Looks do Afro Fashion Day falam sobre o ciclo de vida do dendê

30 marcas assinam esta edição do evento, sem contar os acessórios

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

Uma semana de gravações e fotos, 31 modelos, 5 locações externas, 36 marcas parceiras... Cada um destes números conta um história e compõe um pedacinho do  quebra-cabeças chamado Afro Fashion Day, que será apresentado no dia 20 de novembro, nas redes sociais do CORREIO, no formato de Fashion Film. 

Nesta edição, 30 marcas foram convidadas para montar as roupas do Afro Fashion Day 2020, que tem como tema o dendê. E seis elaboraram os acessórios. Imagina só a dificuldade de construir as peças com um tema tão caro à Bahia?

Curador e produtor de moda do projeto, Fagner Bispo diz que o conceito consiste em trazer o dendê em suas diversas formas, do fruto ao azeite. A cartela de cores foi inspirada no fruto, que quando nasce é preto e à medida que amadurece alcança uma coloração que vai do amarelo ao vermelho alaranjado.

Com isso em mente, Fagner conta que algumas marcas criaram peças que fazem menção às cores do dendê e outras trabalharam de maneira mais figurativa: explorando estamparia, bordados, pintura manual e vários outros recursos.

Criadora da Negrif, Madá Bispo diz que pensou muito no conceito até conseguir chegar ao que queria: foi até a raiz e explorou o fruto e pensou em trabalhar com estampa, marca registrada de sua grife.“Eu mesclei essa estampa com símbolos e detalhes africanos tão incutidos na nossa terra e nossa herança. O pensamento foi de manter a linha do que eu já trabalho e mesclei dando destaque para o dendê”, contou a estilista.Os modelos aprovaram os looks. Willy Montenegro, que  participou das gravações no primeiro dia, no Parque São Bartolomeu, diz que vestir algo que simboliza tanto a Bahia é motivo de orgulho e acredita que pode inspirar outras pocs, termo utilizado para definir homens gays que são mais afeminados e chamativos, do jeito que Willy é. “Vestir algo que é símbolo da Bahia tem uma força muito grande e sei que inspira meninos que nem eu”, diz. 

Em seu terceiro ano no Afro Fashion Day, Leide Oliveira classifica a ideia do dendê como “bafônica” e achou muito acertada a sugestão de vestir roupas baseada no fruto, essencial para muitos pratos culinários da terra.

Os tons das roupas estão bem diversificados. Enquanto Leide usou uma espécie de macacão marcado pelo tom dourado, fazendo alusão ao ouro do dendê, a modelo Zana usou um vestido branco com desenhos em amarelo e contorno preto em várias garrafas de azeite. 

Com quatro anos de mercado, a Lú Samarato é outra veterana do Afro Fashion Day e participa do evento pela quarta vez consecutiva. Fundada pelo designer soteropolitano Lú Samarato, 23 anos, a grife tem como alvo o público jovem e atua através de uma loja virtual independente.

Para a edição deste ano, a criação da marca utiliza como inspiração as baianas e o acarajé, numa reverência ao bolinho de feijão que tem origem no Golfo do Benim, na África Ocidental, e foi trazido para o Brasil com a vinda de escravizados da região.

“Nessa viagem ao Benim, eu me encontrei com as Ahosi (ou Mino), guerreiras fons que formavam um dos regimentos militares do Reino do Daomé (atual Benim) até o final do século XIX”, relata. “E é dentro desse contexto que eu mergulho, partindo da premissa do azeite de dendê fervente, pelos olhos de uma baiana que traz consigo características das Ahosi. Dentro desse universo místico, eu apresento uma releitura da relação da mulher com o dendê, através do vestir”, completa.

Quem estiver afim de conferir alguns aperitivos de como os modelos estavam durante as gravações do Afro Fashion Day precisa ficar ligado no Instagram do CORREIO (@correio24horas). Por lá, sairão alguns teasers das gravações, vídeos feitos com os modelos e o próprio Fashion Film, que será publicado no dia da Consciência Negra, 20  de novembro. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Conheça as marcas Na edição 2020, irão desfilar 37 marcas (31 de roupas e 6 de acessórios), são elas: Adriana Meira; Alafia; Ateliê Casalinda; Balbina; Black Atitude; By Aninha; By Mário Farias; Closet Clothing; Com Amor, Dora; Costa Ribeiro; Fagner Bispo; Filipe Dias; Gefferson Vila Nova; Isaac Silva; Incid; Jeanne Gubert; Jeferson Ribeiro; João Damapejú; Katuka Africanidades; Kelba Deluxe; Lú Samarato; Marc Bell Ethnic Revival; Mb Conceito; Meninos Rei; Mônica Anjos; N Black; Negrif; Preta Brasil; Realeza; Regina Navarro Bellaoyá; Rey Vilas Boas; Sanporttï; Silverino Ojú; Sou Diva! Tá Bom pra Vc?; Soudam; Soul Dila e Ziê.

O Afro Fashion Day é um projeto do Jornal CORREIO com o patrocínio do Hapvida e a parceria do Sebrae.