Longe do Paraíso, do baiano Orlando Senna, está no Festival de Brasília

Longas do festival serão exibidos no Canal Brasil

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  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Criado em 1965 a partir da iniciativa do professor e crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) chega à 53ª edição. Como aconteceu com praticamente todas as mostras de cinema neste ano, o evento será exibido apenas na TV e na internet.

E a produção baiana marca presença: Longe do Paraíso, do veterano Orlando Senna, está na Mostra Oficial de Longa Metragem, e Distopia, de Lilih Curi, integra a Mostra Oficial de Curtas. 

Senna, que dirigiu o clássico Iracema - Uma Transa Amazônica (1974) com Jorge Bodanzy, estava distante da ficção desde Diamante Bruto (1978). Os outros cinco longas da Mostra Oficial são documentários. 

O filme conta a história de um pistoleiro que é contratado por uma organização criminosa e, depois de cometer um grave erro, é jurado de morte pela própria organização. Para escapar do castigo, no entanto, ele recebe uma oferta: matar a própria irmã, que é camponesa. 

Longe do Paraíso será exibido nesta quarta (16), às 23h no Canal Brasil, da TV por assinatura. Os filmes da Mostra Oficial serão exibidos diariamente até domingo, às 23h. A exibição começou ontem, com Espero que Esta te Encontre e que Estejas Bem.

“É uma honra ter meu filme, sobre a questão agrária, selecionado para a mostra oficial de longa-metragens do Festival de Brasília, um evento tradicionalmente dedicado a perspectivas políticas de nosso país. A história do filme, inspirada no mito bíblico de Caim e Abel, está focada no pistoleiro Kim. É um filme enraizadamente baiano, com elenco, equipe técnica e locações da Bahia”, diz o cineasta baiano.

Longe do Paraíso é um dos concorrentes ao cobiçado Troféu Candango, que aponta o melhor filme. O júri é formado por Ana Maria Magalhães (atriz e diretora), Joel Zito Araújo (cineasta) e Ilda Santiago (diretora executiva do Festival do Rio). A mostra de Curtas também terá um premiado. 

A outra produção baiana que participa do Festival, o curta Distopia, é dirigida por Lilih Curi. “O Festival é símbolo de resistência, é referência de tudo aquilo que é urgente ser dito e que por muitas questões nos aprisionam enquanto sociedade, nos calam. Espero que a gente consiga que a nossa voz chegue onde precisa chegar”, afirmou Lilih. O filme, uma ficção, tem a pedofilia como tema. Os curtas estão disponíveis gratuitamente na plataforma de streaming Canais Globo. Para assistir, basta realizar um cadastro.

Haverá ainda uma mostra paralela, com filmes relevantes da história da cinematografia nacional, como Meteorango Kid e O Bandido da Luz Vermelha. Os links para esses filmes estão no site cultura.df.gov.br.

Resistência A curadoria do Festival neste ano é do documentarista Silvio Tendler, diretor de mais de 30 filmes, incluindo clássicos como Os Anos JK (1981) e Jango (1984). “O cinema brasileiro é um resistente e renitente. Resiste a tudo que tenta derrubá-lo. Como diz Glauber Rocha, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, ‘mais fortes são os poderes do povo’. Não desistiremos e não calaremos”, diz Tendler. 

Por falta de verba, esta 53ª edição quase não acontece. A Secretaria de Cultura do Distrito Federal, responsável pelo evento, chegou a anunciar seu cancelamento, mas acabou mudando de decisão. 

Bartolomeu Rodrigues, secretário de cultura do DF, comentou a decisão de realizar o Festival: “Como secretário, não poderia deixar que o mais longevo e importante festival de cinema do país fosse pausado. Só a censura calou o Festival de Brasília e essa é uma cicatriz que não podemos remexer”. O Festival não foi realizado de 1972 a 1974, durante o regime militar.

Além da exibição de filmes, o Festival realiza debates e conversas com profissionais do cinema. Hoje, às 11h, haverá um encontro com o cineasta inglês Ken Loach, que vai estar no debate O Cinema como Ferramenta Política. O vídeo vai ser exibido no YouTube da Secretaria de Cultura do DF. No mesmo canal, às 17h, hoje, acontece uma conversa sobre o Cinema Negro, com Joel Zito Araújo, Lázaro Ramos, Renata Martins e Camila Moraes.

Veja os longas da Mostra Oficial (competitiva) no Canal Brasil, às 23h

16 de dezembro:

Longe do Paraíso

Direção: Orlando Senna

Ficção, BA, 106 min

 

 17 de dezembro:

A Luz de Mario Carneiro

Direção: Betse de Paula

Documentário, RJ, 73 min

 

18 de dezembro:

Por Onde Anda Makunaíma?

Direção: Rodrigo Séllos

Documentário, RR, 84 min

 

19 de dezembro:

Entre Nós Talvez Estejam Multidões

Direção: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito

Documentário, MG/PE, 92 min

 

 20 de dezembro:

Ivan, O Terrirvel

Direção: Mario Abbade

Documentário, RJ, 103 min