Marcia Tiburi abandona programa ao vivo contra presença de líder do MBL

Autora do livro Como Conversar com um Fascista se negou a debater com Kim Kataguiri

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  • Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 12:00

- Atualizado há um ano

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A filósofa e escritora Marcia Tiburi está no centro de uma polêmica desde quinta-feira (25), quando abandonou o estúdio de uma rádio de Porto Alegre durante uma entrevista ao vivo. Autora dos livros Ridículo Político e Como Conversar com um Fascista, Tiburi se negou a discutir com o líder do MBL Kim Kataguiri.

Ela soube da presença do jovem enquanto estava no ar, mas nem por isso, se sentiu obrigada a permanecer no estúdio. "Credo! Eu não vou sentar com este cara, Juremir. Gente, acabei de encontrar Kim Kataguiri. Estou fora, meu!", disparou. Os dois deveriam debater juntos a confirmação, em segunda instância, da condenação do ex-presidente Lula, na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). 

"Me avisa da próxima vez quem você convida para o seu programa", pediu a filósofa ao jornalista Juremir Machado da Silva, apresentador do programa. "Você deveria ter me avisado. Tenho vergonha de estar aqui. Que as deusas me livrem. Não converso com pessoas indecentes, perigosas", afirmou recolhendo seus objetos e abandonando o programa. 

Quando o apresentador tentou argumentar, Marcia pediu para que, da próxima vez que for convidada para uma entrevista, seja avisada com quem irá debater. Também observou que, apesar do apreço pelo apresentador, sentia vergonha de estar diante do líder do MBL. Kataguiri, por sua vez, se disse apenas "decepcionado" com a postura de Tiburi, e brincou: "sou um japonês inofensivo".

Diante da repercussão do caso nas redes sociais, Tiburi se pronunciou através de uma carta aberta publicada no site da Revista CULT (confira na íntegra aqui). Dedicada a Juremir, apresentador do programa, a filósofa se disse perplexa e afirmou que "a ofensa que senti naquele momento era inevitável". "Meu estômago não permitiria, em um dia no qual assistimos a uma profunda injustiça, ouvir qualquer pessoa que faça disso motivo de piada ou de alegria. Não sou obrigada a ouvir quem acredita que justiça é o que está em cabeças vazias e interessa aos grupos econômicos que, ao longo da história do Brasil, sempre atentaram contra a democracia", escreveu. 

Além das publicações, Marcia também é conhecida por ter participado semanalmente do programa Saia justa, no canal por assinatura GNT. Atualmente, ela é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. A filósofa é defensora da corrente de pensamento que defende que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi resultado de um golpe, assim como a condenação do ex-presidente Lula.