Mão na arte! Exposição traz produções contemporâneas de índios com artistas

Mostra interativa do MAM mistura diversos tipos de artes com novas tecnologias

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 14:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Sebastian Gerlic/Divulgação

Cada um deles passou em torno de quinze dias convivendo com uma comunidade indígena diferente. Todos eles são artistas de variadas áreas, da música até a pintura. Unidos, esses criadores e cada uma das nove tribos geraram, juntos, novas artes contemporâneas. Foi assim que teve início o projeto que originou a exposição Arte Eletrônica Indígena (AEI), a qual ganha lançamento gratuito na noite desta quinta-feira (02), no Museu de Arte Moderna da Bahia, a partir das 18h. Exibindo as artes que surgiram como resultado dessas imersões, a mostra permite que o público interaja com as obras expostas. “É uma mostra tecnológica e sem isso de ‘não me toque’. As artes são feitas para que o público possa entrar nelas”, afirma o curador Sebastian Gerlic, que é também presidente da ONG Thydêwá, fundadora da iniciativa. Os intercâmbios de expressões culturais entre artistas e indígenas ocorreram nos âmbitos da Bahia e do mundo e geraram obras que tratam da reivindicação de terras, da preservação da memória e do diálogo entre gerações, destacando também a cultura indígena na música, na fotografia, no vídeo, na cartografia dos sons, na escultura, na tecelagem, na colagem digital, nas pinturas rupestres, na projeção eletrônica da pintura corporal, entre outras manifestações artísticas.“Muitas pessoas ainda tem aquela ideia atrasada de que os índios não produzem artes contemporâneas e tecnológicas. Enganam-se muito. Eles andam com celulares como nós, fotografam e organizam suas lutas diárias como nós. A exposição é também para mostrar esse lado: eles estão no mundo moderno, produzindo, como nós”, pontua Gerlic. Artista baiano Naum Bandeira apresenta releitura de pinturas rupestres feitas juntamente com a tribo Xokó, que vive à margem do rio São Francisco (Foto: Divulgação) Entre os artistas que exibem as suas obras na mostra, dois soteropolitanos fazem parte da lista. Um deles é o músico Tito Vinícius, que faz show no evento de abertura. “Antes do projeto, já tinha um esboço de um EP com atmosfera indígena, elementos da natureza e música eletrônica e o AEI apareceu como um presente para desenvolver esse trabalho”, declara o artista, que produziu diversas canções inéditas junto com a tribo na qual fez sua residência. O músico vai se apresentar, hoje, ao lado de Yarú Tupinambá, músico indígena que fez parceria durante a residência. Outro baiano que exibe resultados da imersão é Naum Bandeira. Ele, que conviveu por mais de uma semana com a tribo Xokó, traz releituras de pinturas rupestres que foram originalmente formuladas há mais de 6 mil anos atrás. “Eles são hospitaleiros como nós. Temos muito em comum, inclusive ideias modernas para essas releituras que vão agora para a exposição”, conclui Bandeira. Artistas de Maringá, Campinas, Rio de Janeiro, Reino Unido e Bolívia também complementam a mostra com suas artes geradas em coprodução com as aldeias. Davy Alexandrisky, por exemplo, exibe a sua exposição fotográfica, enquanto tecnologias interativas, artes com lixos recolhidos nas tribos e paisagens sonoras também ganham o espaço.SERVIÇO MAM (Av. Contôrno - Dois de Julho). Abertura: Hoje (02), às 18h. Visitação: de terça a domingo, das 13h às 18h. Gratuito. Até 02/09.