Liniker e os Caramelows gritam suas urgências goela abaixo

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Liniker e os Caramelows gritam suas urgências goela abaixo

Segundo disco da banda conta com influências de vários artistas baianos

Kalven Figueiredo

Publicado em 3 de abril de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Após conseguirem destaque em grandes palcos nacionais como o Rock In rio e o Lollapalooza, a banda Liniker e os Caramelows volta com um som mais maduro e sensual, em relação ao apresentado no álbum Remonta (2016). Goela Abaixo, segundo disco do grupo, mostra que os músicos ainda têm muitas coisas a experimentar. A capa é assinada pela artista Domitila de Paulo (Foto: Divulgação) Repleto de influências da música baiana, misturadas ao soul, blues e uma pitada de R&B, o álbum nasce da “vontade de dizer o que precisa ser dito”, afirma Liniker, 23 anos, numa referência ao título provocativo do álbum.

Produzido em meio a uma série de shows feitos em 20 países, em dois anos, o álbum precisou ser trabalhado aos poucos e por etapas. Sendo assim, é curioso como o disco usa e abusa da calmaria enquanto fala do presente e de temas que parecem tão urgentes quanto o sentimento que tomou a vocalista e compositora da banda, Liniker, na hora de compor as canções do novo trabalho. “Goela Abaixo vem da necessidade das coisas serem ditas e sobre as delícias de viver quando se é dito o que precisa ser dito, quando é compartilhado o precisa ser compartilhado. É sobre quando as coisas não ficam em cima do muro e é muito importante pra gente e pra mim nesse momento, de compositora e de criação, que as coisas sejam sublinhadas e vividas. O CD Fala sobre ser real, tátil, sobre as coisas serem presentes”, explica Liniker. Construído em conjunto, cada componente da banda deixa sua assinatura no disco que é marcado pela versatilidade de ritmos, instrumentos e temas . “Eu acho que sonoramente é uma gama muito grande de experiências musicais e gostos que temos no grupo. Mas uma coisa que eu sinto, pensando agora no disco, é que o sopro tá muito presente e ele é muito pra frente”, afirma Liniker. Com a produção assinada pelo baixista Rafael Barone, as percussões, sopros e pianos das canções foram pensados para dar unidade ao trabalho. “Por ter sido feito em vários lugares, em situações diferentes, com referências distintas, nos preocupamos em buscar uma unidade em toda a estética que estávamos envolvendo. E do ponto de vista de produção também, para trazermos uma unidade de textura à sonoridade”, conta Barone.

Além de Liniker Barros e Rafael, a banda é formada por Pericles Zuanon (bateria), William Zaharanszki (guitarra), Renata Éssis (backing), Marja Lenski (percussão), Fernando TRZ (teclados) e Éder Araújo (saxofone).

Entre as participações do álbum estão as cantoras Josyara, Juliana Strassacapa, Ayiosha Avellar, Natália Nery, Grasielli Gontijo, Tássia Reis, Mel Gonçalves e Lina Pereira - formando um grande coral feminino na faixa Goela.

Paixão pela Bahia

Enquanto produziam o disco, a Orkestra Rumpilezz não saía dos ouvidos de Liniker. “O som deles tem esses vários naipes. Esse som groovado, pra frente. Um som que você sente que é vivo e tem a impressão que quase consegue tocar. Essas foram as maiores influências do Goela”, revelou a cantora. A Bahia também está na balada Claridades. Escrita pelo cantor e compositor baiano Giovani Cidreira, a faixa gravada com piano e violino traz um belo refrão: “Amar é pra se corrigir e não perder a paz, a estrela do amanhã. Brilhando em mim ainda a direção pro coração e a rua inteira ver”. Liniker conta que a música chegou até ela por meio de um cometário do próprio Giovani e quando ela escutou, não conseguiu deixar de fora do CD. “Foi um presente receber essa canção dele. Quando ele me disse que tinha escrito uma música, eu escutei e achei que tinha tudo a ver com o nosso trabalho”, lembra.

Figura sempre presente nas praias de Salvador, Liniker confessa que Salvador é a terra que ela gosta de fugir sempre que tem um tempo livre. “A minha relação com esse lugar é uma espécie de estado de graça. Eu tô sempre por aí quando tenho tempo e posso fugir. É um lugar que eu quero estar e que gosto de me conectar. È um dos públicos mais bonitos que a gente tem. Todos os públicos são bonitos, mas a Bahia é ‘baba’. Quando chegamos aí o negócio é diferente, o feeling é outro”, analisa.

Liniker é uma das atrações do festival Lollapalooza (SP), quando toca no sábado.

Destaques do Disco

A marcante Beau é quando Liniker solta os vocais de diva do Jazz dos anos 60. E na companhia das cantoras ganesas Florence Adooni e Lizzy Amaliyenga, a música ainda surpreende por guardar uma pitada de música latina.

Logo em seguida a canção De Ontem transporta o ouvinte à uma calmaria conduzida pela voz da cantora que narra o início de um relacionamento bom e tranquilo. Os versos "Seu porteiro me trata íntima / Já não me acha visita / Tenho rubros sinais de sossego / Que explodem nos dedos / A cada sete que eu aperto" são um dos melhores escritos em todo o disco.

Em Intimidade são os vocais e firulas, marca da cantora, que impressionam e até surpreendem. Acompanhada apenas de um piano as palavras são quase sussuradas por Liniker, em clima de romance. Como quem observa a pessoa amada acordar para então dizer um suave: "Bom dia".

O coro de Goela encerram bem o disco com pluralidade de vozes. Liniker define a experiência como uma das experiências mais interessantes proporcionadas pelo disco. "Foi muito especial porque essas cantoras são pessoas que admiro muito e tenho uma vivência muito próxima e Goela fala sobre carinho, sobre respeito, sobre coisas mínimas que precisamos vivenciar na nossa experiência e nesses corpos todos. E cada uma das vozes dessas mulheres trazem experiência em um coro e não fazia sentido para mim cantar sozinha, ou cantar em pedaços separados. Eu acho que quando a gente se junta a gente prospera uma esperança muito mais abrangente e muito mais presente e esse coro é justamente para isso: aproximar e trazer a gente pra perto", pontua.

Escute o disco completo aqui: