Mãe de jovem agredido por PMs diz que ele reagiu porque ficou com medo de morrer 

Jovem teria sido ameaçado por policiais durante a abordagem

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  • Carol Aquino

Publicado em 7 de junho de 2018 às 04:30

- Atualizado há um ano

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O jovem agredido numa abordagem policial na noite do último domingo (3), no Santo Antônio Além do Carmo, resistiu à abordagem policial porque ficou com medo de ser morto pela polícia depois que fosse colocado na viatura. Segundo a mãe, que pediu para não ser identificada, ele teria recebido ameaças dos policiais militares. 

“Só ele sabe o que foi dito pelos policiais. ‘Vou enfiar você na mala e vamos dar um rolé’. ‘O que você vai passar depois disso aqui vai ser muito pior’. ‘Se você tiver com cheiro de maconha, você vai ver o que vai acontecer com você’, disse a mulher, lembrando o que teria sido dito pelos PMs durante a abordagem. 

“O que essas frases significam? O que você ia pensar? Ele ainda ouviu a população gritando: 'Não entra que eles vão te matar'”, revelou a mulher, justificando a resistência do filho de 21 anos à abordagem policial, que ela considerou absurda. “Eles não tinham motivo nenhum para chegar ao ponto que chegaram. Quando me mostraram o vídeo completo da agressão, não segurei as lágrimas. Eu não seguraria por outras pessoas, imagine por meu filho, que eu vi sendo espancado por cinco marginais fardados. Foi muita covardia, independente da justificativa”, protestou.Além do rapaz, uma mulher grávida de três meses, que protestava contra a truculência da abordagem, também foi agredida.

Agressão Os policiais agrediram o jovem com pancadas de cassetete, tapas, além de empurrá-lo e arrastá-lo para dentro da viatura, entre outros tipos de violência física. Segundo o relato da mãe, o jovem ficou com o rosto e o braço esquerdo inchados, a boca rasgada, além de marcas pela pancada de cassetete por todo o corpo. “Quando ele chegou em casa, mal conseguia se mexer. Disse que pensou que ia ser morto, que teve sorte de ter saído vivo. Acho que só não aconteceu coisa pior porque a população estava ali”, contou. A mãe do jovem disse que ele contou que policiais estavam passando na viatura e viram que o rapaz estava fumando maconha. “Tanto que ele jogou o baseado fora. Ele não tinha mais nada com ele. Meu filho é usuário de maconha, mas só isso”, disse a mulher, em defesa do rapaz, que é casado e tem uma filha de três anos. 

O jovem foi levado para os policiais até uma UPA, mas não recebeu atendimento. Depois, foi levado para a Central de Flagrantes, onde foi ouvido e liberado. 

Apesar do abuso da força, a família diz que não prestará queixa na Corregedoria contra os PMs. “Estou muito revoltada, mas com medo. Eu sou pipoquinha neste pipoqueiro”, apontou a mãe do jovem, que desde que foi agredido, não consegue sair de casa. Ontem, a PM informou que os policiais envolvidos no casa foram afastados.

Festa O jovem tinha saído de casa com uma ex-namorada na noite do domingo (3) para ver a festa que acontecia no Largo do Santo Antônio. "Foi tudo muito rápido. Entre ele sair e eu receber uma ligação dizendo que ele tinha sido espancado e preso, foi questão de 20, 25 minutos. Eu nem percebi que ele tinha saído de casa", contou a mãe do rapaz. 

Segundo ela, a família estava em casa esperando uma pizza que haviam pedido para jantar. O rapaz recebeu uma visita de um amigo, que lhe entregou um cigarro de maconha. Ele saiu de casa para conversar com o amigo no portão, quando a ex-namorada passou de moto dizendo que estava indo para a festa no Santo Antônio Além do Carmo. 

"Ele disse à mulher que ia fumar e ia voltar. Ele não fuma na frente da gente", contou a mãe.