Mais Ba-Vi, menos vergonha

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  • Elton Serra

Publicado em 8 de abril de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A volta de Guto Ferreira ao comando técnico do Bahia foi contestada por muitos torcedores tricolores. Não só por causa da sua saída para o Internacional, aceitando proposta do clube gaúcho para trabalhar na Série B, mas também pela oscilação no desempenho do time baiano, sobretudo em jogos como visitante. O presidente Guilherme Bellintani, apesar de bancar a volta do treinador, chegou a criticá-lo em fevereiro ao afirmar que “está faltando futebol”. As semanas têm passado e o Bahia, no tempo de Guto, vai reajustando o seu jeito de jogar.

Nos 18 jogos que fez até agora em 2018, foram poucos em que o Bahia conseguiu ser superior. Nos últimos três, manteve um pico de alta intensidade bem maior que o habitual. Contra Juazeirense e Botafogo-PB, fez primeiros tempos seguros e objetivos. Diante do Vitória, dividiu o protagonismo nos 90 minutos, mas terminou a partida inteiro fisicamente. Somando-se o encaixe do sistema e suas variações, que permitem ao time ganhar alternativas para sair de situações adversas, o tricolor vive viés de alta.

Vencer seu maior rival no primeiro jogo da final do Campeonato Baiano e jogar por um empate no Barradão foi o maior feito do Bahia em 2018. Com toques rápidos e transições inteligentes, os comandados de Guto Ferreira conseguiram fugir da pressão alta feita pelo Vitória e garantiram um triunfo expressivo, a despeito dos erros de arbitragem. O modelo de jogo aplicado na Fonte Nova dá a possibilidade de repetição do sistema, algo buscado pelo técnico tricolor desde o início da temporada. Atuando fora de casa, não é inimaginável ver uma equipe que apostará na posse de bola para controlar uma partida que lhe é favorável.

A tarefa, porém, está longe de ser fácil. O Vitória é bem diferente daquele time facilmente batido dentro do Manoel Barradas, como se mostrou muitas vezes em 2017. O rubro-negro agora é capaz de também controlar o jogo, ter mais posse de bola e agredir com mais eficiência jogando em seus domínios. Apesar da estratégia ter falhado em alguns momentos na Fonte Nova, Vagner Mancini fortaleceu o meio-campo com Fillipe Soutto, jogador que dá liberdade para Uillian Correia ser um meia-central com características de armador; Juninho e Nickson abrem o campo e dão amplitude à equipe, a fim de tirar a possibilidade de passes curtos do Bahia; Neilton tem a liberdade de flutuar entre as linhas rivais e mostrou que pode ser mais letal se atuar ao lado de outro atacante de mobilidade, como o jovem Luan. O Leão também tem as suas armas.

O cenário, mesmo assim, não faz do Ba-Vi um clássico tecnicamente brilhante. A zaga do Bahia segue insegura na saída de bola. O Vitória tem atuado com dois laterais que inspiram pouca confiança. A primeira partida mostrou duas equipes que exageraram nos erros de passe, deixando o jogo pouco criativo. Todavia, este mesmo cenário prova que a final está longe de ser definida, apesar da vantagem do empate nas mãos dos tricolores.

O Ba-Vi de hoje é o desfecho de um Campeonato Baiano que não teve muita graça. Sem nenhum jogo empolgante e com uma mancha causada pelo primeiro clássico do ano, a expectativa é que a última final estadual sob o comando de Ednaldo Rodrigues à frente da FBF deixe uma boa impressão para o Brasileiro. É um jogo que vale título, mas precisa também valer a pena para o restante da temporada.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.