Líder de coroinhas suspeito de pedofilia é afastado da Igreja

Ele teria estuprado garoto de 13 anos; suspeito nega o crime

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 17 de abril de 2018 às 19:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O acólito Vitor Daniel Marques, 29, líder dos coroinhas na cidade de Caravelas, no Extremo Sul da Bahia, que está sendo investigado pela Polícia Civil por suspeita de estuprar um adolescente de 13 anos, foi afastado das funções, informou nesta terça-feira (17) a Diocese de Teixeira de Freitas.

Em nota ao CORREIO, a Igreja informa que “está colaborando com as investigações e cumprindo todas as recomendações feitas pelo delegado (Gilvan de Meireles Prates, titular em Caravelas) e que a paróquia tem total interesse na elucidação dos fatos”. A Igreja comunicou ainda que Vitor “nega com firmeza” o crime.

O caso passou a ser investigado pela polícia a partir de 13 de março de 2018, quando o menino e a mãe prestaram queixa na delegacia de Caravelas. A mãe só ficou sabendo do suposto crime depois que foi constatado que o menino tinha sífilis, doença supostamente adquira durante os abusos sexuais. Vitor também tem sífilis.

Até então, o menino, que, segundo a mãe andava com comportamento estranho, falando até em suicídio, vinha se mantendo silencioso, sempre em casa, e queria distância da Igreja. A vítima contou que Vitor ameaçava de morte a ele, a irmã de 8 anos e a um primo de 9, caso revelasse algo sobre os estupros.

A Igreja afirma que Vitor “não tem vínculo sacerdotal com a Igreja”, e destacou que “embora seja funcionário da paróquia, o mesmo possui deficiência mental comprovada através de laudo médico e é contratado nesta modalidade para suprir uma exigência legal”.

“O acusado, enquanto funcionário, sempre exerceu suas atividades de forma correta é irrepreensível, sendo que tão logo tivemos conhecimento da acusação o afastamos de suas atividades como ajudante na missa e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para todo e qualquer esclarecimento”, afirma o comunicado.

Segundo a Associação Presbíteros, uma associação sem fins lucrativos que visa apoiar a formação e o aperfeiçoamento de sacerdotes e seminaristas diocesanos da Igreja Católica, na Igreja os acólitos “são os aqueles que servem ao altar” e “genericamente, também são chamados servos”. Nas missas, atuam como braço direito dos padres.

A Igreja informou que Vitor atua como acólito desde 2010 e refuta “com veemência qualquer atitude que viole leis, moral e os bons costumes”. Afirmou ainda que espera que “os fatos sejam esclarecidos e as medidas cabíveis adotadas. Reforçamos nosso compromisso com a verdade e com a Justiça”.

Em sua defesa, a Igreja apresentou dois laudos, um de 2014 e outro sem data, que informam que Vitor possui deficiência mental leve, podendo exercer atividades que não exijam pensar demais. O delegado Gilvan de Meireles Prates, contudo, disse estar “convicto de que ele [Vitor] não é absolutamente incapaz.”

Em Caravelas, o assunto tem dominado as redes sociais e grupos de aplicativos de troca de mensagens instantâneas, onde até foto da vítima já foi postada, o que gerou aborrecimento por parte da mãe do menino. Os dois e a menina de 8 anos há três semanas se mudaram para outra cidade do Extremo Sul da Bahia, temendo a repercussão do caso.

“Meu filho só sai de casa para a escola. Não sai mais na rua. Ele fica com medo de ser reconhecido pelos outros meninos, as pessoas. Não gostei nada da foto que botaram nos grupos, lá em Caravelas já tem muita gente comentando, uns sendo a favor de Vitor e outros defendendo meu filho. Até discussão na Igreja entre duas mulheres já teve, dizendo que a culpa foi minha por deixar meu filho sozinha com Vitor. Veja se pode uma coisa dessas”, comentou a mãe.