Lula deixa sede de sindicato e se entrega à PF em São Paulo

Ex-presidente seguirá de avião até Curitiba, onde ficará preso

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  • Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2018 às 18:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nelson Almeida/AFP

O ex-presidente Lula deixou a sede do Sindicato dos Metálurgicos do ABC Paulista em direção ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por volta das 18h40 deste sábado (7). Na saída, manifestantes e militantes do Partido dos Trabalhadores fizeram uma corrente humana na tentativa de impedir a saída do ex-presidente. 

Por volta de 18h, a Polícia Federal chegou a estabelecer um prazo de meia hora para Lula se entregar. Diante do impasse com os militantes, a presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, subiu em um trio elétrico e pediu aos apoiadores que liberassem a saída de Lula.

Ela explicou o risco da resistência gerar um pedido de prisão preventiva e dificultar os recursos, além do risco da polícia chegar e retirar os manifestantes com violência.

Na saída, houve confusão e empurra-empurra, mas o ex-presidente acabou deixando o local numa das viaturas da PF, que entregou o mandado de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro na quinta-feira. 

Rumo a Curitiba Da sede do sindicato até o aeroporto, o carro de Lula será escoltado por um comboio de viaturas da Polícia Federal. O trajeto, sem trânsito, dura cerca de meia hora.

Em Curitiba, para onde o ex-presidente será levado, haverá uma limitação no fluxo de pessoas no entorno do prédio. De acordo com a Polícia Militar, os dois grupos - a favor e contra Lula - ficarão separados por um espaço de 30 metros, entre eles haverá ainda uma barreira de policiais e carros da corporação para assegurar que manifestantes não se encontrem.

O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito, tenente-coronel Polak, explicou que os apoiadores de Lula ficarão próximas ao portão de acesso à Superintendência. Já os opositores deverão se concentrar do outro lado do prédio. Segundo o comandante, a medida serve para evitar confrontos e permitir que possam se manifestar.

“Tudo isso é para que eles não se misturem, não fiquem  se degladiando, porque não é isso que nós queremos. A democracia diz que todos nós temos a liberdade de expressão”, disse.

O militar não revelou o número de policiais que devem trabalhar na operação por questões de segurança. A determinação foi negociada com grupos a favor de Lula que se encontram no local desde a manhã.  A PM evitou dar uma estimativa de manifestantes no local. O comandante informou também que assim que grupos contrários ao petista chegarem na Superintendência serão encaminhados para o local destinado a eles.  Lula durante pronunciamento (Foto: AFP) Pronunciamento Lula disse durante pronunciamento em frente ao sindicado, na manhã deste sábado, que se entregaria. A fala do ex-presidente aconteceu no final de ato em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia.

Segundo a assessoria de imprensa da 13ª Vara Federal do Paraná, o ex-presidente não podia ser considerado foragido e também não teria descumprido ordem judicial ao não se apresentar conforme a proposta contida no despacho de Moro.

Lula foi condenado por Moro no caso do tríplex de Guarujá em julho de 2017. Em janeiro, os juízes do TRF-4 confirmaram a condenação e votaram por aumentar a pena do petista para 12 anos e um mês de prisão. 

Imprensa atacada O jornalista Pedro Durán, ao lado de outros jornalistas, tinha entrevistado o ex-ministro do governo Lula Celso Amorim quando foi empurrado pelo manifestante dentro do sindicato, que tentou atirar objetos, como garrafas e até a própria grade de proteção que isolava a imprensa.

A confusão, registrada por vários veículos de imprensa, só foi controlada depois que os deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Carlos Zarattini (PT-SP), além do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, retiraram Durán do local.

O repórter teve um arranhão no braço e saiu do prédio pelo subsolo. Ele continuou na cobertura do lado de fora do sindicato. O ataque ao repórter não foi o primeiro na cobertura sobre a ordem de prisão expedida pelo juiz federal Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula. Na última quinta (5), durante protesto em frente à Central Única dos Trabalhadores (CUT), no centro de Brasília, uma equipe do jornal Correio Braziliense - uma repórter, uma fotógrafa e um motorista - tiveram o carro em que estavam depredado. Uma equipe do SBT e um repórter fotográfico da Agência Reuters também foram agredidos.

Nesta sexta (6), em São Bernardo do Campo (SP), o jornalista Nilton Fukuda, repórter da Agência Estadão Conteúdo, e a jornalista Sônia Blota, da Band, foram agredidos ao registrarem manifestações em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ambos foram atingidos por ovos jogados pelos manifestantes. Reação As agressões a jornalistas registradas durante a cobertura de protestos em São Paulo e Brasília geraram reações de entidades de imprensa. Ontem (6) em nota conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).