Líder acusa Bolsonaro de comprar votos para manipular eleição do PSL

Em entrevista, Deputado Waldir afirma que Bolsonaro usa o governo para perseguir inimigos

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  • Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 17:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ag. Câmara

Líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO) acusa o presidente Jair Bolsonaro de comprar votos em uma disputa interna do partido na tentativa de eleger o filho Eduardo como novo líder. Segundo ele, a legenda pedirá cassação do mandato de seis deputados federais - todos ligados ao grupo bolsonarista. Disse ainda que está decepcionado com o presidente. "É necessário pedir desculpas, é necessário ser humilde, é necessário não atacar as pessoas, é necessário continuar o combate à corrupção. É necessário não passar a mão na cabeça de ninguém, nem que seja um filho meu", diz.

Em entrevista a O Globo, Delegado Waldir não recuou ao ser confrontado com ter chamado o presidente de "vagabundo" e disse apenas que "Eu não menti". Ele diz que esteve ao lado de Bolsonaro desde quando ele ainda construía a candidatura. 

"Eu abri mão de R$ 2,5 milhões que teria no PR para acompanhá-lo. Fui eu que segurei todas as pautas econômicas que iam explodir no início do governo dele. Era final do governo Temer e eu sozinho em plenário, como líder que estava naquele momento, segurei as pautas-bomba. Andei em 246 municípios de Goiás no sol, arriscando a minha vida em cima de carro de som, pedindo votos e gritando o nome dele", diz.

Segundo ele, a ofensiva agora de Bolsonaro é visando tomar conta da "chave do cofre", podendo controlar o fundo partidário de olho nas eleições do ano que vem. Para isso, Bolsonaro teria descumprido um acordo feito com Luciano BIvar e pedido para ter controle integral do partido, com Bivar sendo apenas presidente no nome. 

Deputado Waldir afirma não ter áudios contra o presidente. "O áudio que eu falei foi sobre o diálogo que o Brasil todo ouviu em que ele tenta comprar a eleição do filho dele para líder do PSL na Câmara, dizendo que os partidos tem muitos cargos, com fundo partidário, e que ele precisa do controle de tudo isso. É um áudio bombástico", diz.

Apesar da acusação, afirma que quem tem que decidir alguma possível medida contra Bolsonaro é o Parlamento. "Isso quem tem de decidir é o Parlamento e os partidos, se entenderem que é motivo para pedir um impeachment. A gravação é clara. E mais: ontem, os ministros da Educação, Abraham Weintraub, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, estavam ligando para parlamentares pedindo para colocar Eduardo como líder do PSL. É justo isso?", questiona.

O antigo apoiador diz ainda que a intenção de Bolsonaro de atingir Bivar gerou "um grande circo" - com a Polícia Federal fazendo uma operação de busca e apreensão na casa dele. "Está o usando o governo para tentar perseguir pessoas próximas a si", afirma.

Serão pedidas cassações dos cinco deputados que foram suspensos pelo partido e de Daniel Silveira (PSL-RJ), que gravou a fala de Deputado Waldir falando mal de Bolsonaro. "Ele não ofende o Delegado Waldir. Ele ofende todo o parlamento quando grava os colegas em reunião privada", diz.

Por fim, o deputado diz ainda que existem "milícias virtuais" que são pagas para "destruir a honra e a moral das pessoas". "Neste momento, sou a pessoa mais odiada por esses grupos de direita".