Liderança do BDM acusada de mandar matar policial é presa no Paraguai

Traficante Geleia foi capturado no final de semana na cidade de Minga Guazú

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  • Bruno Wendel

Publicado em 13 de agosto de 2018 às 15:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Geleia foi preso por policiais paraguaios e será trazido para a Bahia (Foto: Divulgação) Acusado de mandar matar um policial civil em outubro do ano passado, no bairro de São Cristóvão, em Salvador, o traficante Fábio Souza dos Santos, o Geleia, que comanda as ações da facção Bonde do Maluco (BDM) na localidade Vila de Abrantes, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi preso no Paraguai neste final de semana.

Ele estava dentro de um carro com outros dois homens quando foi abordado pela polícia da cidade de Minga Guazú, na fronteira com o Brasil.

A informação foi confirmada pela delegada Daniele Monteiro, titular da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes). “Ele estava com um revólver calibre 44 e uma pistola 9 milímetros, além de cartuchos e carregadores”, declarou a delegada.

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Fábio estava com outros dois homens em um veículo Hyundai Tucson quando foram surpreendidos pela polícia paraguaia. “Ele tinha costume de mandar drogas e armas do Paraguai para cá (Bahia)”, disse a delegada sem dar mais detalhes da prisão, já que uma coletiva para apresentá-lo à imprensa deverá ser realizada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Fábio faz parte da seção do BDM comandada por Vinícius dos Santos Bacelar, o Fofão. Ele está preso após a megaoperação da SSP realizada em outubro do ano passado. Na ocasião, o traficante ofereceu R$ 160 mil a policiais militares para não ser preso. Ele é envolvido também com assalto a bancos e explosão a caixas eletrônicos.

Nesta segunda (13), a parte do BDM que atua na localidade da Polêmica, em Salvador, também teve um membro preso. Trata-se de Leandro dos Santos França, 37, que foi lozalizado no bairro de Pernambués. De acordo com a SSP, Leandro é o 16º alvo localizado na megaoperação 'Polêmica' deflagrada na semana passada, na Bahia e no Rio de Janeiro, e que identificou conexões da facção Bonde do Maluco (BDM) no Sudeste do país.

Morte de policial Em Vila de Abrantes, a área de atuação do traficante Geleia, preso no Paraguai, é na localidade conhecida como Mutirão de Abrantes. Lá, ele é acusado de comandar diversos crimes, incluindo homicídios.“Ele planejava as execuções não só aqui na região de Vila de Abrantes, como também em Lauro de Freitas e Salvador”, disse a delegada Daniele Monteiro ao CORREIO.Ainda segundo ela, entre os crimes atribuídos a Geleia está o assassinato do investigador Luiz Alberto dos Santos, que trabalhava na Delegacia de Abrantes. Segundo Daniele Monteiro, Fábio mandou matar o policial por causa das ações das Polícias Civil e Militar em Mutirão de Abrantes.“O policial morava no bairro e ele acreditava que ele (Luiz Alberto) era o responsável pelas prisões do grupo e, por isso, Fábio ordenou sua morte”, declarou a delegada. No dia 31 de outubro de 2017, o policial civil foi morto na BA-526, no bairro de São Cristóvão, quando dirigia próximo ao condomínio Campo Belo – ele foi fechado por outros dois veículos. Os ocupantes dos outros carros atiraram várias vezes. O Celta do policial capotou e ele morreu ainda no local.

Líder Apesar de Fábio ter sido preso, o principal nome do BDM ainda continua foragido. Entre inúmeras tentativas, José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, apontado como chefão do BDM, segue solto. Ele foi o principal alvo da Operação Sapucaia, realizada em abril de 2016 pela Polícia Federal na Bahia e no Mato Grosso do Sul, com o objetivo de cumprir 13 mandados de prisão. O traficante é o três de ouros do Baralho do Crime da SSP, um arquivo que reúne os principais criminosos do estado. Principal alvo da operação, Zé de Lessa continua foragido (Foto: Divulgação) O bandido foi 'caçado' em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai. Dos 13 mandados de prisão, a Polícia Federal conseguiu cumprir oito. Alguns deles, dentro do próprio sistema penitenciário baiano.

O alvo da operação é apontado pela polícia como o maior distribuidor de drogas da capital e do interior, com especialidade em assalto a bancos e a carros fortes.

Surgimento Um dos cinco grupos criminosos mais atuantes na Bahia, e considerado o mais violento, o Bonde do Maluco (BDM) surgiu em 2015 no pavilhão V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Liderada pelo assaltante de banco Zé de Lessa, o BDM surgiu coimo uma ramificação da facção Caveira, comandada por Genilson Lima da Silva, o Perna, atualmente preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. 

Mas uma divergência fez com que o BDM caminhasse com as próprias pernas, armas e munições, ganhando fama como o grupo criminoso mais violento Bahia.