Liberado pelo STF, Lula não irá a São Bernardo após enterro do irmão

Ele poderia encontrar familiares. Ex-ministro critica "crueldade" de juíza e "cinismo" da PF

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  • Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 13:23

- Atualizado há um ano

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá mais para São Bernardo do Campo se encontrar com familiares, após o enterro do corpo do irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá. Morto na terça, Vavá teve o corpo sepultado no início da tarde desta quarta-feira (30). Segundo lideranças do PT, a autorização judicial perdeu o sentido por ter acontecido muito em cima da hora. 

Na tarde de ontem, logo após a morte de Vavá, a defesa de Lula pediu que a Justiça autorizasse sua saída para o velório do irmão, conforme previsto pela legislação. Polícia Federal e Ministério Público Federal se manifestaram de maneira contrária e o desembargador de plantão do TRF-4, Leandro Paulsen, negou o recurso na madrugada de hoje. Minutos antes do enterro de Vavá, o ministro do STF, Dias Toffoli, autorizou a saída de Lula.

Para o ex-ministro Gilberto Carvalho "não faz sentido mais" a viagem de Lula.  "É lamentável que a decisão só tenha saído a essa hora. É totalmente inviável. Não era pra vir ver o corpo do Vavá, era para falar com a família. O Lula com muita dignidade agradeceu, mas não vem, não faz sentido mais", afirmou Carvalho ao G1. "Agora, o importante da sentença do ministro Toffoli, nós somos gratos a ele nesse sentido. Ele faz uma crítica correta à crueldade da juíza, ao cinismo da Polícia Federal que alegou razões logísticas e de segurança para impedir um direito do presidente Lula. Contra Lula não há limite, não vamos nos iludir. Eles farão de tudo para quebrar a espinha dorsal do presidente", criticou.

Presidente do PT, Gleisi Hoffmann afirmou que Lula demonstrou preocupação com Vavá da última vez que a viu. “Da última vez que estive com Lula ele demonstrava preocupação com o Vavá. Pela condição de saúde dele, Vavá não podia ir, mas o Lula podia vir”, diz. "Foi uma falta de humanidade, já não digo nem mais perseguição política. É uma perseguição pessoal. Falta de direito humano de convivência com a família, pelo menos com a convivência com a dor. Ele falou mais cedo que não ‘posso fazer nada, o que posso fazer é chorar e rezar."

Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto chamou de "absurdo" o ocorrido. "O Lula é tratado com excepcionalidade pela Justiça, de forma seletiva. Então, infelizmente, esse é o enfrentamento que nós temos que fazer: mostrar que o Lula, em muitos direitos, ele está sendo prejudicado, em muitas discussões ele está sendo prejudicado porque sempre há um julgamento político sobre as atitudes dele".

Filho de Vavá, Edson Inácio da Silva diz que precisa rir dos acontecimentos porque são "uma piada". "Eu preciso dar risada. A lei disse que pode vir. No regime militar, minha vó morreu e foi enterrado nesse cemitério, e ele veio. Agora, que vivemos em uma democracia, a Justiça não permite por 'N' motivos. Criaram uma série de motivos. É uma piada".