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Ler o trabalho de Marisa Lajolo e Lilia Moritz Schwarcz é como se o próprio criador da Narizinho estivesse nos contando sua trajetória
Doris Miranda
Publicado em 20 de abril de 2019 às 06:00
- Atualizado há um ano
Monteiro Lobato não curtia muito a escola quando era menino. E olhe que estudou de muitos modos, na fazenda em Taubaté, na escolinha da cidade, interno em São Paulo... Não que fosse contra as Letras. O que detestava era o rigor dos horários. Sentava no fundão, desligado das aulas, desenhava caricaturas dos professores, sonhando com as aventuras que tinha na infância, na cidade natal que costumava retratar em aquarelas.
Essas e mais um punhado de informações sobre o criador do Sítio do Picapau Amarelo estão no livro Reinações de Monteiro Lobato - Uma Biografia, escritor por Marisa Lajolo e Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letrinhas/R$ 60/ 88 páginas). Pensado para segurar a atenção da criançada, o texto é levinho, como se o próprio Lobato estivesse contando sua vida, e repleto de recursos visuais (fotos, cartas, trechos de jornais, pinturas, capas de livros).
Neto do Visconde de Tremembé, advogado formado, torcedor do Palmeiras e louco por içás (formigas) torradas, José Bento Monteiro Lobato nasceu na casa do avô, em 18 de abril de 1882. Décadas depois, na data passou a ser comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil. Antes de se descobrir contador de história para crianças, gostava de Gustave Flaubert, Machado de Assis e Euclides da Cunha. Ouvindo as histórias contadas pela mulher, dona Purezinha, para os filhos Martha, Edgard, Guilherme e Ruth, começou a relembrar do que ouvia da mãe e da avó na fazenda da família. Tempos depois, se mudou para a fazenda Buquira, que herdou do avô, e se deparou com as dificuldades de lidar com o povo campesino, em quem Lobato de inspirou para criar o personagem preguiçoso e enrolado Jeca Tatu. E os ofendeu num continho de jornal intitulado Urupês - o livro publicado mais tarde reunia outros contos.
Em 1917, vendeu a fazenda e voltou a São Paulo. E pôs-se a escrever - e a criar caso com a geração de modernistas que começava a apontar novos caminhos para a arte brasileira.
Os livros infantis começaram em 1920, com A Menina do Narizinho Arrebitado. E aí surgiram O Saci, O Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Jeca Tatuzinho, Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática e muitos outros que hoje são clássicos da literatura infantil.