Maria, por Bethânia: cantora narra em filme fatos importantes de sua vida

Documentário será exibido com exclusividade no Cine Metha Glauber Rocha, a partir de quinta-feira (1)

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 30 de agosto de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Um filme de fã para fãs. Que faça qualquer pessoa a assisti-lo entender com plenitude o motivo de cada admirador  de Maria Bethânia ser tão obcecado pela cantora, suas performances, seu talento e voz. É dessa maneira que o longa Maria - Ninguém Sabe Quem  Sou Eu chega à telona do Cine Metha Glauber Rocha nesta quarta (31), onde será exibido pela primeira vez e com a presença do diretor Carlos Jardim. No dia seguinte à pré-estreia, que já está com ingressos esgotados,  o filme entra em cartaz no espaço, com quatro sessões diárias - 13h30, 15h30, 17h30 e 19h30. 

O documentário traz Bethânia por ela mesma, se revelando em depoimento inédito e exclusivo gravado no teatro do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, em um único dia, 24 de novembro de 2021. O filme também conta com participação especial da atriz Fernanda Montenegro, que narra textos marcantes sobre a cantora, de autores como Ferreira Gullar e Caio Fernando Abreu, sempre ilustrados com imagens raras, encontradas em acervos como o da Rede Globo e da TV Bahia ao longo dos 57 anos de carreira da santoamarense.

“Eu sou fã de Bethânia desde os 15 anos. Acompanhei a trajetória como fã, indo ao camarim, depois virei jornalista, fui trabalhar, fazer reportagens, programas e sempre admirei muito a voz e personalidade dela. Queria fazer alguma coisa mais aprofundada sobre ela”, explica Caio Jardim. Há mais de 20 anos na Globo, ele integrou o time de roteiristas da nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, temporadas 2019 e 2020. Também participou da equipe de criação do Encontro com Fátima Bernardes. 

Atualmente Caio é chefe de redação da GloboNews. Durante a carreira, conquistou prêmios importantes, como o Emmy Internacional de 2011 pela cobertura no JN sobre a ocupação do Conjunto de Favelas do Alemão, no Rio. É o idealizador e um dos autores de um espetáculo musical de teatro sobre Thiago Soares, o bailarino brasileiro de maior projeção no exterior, que chegou a primeiro bailarino no Royal Ballet de Londres, com previsão de  estreia para 2023.

Com um currículo tão vasto, o diretor se pressionava a entregar algo diferente e agradável sobre sua ídola. Veio a ideia de deixar Bethânia falar de si. E os depoimentos são incríveis. Aos 76 anos, Maria Bethânia declara seu amor pela vida e não esconde o quanto gosta de ver gente,  conversar, acertar, errar...

“A ideia era essa, ouvi-la falar de si para entender as dimensões, a importância, o porquê de continuar tão relevante após 57 anos de carreira. Gostei do resultado. Quem ver esse filme vai entender o porquê da gente amá-la tanto”, garante Jardim.

Ao longo de 100 minutos, os espectadores poderão ver imagens como ensaios do show antológico que Bethânia e Chico Buarque fizeram em 1975, e do espetáculo que a cantora e o irmão Caetano Veloso realizaram em 1978. Há ainda registros de A Hora da Estrel, de 1984, baseado na obra de Clarice Lispector - show que ela comenta como “um fracasso” e explica os motivos para não ter atraído público.

Bethânia também fala da paixão pelo palco, da força de sua presença em cena, de fé e religiosidade e da ligação de amor com a mãe, com depoimento emocionado sobre o privilégio em ser filha dona Canô e de seu Zezinho, a quem se refere “como um trabalhador brasileiro, funcionário público honrado e apaixonado por poesia”. Também há espaço para demonstrar seu amor por Caetano. ”Caetano é mestre do meu barco desde que eu nasci. Ele me ensinou a andar, a dar os passos”, diz Bethânia. 

Prisão

Como revelações pouco conhecidas, Bethânia usou o espaço do filme para contar quando foi presa em casa pela ditadura militar. Era uma madrugada, quando ela foi detida pelos soldados que a encaminharam para o Departamento de Ordem Pública e Social (Dops), usada como polícia política dos militares. 

“A parte em que ela conta sobre a ditadura militar me surpreendeu. Ela foi presa, levada para o quartel para prestar depoimento e precisou se apresentar no Dops uma vez por semana durante um ano. Achamos nos arquivos que ela foi fichada pelo órgão de repressão da ditadura, relatórios que ela não tinha conhecimento e que descobri no processo do filme mesmo”, revela Jardim, convidando espectadores a conferirem o filme e a rara oportunidade de ver Bethânia falar de Bethânia.

Os ingressos podem ser comprados no site cinemethaglauberrocha.com.br, com os preços regulares do complexo: R$ 20/R$ 10 (segunda a quarta) e R$ 24/R$ 12 (quinta a domingo).