Manuela Avena: Sem essa de mimimi

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Publicado em 23 de abril de 2018 às 09:34

- Atualizado há um ano

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Não é uma tarefa fácil ser profissional de comunicação nos dias de hoje. A internet e as redes sociais, outrora utilizadas para divulgar informação a várias pessoas em um curto espaço de tempo, dão lugar à intolerância e à estranha sensação de que tudo pode ser dito sem nenhuma responsabilidade. As pessoas se acham no direito de “apontar o mouse”, manchar a opinião alheia e desrespeitar o próximo pura e simplesmente por discordar de algo. O respeito é marca fora do discurso.

Ser mulher e trabalhar com jornalismo esportivo, então, é mais difícil ainda. A todo tempo é preciso provar a sua competência e o amor pela profissão. Não existe espaço para erro, há sempre alguém esperando o primeiro tropeço para carregar de pressão algo que deveria ser natural. E o novo? Ah! Ele vem acompanhado de pequenas dosagens de comentários desagradáveis (como se fossem desencorajar, logo nós, que somos tão fortes). Mas também há muita gente do bem, que se coloca no seu lugar, entende os desafios e quer, de alguma forma, participar disso, elevando a nossa moral e dando o devido apoio. Empatia.

No início deste ano, duas empresas de televisão abriram seleção para narradoras de futebol. Considero uma atitude louvável e inovadora considerar que as mulheres - que de forma tão competente já assumem cargos de direção, reportagens, âncoras, apresentação, entre outros - também podem mostrar o seu valor narrando um jogo de futebol. A importância disso é absurda. Não é “modinha”. Falo de forma muito particular que, quando se trabalha com o que ama, fica difícil não transparecer, e emoção é fundamental para quem narra.

Se analisarmos em termos de mercado, quantos novos patrocinadores chegam a este espaço ainda tão masculino? Pensando um pouco mais longe, quantas mulheres podem se identificar com o esporte e aumentar ainda mais o ‘target’? Sem contar que faz toda a diferença valorizar a diversidade de opinião, isso aumenta e enriquece o debate. A mulher traz consigo uma visão mais emocional e detalhista que pode agregar bastante o que já conseguimos ver no mercado esportivo atual.

É certo que a narração feminina no futebol ainda é um grande tabu que só será quebrado após o surgimento de um trabalho de qualidade. Se por um lado é interessante não ter uma referência feminina, pois permite que seja criado um perfil mais livre, agradável e coerente com o que já vem sendo feito, por outro lado é difícil conter a ira das pessoas que não estão acostumadas a ouvir esta voz e se acham no direito de ofender, como se falassem uma verdade absoluta. Gostamos de debater e ouvir opiniões, adoramos dicas e críticas construtivas; o que não gostamos é de desrespeito.

Existe muita responsabilidade por parte de quem é profissional, e não dá para achar que as coisas serão à toa. Tem muito trabalho, suor, dedicação e competência. Não queremos terra arrasada, queremos somar, complementar. Sim, alguns detalhes podem passar, pois é um processo em constante construção, mas a condenação de alguns não vai minar a vontade de quem trabalha com amor. O fato é que vai ter mulher narrando a Copa do Mundo da Rússia sim e não adianta reclamar. Junte-se a nós e vamos comemorar.

Manuela Avena é publicitária e radialista

*Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores.