MEC pede execução do Hino Nacional nas escolas e gera debate nas redes sociais

Internautas consideram que pedido é uma doutrinação

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  • Do Estúdio

Publicado em 27 de fevereiro de 2019 às 17:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

O Hino Nacional Brasileiro, considerado um dos símbolos da pátria, foi alvo de uma polêmica na tarde da última segunda-feira (25). Escolas públicas e particulares do país receberam um e-mail do Ministério da Educação (MEC) com uma mensagem do ministro Ricardo Vélez Rodríguez pedindo que a mesma fosse lida para os estudantes. A orientação era de que o Hino Nacional fosse executado e que as crianças fossem filmadas durante o ato. 

De acordo com o MEC, a mensagem enviada as escolas foi: “Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”.

O Ministério da Educação ressaltou que o comunicado enviado às escolas apresenta um pedido de cumprimento voluntário e que a atividade faz parte da política de valorização dos símbolos nacionais. Entretanto, a citação às frases “Brasil acima de tudo” e “Deus acima de todos”, só fez aumentar a polêmica já que este foi o slogan da campanha do atual presidente durante as eleições.

As Secretarias de Educação de alguns estados se posicionaram, por meio de notas. Informaram ter recebido com “surpresa” o pedido do MEC. Ente elas, o governo pernambucano chegou a declarar que não vai cumprir o pedido do ministério. "A proposta fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no que se refere ao direito à liberdade, ao respeito e à dignidade dos alunos. Além do respeito à preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças", diz a nota publicada no site do órgão.

Diante da polêmica, as hashtags #HinoNacionalNasEscolas e #HinoNacionalSim se encontravam em segunda e terceira colocação no trends topics do Twitter - que mostra quais são os assuntos mais comentados na rede. Esses tópicos estiveram entre os mais comentados nacionalmente.

Em seu Perfil, o Deputado Federal, engenheiro e professor de Ivan Valente (@IvanValente) opinou sobre o assunto. “Quem tanto fala em doutrinação, é o primeiro a propagar doutrinação nas escolas. Vélez cometeu crime de improbidade administrativa ao colocar como política de governo o slogan da campanha eleitoral do Bolsonaro. Isso sim é aparelhar o ensino público #HinaNacionalNasEscolas”, pontuou.

O professor Pedro Ernesto (@PedroErnestUFES) tem uma opinião parecida com a de Ivan. “O problema nunca foi cantar o Hino Nacional. Mas repetir slogan de campanha eleitoral dentro das escolas. O nome disso é doutrinação. Vargas fez a mesma coisa na época da ditadura do Estado”. Já André Stetelle (@AndreStetelle) é contrário a opinião dos dois. “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Isso é maravilhoso! Onde está o problema? Autorizo meu filho cantar o Hino Nacional e também aprender que Deus está acima de todos”, assegurou.

Carta atualizada

Como a citação às frases “Brasil acima de tudo” e “Deus acima de todos” faz referência ao bordão da campanha do Presidente nas eleições, o MEC enviou, nesta terça-feira (26), às escolas de todo o país, uma carta atualizada. O órgão sinalizou que o documento deveria ser lido com a devida revisão a pedido do ministro, que reconheceu o equívoco.

A carta atualizada tem a seguinte mensagem: “Brasileiros! Vamos saudar o Brasil e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração”.