Marito, ex-ponta e herói do título de 1959, morre aos 79 anos

Ex-jogador faleceu na madrugada deste domingo. Em 2011, Bahia já tinha perdido Leone, também de 59, e Rubem Bahia, de 31

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  • Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2011 às 12:07

- Atualizado há um ano

Redação iBahia

Depois do lateral Leone, o Bahia perde mais um herói da conquista da Taça Brasil de 1958. O ponta Marito, o 'Diabo Loiro', faleceu na madrugada deste domingo (18), aos 79 anos. Seu sepultamento ocorrerá na tarde deste domingo, às 15h30, no Cemitério Jardim da Saudade.A torcida do Bahia terá a chance de relembrar do ex-craque no filme Bahêa Minha Vida, que tem estreia marcada para o dia 30 de setembro, no shopping Paralela e Iguatemi. Além de Leone e Marito, o Tricolor perdeu em 2011, Rubem Bahia, que jogou em 1931, ano de fundação do Esporte Clube Bahia.Veja a nota de falecimento do Bahia"É com enorme pesar que a diretoria do Esporte Clube Bahia comunica o falecimento de Marito, campeão brasileiro de 1959, pelo Esquadrão de Aço. Marito, que tinha "Bahia" até no seu nome, (Mário da Nova Bahia), faleceu na madrugada deste domingo, aos 79 anos e seu sepultamento será às 15h30, no Cemitério Jardim da Saudade.O "diabo loiro", como era carinhosamente chamado pela torcida tricolor, é considerado o maior ponta direita de toda história do Esporte Clube Bahia. O Presidente Marcelo Guimarães Filho e toda a sua diretoria lamentam profundamente o passamento deste herói tricolor e presta os mais sinceros votos de solidariedade aos amigos e familiares."

Marito foi eleito um dos melhores jogadores da história do Bahia em eleição organizada pelo jornal Correio* no início deste ano. Abaixo, confira matéria sobre o craque e saiba um pouco mais de sua história:

Time dos sonhos BaVi: Marito, o diabo loiro

"Eu tive um irmão mais velho, José, que me apoiava, dava tudo, bola e chuteira, entrava no estádio pra me apoiar e brigar. Doido por futebol", conta Marito

A casa da família Nova Bahia na Ribeira tinha uma pérgula no jardim. Aquele abrigo de madeira geralmente é suporte para trepadeiras e dá uma sombra boa para o descanso. Marito usava para treino. Arrumava tijolos e chutava a bola. Repetia muitas vezes. Sempre gostou de treinar passe e chute.

Orgulhava-se de lançar a 30, 40 metros. Já a facilidade nos dribles era genética. Ou quase, porque nem toda a família gostava. Jogador naquela época não era bem visto. Sorte do Bahia que Mário da Nova Bahia, nascido dia 16/5/1932, teve um irmão como José.

“José que me apoiava, dava tudo, bola e chuteira, entrava no estádio pra me apoiar e brigar. Era doido por futebol”, recorda. Jogava muitas vezes na praia. Saiu de lá para o São Cristovão “porque o técnico era meu irmão de criação, Novinha”.

Foi do São Cristovão para o Ypiranga. Lá, às vezes, o time tomava uma branquinha antes do jogo pra relaxar. Era um ponta-direita especial. Veloz, usava as duas pernas no drible e desconcertaria até a guarda real inglesa se botas sem duas traves no Palácio de Buckingham. De tanto aprontar, virou Diabo Loiro.

Flávio Costa, técnico do Brasil na Copa de 1950, o viu e pediu para Marito ir ao Rio treinar no famoso time do Vasco, o Expresso da Vitória. Não daria certo investir na ideia. Seria problema demais dentro de casa com “o velho” e com José. Em 1953, chegou ao Bahia, onde ficou até 1962.

Durante a campanha na Taça Brasil de 1959, às vezes se estranhou com Alencar. O ponta de lança era goleador nato, mas a posição de fixo na área era de Léo Briglia. Daí que quando Marito inventava de recuar para pegar a bola e lançar, a tarefa de correr sobrava para Alencar. “Não dê aquele passe longo que eu não vou”, recorda Marito.

No vestiário, o técnico Geninho resolvia a questão: “‘Vai, senão eu te tiro’. Ele queria ficar paradinho, fazer gol”, lembra, aos risos. Esta honra era restrita a Léo, que adorava os cruzamentos vindos da linha de fundo. Quem também se aproveitou das jogadas diabólicas foi Carlito, atacante entre 1947 e 61 e principal goleador do clube. “Carlito era tanque. Não jogava porra nenhuma, mas fazia gol. Você dava a bola pra ele...”, solta, rindo.

Pelo Bahia, Marito conquistou sete vezes o Campeonato Baiano, incluindo o penta, 1958/62, além da Taça Brasil. Fez excursões para a Europa, jogou duas Libertadores e foi titular nas finais da Taça Brasil de 59 e 61. Parou aos 29 anos, cansado das viagens e foi preparador de processos da Petrobras. Está aposentado e vive em Salvador. “O patrimônio do Bahia é a torcida. Eu tenho minha saudade”, diz Mário da Nova Bahia. E a torcida, de jogadores como você, Marito.