Maglore estreia show do quarto álbum no Teatro Castro Alves

Apresentação da banda baiana radicada em São Paulo acontece quinta-feira (28), às 21h

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  • Laura Fernades

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Duane Carvalho/Divulgação

Apesar de se chamar Todas as Bandeiras, o novo álbum da Maglore não é panfletário e o título tem a origem mais despretensiosa possível. “Vem da mesa de bar. Juro!”, garante rindo o vocalista Teago Oliveira, 31 anos. Segundo ele, a sugestão veio de um amigo que, ao ouvir o quarto disco do grupo, percebeu que a palavra “bandeira” aparecia em pelo menos três músicas. “São todas as bandeiras, é?”, questionou arrancando risos de todo mundo na mesa.

O nome pegou. Mas as bandeiras, garante Teago, são aquelas levantadas internamente por cada indivíduo e não as que fazem parte da política em sua dimensão macro. “São músicas que passam por uma reflexão do indivíduo dentro desse cenário político- filosófico e não da política pública”, explica o vocalista sobre o que público vai conferir de perto na quinta-feira, quando a banda baiana radicada em São Paulo apresenta o show Todas as Bandeiras no Teatro Castro Alves (TCA), às 21h.

Sucessor do elogiado disco III (2015), Todas as Bandeiras marca não só o retorno do grupo à formação de quarteto, mas também o primeiro show da Maglore no TCA. “O TCA é um lugar que desde pequeno a gente costuma ir com os pais, é um lugar icônico. Era o único desses palcos marcantes que a Maglore ainda não tinha tocado. Era uma vontade grande. A gente não pensou duas vezes”, comemora Teago.

Ao lado do baterista Felipe Dieder, do guitarrista Lelo Brandão, que está de volta, e do baixista Lucas Oliveira, estreante no grupo, Teago apresenta as músicas inéditas assinadas predominantemente por ele. Além disso, o repertório do show inclui sucessos anteriores como AiAi, que está na trilha de Malhação, Mantra, Dança Diferente, Aconteceu, Demodê e Tudo de Novo.

Leveza na dor Solar, Todas as Bandeiras equilibra a leveza sonora com o peso que envolve as questões existenciais abordadas nas letras. Ou seja, Teago canta a dor do crescimento, a superação pessoal, os medos, as perdas, os tropeços emocionais, amorosos e outros temas densos com tranquilidade. Sempre acompanhado de arranjos pop dançantes cheios de guitarra e com influências de indie, MPB e rock dos anos 1970 e 1980.

Aquela Força, por exemplo, abre o disco produzido por Rafael Ramos e Leonardo Marques com um retrato dançante do crescimento. Composta em parceria com o guitarrista mineiro Luiz Gabriel Lopes, da banda Graveola, Teago canta: “Quando ele era pequeno/Se olhava no espelho/Não sabia o que iria encontrar/No seu corte de cabelo/Algo além do desespero/ Uma busca forte pra se libertar/Aí ele foi crescendo/Os seus medos foi vencendo”.

Já em Eu Consegui, Teago canta a dor do amor: “Eu consegui perder meu grande amor/Não faz mal, a solidão é um clássico/Fui eu mesmo que me destruí/ Apontei a faca pro avesso/Já não dá mais pra se redimir”. Em Quando Chove no Varal, também composta por ele, a letra diz “Nessa árdua tarefa/ De ressignificar/O seu rosto tá sumindo/E eu preciso caminhar”. A capa do quarto álbum da Maglore é assinada por Azevedo Lobo (Divulgação) Calma, por outro lado, pede ajuda à sabedoria do tempo para enfrentar os problemas. “Calma/O tempo é o seu melhor amigo/Eu sei que isso não faz sentido agora/Mas calmaPois nada fica fora do lugar”, diz a letra composta pelo baixista Lucas Oliveira em homenagem a Teago, que estava triste com a perda de um amigo em meio ao processo de gravação do disco em um sítio de São Paulo.

“Teago estava abalado, mesmo superforte e fazendo todo mundo dar risada. Aquilo ficou na minha cabeça. Então peguei o violão e um pedaço da música saiu na hora”, conta Lucas, 25. “Aos 47 do segundo tempo ele disse ‘galera, tenho mais uma música’. Ele tocou no violão e antes dele terminar eu já estava abraçando ele!”, conta Teago rindo.

Diante da leveza do arranjo feito pelos dois com Lelo Brandão, Lucas reforça que a Maglore tem “uma coisa leve, que todo mundo acessa fácil”. “Me identifico com essa forma leve da Maglore de fazer música pop, de se conectar com qualquer pessoa”, comemora Lucas. “Ele é um disco denso. Não é ingênuo, mas é fácil de entender”, completa Teago.

O recado é passado de forma leve não só pelo arranjo solar, mas também pela arte colorida do encarte feito por Azevedo Lobo. Mas o peso das músicas tem um motivo, para Teago: “Acho que foi porque sofri um pouco na vida! (risos) As letras são sinceras”, explica.

“É um disco meio esquizofrênico, porque é bem solar, ao mesmo tempo o discurso é pesaroso sem cansar. Discurso de culpa, de autoanálise, dificuldade dos seres humanos, questões políticas de insurgência... É um apanhado. É música pra dançar chorando”, finaliza rindo.

Serviço Show: Maglore Onde: Teatro Castro Alves (Campo Grande, s/n | 3003- 0595) Quando: Quinta (28), às 21h Ingresso: R$ 40 | R$ 20 (filas A a Z11). Aceita Clube Correio: desconto de 30% na inteira. Vendas: TCA, SACs Barra e Bela Vista e site www.ingressorapido.com.br.