Mangueira é homenageada em disco inédito de Bethânia

Com arranjos e direção musical de Letieres Leite, álbum será lançado sexta-feira (6)

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  • Laura Fernades

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 05:55

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. Crédito: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Devota de Oyá, divindade conhecida como Iansã ou Santa Bárbara que é celebrada hoje, a cantora Maria Bethânia vai homenagear a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira com um álbum inédito: Mangueira - A Menina dos Meus Olhos (Biscoito Fino). O disco que será lançado na sexta-feira (6) é uma forma da cantora retribuir à agremiação, que venceu o Carnaval de 2016 com o tema Maria Bethânia - A Menina dos Olhos de Oyá.

Nascida em Santo Amaro da Purificação, Bethânia conta que poderia agradecer de diversas formas, mas escolheu fazer isso cantando. “Porque é o meu ofício. Meu orixá foi reverenciado através de mim. Ela, Iansã, era o enredo”, justifica Bethânia, sobre o álbum que fica disponível dois dias depois da data em homenagem a Iansã.

Com arranjos e direção musical do maestro Letieres Leite, Mangueira - A Menina dos Meus Olhos dialoga os sambas feitos na Bahia e no Rio de Janeiro em nove músicas. Além do samba-enredo vencedor do desfile, que foi composto por Caetano e Moreno Veloso, o disco reúne clássicos de artistas como Nelson Cavaquinho (1911- 1986), Paulinho da Viola e Assis Valente (1911-1958).

O repertório do disco inclui, ainda, dois sambas inéditos de Nelson Sargento e Tantinho da Mangueira. Ambos concorreram, em 2016, ao enredo da Mangueira com outras 37 músicas, mas não venceram e permaneceram inéditos. Letieres assina arranjos e direção artística do disco de Bethânia (Dayse Cardoso/Divulgação) Amálgama Para o maestro Letieres Leite, a dificuldade maior era fazer com que os músicos do Rio de Janeiro e da Bahia estivessem em sintonia com as proposições do álbum. Da banda que acompanha Bethânia, ficou apenas o contrabaixista Jorge Hélder, que se apresenta ao lado do percussionista Luizinho do Jêje e do pianista Marcelo Galter, velhos conhecidos da Orkestra Rumpilezz.

“O primeiro acordo foi diminuir um pouco a velocidade deles e aumentar um pouco mais a maneira de tocar da Bahia.  Uma matriz rítmica que fosse comum aos dois”, conta Letieres. “Nunca tinha trabalhado dessa forma, foi um grande desafio. Uma desconstrução mesmo”, completa o maestro. O objetivo era chegar a uma matriz rítmica comum às duas culturas.

“Tudo feito de maneira meticulosa, porque o pedido de Bethânia era contemplar as duas culturas de forma amalgamada”, conta Letieres. “Hoje, é difícil o diálogo em todas as instâncias. Mas na música, ainda tem uma grande possibilidade de realizarmos diálogos profundos. Não tem força do mal que chegue perto”, garante.

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