Livro reúne depoimentos e lembranças de personalidades sobre ACM

Obra será lançada em evento gratuito nesta quinta, no Espaço Itaú Glauber Rocha

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  • Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2017 às 06:21

- Atualizado há um ano

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Lembrado pelo amor que nutriu pela Bahia e pela paixão pela política, Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) acumulou em seus 79 anos de vida muitas histórias que ficaram conhecidas pelo fato de mais de cinquenta deles terem sido dedicados à vida pública. Muitas delas, no entanto, aconteceram na intimidade daqueles que conviveram de maneira mais próxima com ele. São essas histórias que estão reunidas no livro ACM em Cena, que será lançado nesta quinta, no Espaço Itaú Glauber Rocha, às 19h.

Aberto ao público, o evento integra as celebrações em homenagem aos 90 anos de ACM, que teria completado a idade no último dia 4 de setembro. Na ocasião, também será lançado o documentário ACM - Tempo e Espaço, produzido pelo cineasta Oscar Santana e que chegou a ser conferido e aprovado pelo  próprio ACM pouco mais de um mês antes de morrer.   Livro e filme eternizam o legado deixado pelo político que ingressou na carreira em 1954, tendo atuado como deputado estadual e federal, prefeito de Salvador, governador da Bahia, Ministro das Comunicações no governo José Sarney e senador da República.

Registro Mas as obras exploram outras facetas de ACM: sobretudo a relação com a cultura baiana e a convivência com personagens que marcaram a vida do estado, como Jorge Amado (1912- 2001), Dona Canô (1907-2012) e Irmã Dulce (1914-1992). Ou com instituições como o afoxé Filhos de Gandhy. 

O livro reúne um 62 textos curtos, depoimentos, artigos, crônicas e algumas reportagens. São assessores, artistas, familiares, publicitários e políticos as peças-chave na condução dessas lembranças íntimas, muitas das quais foram  registradas pela primeira vez. O escritor Antonio Risério, que assina um dos textos, é responsável pelo preparo editorial do livro, que é ilustrado com dezenas do fotos. 

O jornalista Fernando Vita, que foi seu assessor, e o marqueteiro Fernando Barros, dono da agência baiana Propeg - responsável por muitas de suas campanhas do político - compartilham boas anedotas. Entre os depoimentos, o da cantora Maria Bethânia, que conta que conheceu Antonio Carlos nos anos 70, na temporada de seu famoso show Rosa dos Ventos. Ela recorda que ele foi vários domingos à apresentação, sentava na frente e em muitos momentos, ficava emocionado. Ele era muito inteligente, muito rápido. E tinha um imenso poder de sedução. Era muito sedutor. Como Caymmi. E ele também sabia revirar os olhinhos à maneira de Carmen Miranda, que é uma coisa que eu acho linda no homem baiano. Ele tinha esse jeito muito próprio de saber olhar de baixo para cima, que é lindo. Era um homem sedutor e extremamente educado. Um homem muito gentil. Sabia mesmo ser cavalheiro (Depoimento de Maria Bethânia sobre ACM)Lembranças É Valdemar José de Souza, o Tio Souza, hoje guru espiritual do Filhos de Gandhy, quem conta sobre a relação do senador com o grupo. Um dos grandes entusiastas do afoxé, ele costumava receber integrantes do grupo sem o menor protocolo. Ao pé do ouvido, escutava as demandas e, sempre que possível, intercedia.

Até hoje o grupo é grato pela doação da sede em 1992. O sobrado no Pelourinho ainda guarda em uma de suas paredes uma foto do ilustre integrante, patrono e presidente de honra - título concedido em 1990.

 Também no Centro Histórico, nas imediações do Terreiro de Jesus, o empresário Clarindo Silva é outra memória viva do que ACM fez pelo Pelourinho. “Meu partido chama-se Pelourinho! E minha aproximação com ele (ACM) veio a partir daí”. Clarindo conta que foi a última pessoa a discursar para ACM durante o sepultamento dele. “Subi numa campa e falei que o Brasil e a humanidade estavam perdendo um de seus maiores nomes da política”, recita, admitindo “saudades das tiradas” do político. Filhos de Gandhy durante cortejo até à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde aconteceu a missa comemorativa de 90 anos de ACM (Foto: Divulgação) Lançamento Para Cláudia Vaz, diretora do Instituto ACM, as obras são uma justa homenagem à herança que o governante deixou ao estado. “É sabido que ele foi um grande homem público e que, em tudo que fazia, levava a Bahia no coração. O livro e documentário são formas de consagrar e honrar essa história nos 90 anos de ACM. Estamos fazendo tudo de uma forma condizente com o que ele era e pregava, com eventos abertos ao público”, afirma Cláudia.

Os exemplares do livro estarão disponíveis na noite do lançamento e poderão ser trocados por latas de leite em pó. Os donativos arrecadados serão entregues à Organização de Auxílio Fraterno, instituição filantrópica que funciona no bairro da Liberdade, e à Casa de Apoio e Assistência do Portador do Vírus HIV Aids - CAASAH.