Marcas de moda baianas apostam na sustentabilidade e no consumo consciente

Mudança no mercado é incentivada por uma demanda do público que tem adotado um consumo mais consciente

  • Foto do(a) author(a) Daniel Silveira
  • Daniel Silveira

Publicado em 29 de junho de 2017 às 07:05

- Atualizado há um ano

O mundo está mudando e muitas marcas estão pensando no futuro. Sustentabilidade e consumo consciente se tornaram temas recorrentes. De acordo com o mestre em administração e pesquisador de economia solidária Ian de Castro, o termo sustentabilidade surgiu na década de 1980 e ganhou destaque nos últimos anos por conta, principalmente, da questão climática. “Governos e empresas começaram a ter que pensar estratégias de combate às mudanças do clima”, conta. Para ele, esse pensamento é uma ordem natural a ser seguida. “Acho que é um imperativo para um nicho de mercado pois as pessoas passaram a dar mais valor a isso”, comenta.

Sim, pessoas estão buscando consumir de outra maneira. “Nesse quesito, tem gente que prefere reduzir o consumo ou transformá-lo”, explica. Nessa perspectiva se encontram algumas marcas baianas como Soul Dila e Euzaria. As duas acabaram de lançar coleções em que acompanham todo o processo: do cuidado com a matéria-prima até o descarte. Abaixo, empresários falam como suas lojas pensam um mundo melhor.A nova coleção da Soul Dila evidencia a harmonia entre natureza e construções (Foto: Divulgação)Soul DilaA nova coleção da Soul Dila, Cidade Respira, tem sustentabilidade e contato com a natureza no conceito. “A gente fala da importância disso para as pessoas pensarem no assunto”, diz Eduardo Bahiana, sócio da grife ao lado de Flávio Guimarães e Danilo Gois. As peças são vendidas com Tags-semente que podem ser plantadas. O cliente também pode comprar uma Ecobag e ter desconto a cada volta à loja com a peça, valorizando a diminuição do consumo de sacolas plásticas e papel. “Consumidores conscientes buscam produtos com significado, sejam peças que contem história ou feitas para durar a vida toda”, finaliza.A Euzaria coloca na coleção mensagens que acreditam ter força para mudar o mundo (Foto: Divulgação)EuzariaA marca nasceu do desejo dos sócios Kiko Kislansky e Zé Pimenta de ter um negócio que ajudasse a mudar o mundo. A pergunta deles é: “qual marca a gente está deixando no planeta?”, lembra Zé. No início, a cada camisa vendida, doavam outra igual. Agora, cada compra contribui para um dia de aula de um jovem, uma parceria com o Instituto Aliança. Uma das preocupações da marca é com a cadeia produtiva da moda e com as relações de trabalho na produção das peças. “A gente entendeu que as camisas poderiam ser o meio de questionar isso”. A marca acaba de lançar a coleção Flor&Ser, com estampas exclusivas.O documentário The True Cost mostra bastidores da produção têxtil e está disponível na Netflix (Foto: Reprodução)Uma revolução na modaUm dos papéis da moda é questionar padrões. Foi assim, por exemplo,  quando mulheres começaram a usar minissaias. Agora, algumas pessoas acreditam que ela pode contribuir para a transformação do consumo. Assim pensa a estilista Marina de Luca, coordenadora nacional e voluntária no Fashion Revolution, movimento que pretende refletir sobre produção na moda e tem como marco o dia 24 de abril. A data lembra o desabamento do Rana Plaza, em Bangladesh, prédio de oito andares que abrigava confecções, quando mais de 1.100 mortos. O acidente evidenciou a indústria têxtil, questão também tratada no documentário The True Cost, disponível na Netflix.

“É uma oportunidade de humanizar a roupa para que as pessoas não a vejam apenas como um objeto descartável”, conta Marina. Paralelo ao seu trabalho, a estilista criou o site modalimpa.com.br, que une fornecedores de produtos de várias etapas do processo de produção têxtil, que pensam em um mundo mais sustentável.