Livro de fotografia registra cotidiano de terreiros de candomblé

E-book de Iuri Marc será será lançada nesta quarta-feira (3), na Amazon

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  • Laura Fernades

Publicado em 3 de março de 2021 às 08:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Iuri Marc/Divulgação
Livro AWO – Luzes e Sombra de uma Religião em Trânsito reúne imagens de dois terreiros por Foto: Iuri Marc/Divulgação

Foi dentro do terreiro de candomblé que o baiano Iuri Marc, 33 anos, se descobriu fotógrafo. O contraste da pele negra com a roupa branca chamou sua atenção, assim como as cores dos rituais presentes naquele universo religioso e afetivo. O resultado da observação atenta está no livro AWO – Luzes e Sombra de uma Religião em Trânsito, que será lançado nesta quarta-feira (3), em formato digital, na Amazon.    “A poesia desses espaços, a pele dentro desses espaços me encanta, toda a história. É uma forma de pensar em como podemos contribuir e falar sobre nós”, explica Iuri. As imagens captadas por ele mostram o cotidiano de dois terreiros: o Ilê Axé Ewê, localizado na Fazenda Grande do Retiro, e o Asé Ojisé Olodumare, que fica na vila de Barra do Pojuca, em Camaçari.    No primeiro, o fotógrafo fez registros “mais artísticos e coloridos, com texturas, poesia e afeto”, explica. No segundo, conseguiu um pouco mais de liberdade para fotografar a liturgia do candomblé, incluindo o início do xirê, da celebração dos orixás. A cozinha ritualística também está entre os registros, assim como a preparação do vestuário e do espaço de culto aos orixás.    “Todo momento dentro do candomblé é íntimo, é uma religião de afeto. Então é preciso muito respeito, acima de tudo. Você não pode ultrapassar o limite, porque você é um visitante. Fomos sempre muito bem recebidos e todo o trabalho fotográfico foi permitido”, conta Iuri. “Todo esse projeto só foi possível com a autorização dos orixás. Foi um fluxo muito lindo”, agradece.    A obra de 68 páginas traria não só a realidade dos terreiros baianos, mas também da Itália, onde Iuri chegou a morar por um ano e conheceu a antropóloga Marianna Soffiantino, que assina o texto de apresentação do livro. Com a pandemia da covid-19, o fotógrafo adiou o registro dos terreiros de Milão e Roma, onde foi acolhido, e essas imagens farão parte de um segundo volume, ainda sem data de lançamento.    Nas imagens que serão lançadas, ora em preto e branco, ora coloridas, o público encontra cenas cotidianas e momentos privados registrados por “um jovem fotógrafo que soube tornar-se invisível”, destaca Marianna. No texto de abertura do livro, a antropóloga ressalta que “não é fácil relatar no contexto das religiões iniciáticas”. “É preciso flexibilidade, disponibilidade”, diz.    Iuri concorda que foi um desafio, mas agradece pela experiência de registrar uma realidade cultural que admira. “O livro é uma contribuição minha à cultura afro-brasileira e os textos dão um suporte. Foi um trabalho que quis muito fazer e que me doei em todos os momentos. A importância dele está em preservar o que é nosso e nos fazer sentir. É como nos aproximasse desse ‘Awo’, dessa ‘pele’”, traduz. 

Serviço O quê: Lançamento do livro AWO – Luzes e Sombra de uma Religião em Trânsito (68 páginas | R$ 24,90) Quando: Quarta-feira (3) Onde: Amazon