Logan Lucky é um Robin Hood pra lá de safadão

Filme de Steven Soderbergh tem roubo perfeito, personagens bem compostos e humor

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  • Doris Miranda

Publicado em 12 de outubro de 2017 às 06:10

- Atualizado há um ano

De tão azarados, parece que os irmãos Logan têm uma maldição. Pelo menos, essa é a lenda que vigora entre a caipiragem da cidade onde moram. Sobre  Clyde Logan (Adam Driver, de Star Wars), por exemplo, diz-se que perdeu o antebraço no Iraque - a verdade, ele não conta, mas  pode ter sido na cadeia. Vivendo num esquema white trash e bem mais ‘descolado’ que o irmão, Jimmy (Channing Tatum)  era uma promessa no futebol americano, mas uma lesão no joelho o transformou num operário.

A diferença entre os dois é que Jimmy acredita piamente que em apenas um evento a sorte deles pode mudar para sempre. Se não é jogo de cartas, que evento é esse? Um roubo miraculoso que fariam durante a corrida de Nascar. Em suas palavras, uma coisa feita no sentido de tirar dos ricos para favorecer os necessitados, ou seja, a eles próprios. Um Robin Hood às avessas esse misto de comédia com ação policial que é Logan Lucky: Roubo em Família, novo trabalho do diretor Steven Soderbergh (trilogia Onze Homens e Um Segredo), há quatro anos afastado do cinema.

Para dar conta do intento, os irmãos precisam de bandidos de verdade. Então, tratam de recrutar dois nerds da computação e um cara mais barra pesada, o especialista em explosivos Joe Bang (Daniel Craig, totalmente diferente do James Bond), que ainda está preso. Time formado, hora de colocar as coisas em prática. Opa, falta alguém na equipe. A esperta Melie Logan (Riley Keough, neta de Elvis Presley), ótima com carros e em despistar a malandragem com  charme.

Caipiras - Hábil em reunir elenco de estrelas, Soderbergh tem ainda Hilary Swan, numa participação especial, e Katie Holmes, interpretando a caipira glamourosa Bobbie Jo, ex-mulher de Jimmy, a quem enxerga como um fracasssado. Ela  meio que faz alienação parental com a filha do casal. Um dos motivos para Jimmy querer roubar todo o dinheiro do autódromo é para ter o respeito da menina.

O público vê as trapalhadas mas não sabe muito bem como  o roubo vai acontecer. E assim a trama vai se desdobrando ao longo do filme de maneira muito sutil, tudo encadeado, no estilo Onze Homens e um Segredo, só que numa versão mais proletária, digamos assim.

Logan Lucky, que tem mais de 90% de aprovação no site Rotten Tomatoes, é o primeiro filme de Soderbergh na telona  após anúncios de que deixaria o cinema. Mas ele não parou nesse tempo: continuou a trabalhar em projetos como a série The Knick, um drama histórico hospitalar que terminou cancelado.

Voltou com Logan Lucky porque é uma história que gosta de contar, porque enxerga o fazer cinema como uma espécie de crime perfeito: “Você tem uma ideia louca. É provável que não funcione ou ao menos não como você imaginava. Você monta uma equipe, as coisas dão errado, e um dia a coisa chega ao fim e, com sorte, você sobrevive”.

Ganhador do Oscar por Traffic (2001), ele justifica o afastamento. “A verdade é que perdi o interesse em dirigir –não em produzir, ou assistir– qualquer coisa que pareça importante. Durante um tempo, isso não me atraiu de jeito nenhum. Isso foi algo que deixei na selva”, conta, referindo-se à cinebiografia Che, dividida em dois longas-metragens em 2008.  

Horários de exibição:

 UCI Orient Shopping da Bahia 12 (leg)  10h30 (M) | 13h | 17h40 | 20h05 | 22h30  UCI Orient Shopping Barra 6 (leg)(delux)  15h10 | 17h35 | 20h | 22h30  Cinemark 3 (leg)  15h20 (quinta, sábado e domingo) | 16h15 (exceto quinta, sábado e domingo) | 20h15 (quinta, sábado e domingo) | 21h30 (exceto quinta, sábado e domingo) | 23h10 (sábado) Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha 4 (leg)  15h40 | 20h40