cunha/TV Globo)