Luís Miranda e Mateus Solano desembarcam em Salvador com O Mistério de Irma Vap

A peça é uma nova montagem do grande clássico do teatro de 1986

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  • Roberto Midlej

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 11:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A década era a de 1980 e o Brasil saía da ditadura militar. Era hora de dar vazão a tudo que ficara reprimido durante os anos de chumbo. Era o cenário ideal para o surgimento do besteirol, gênero teatral baseado na comédia anárquica, na sátira, no escracho e, muitas vezes, com uma pitada de nonsense.

E o maior símbolo daquele gênero é O Mistério de Irma Vap, peça baseada em texto do americano Charles Ludlam e que estreou no Brasil em 1986. No elenco, estavam dois dos maiores atores cômicos do país: Marco Nanini e Ney Latorraca. Na direção, Marília Pêra completava o trio de ouro.

O resultado foi um dos maiores sucessos da história do teatro brasileiro, com mais de três milhões de espectadores e 11 anos seguidos em cartaz, com direito a menção no Guiness, o Livro dos Recordes. Marco Nanini e Ney Latorraca estreleram a primeira versão da montagem (Foto: Divulgação) Agora, mais de 30 anos depois da estreia, chega a Salvador uma nova montagem, com Mateus Solano e Luís Miranda, dirigida por Jorge Farjalla. A história é o que menos importa, já que o objetivo mesmo é rir. 

Mas aí vai: Lorde Edgar Montepico está radiante de alegria com a chegada de sua nova mulher, Lady Enid. Mas a criada Jane, leal à ex-patroa, já morta, não admite a possibilidade de alguém substituir o lugar de Irma Vap - a falecida mulher de Lorde Edgar - e se tornar a segunda Lady Montepico. A trama se passa dentro de um trem fantasma, em vez de um castelo, como acontecia na versão anterior.

“A trama é estapafúrdia, com lobisomens, vampiros e muita besteira. É uma homenagem ao besteirol, que é um tipo tão engraçado de comédia que não leva nem a si mesmo a sério”, diz Solano. 

Reflexão  Miranda vai além e acha que a montagem chega em um momento importante: “Com uma comédia, a gente brinca e faz a sociedade refletir, para que compreenda este momento em que o artista é demonizado”. 

O ator acha que, nesta montagem, o encontro entre um artista branco e um negro dá mais comicidade: “A gente brinca com nossa cor e debocha dos preconceitos”, diz. Luís Miranda e Mateus Solano se apresentam com O Mistério de Irma Vap (Foto: Divulgação) Atualmente no ar como o Zé Bonitinho da Escolinha do Professor Raimundo, Solano diz que gosta de um tom mais histriônico na maneira de atuar. “Gosto muito do exagero, afinal eu venho do teatro, onde tudo é maior, mesmo fazendo algo pequeno”, revela o ator, que, como Miranda, não viu a versão original.

Uma das atrações é o fato de cada um dos dois atores interpretar três personagens, o que os obriga a realizar trocas frenéticas de figurino. Ao contrário do que ocorria na montagem original, desta vez a troca de roupas é realizada na frente do público. Para isso, os atores têm a ajuda de quatro camareiros, que também permanecem no palco.

ServiçoO quê: O Mistério de Irma VapOnde: Teatro Castro Alves (Campo Grande)Quando: Sexta, 9 e sábado 10, às 21hIngresso: R$ 60 a R$ 180